Desemprego e aumento da informalidade
No final de 2019, foi anunciada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1 , uma queda vegetativa do desemprego, passando de 12,3% em 2018, para 11,9% em 2019, ou seja, uma redução de 0,4%. Mudança insignificante e falseada, já que neste mesmo período o número de desalentados – trabalhadores que desistiram de procurar emprego – aumentou 1,4% e os trabalhadores informais – sem carteira assinada e que trabalham por conta própria – aumentou significativamente, alcançando 41% dos trabalhadores que possuem alguma ocupação, batendo recorde. Isso significa, na prática, que o desemprego não diminuiu, pelo contrário, produziu desalentados ou arrastou trabalhadores para uma situação de trabalho precário, desprovido de proteção trabalhista e previdenciária, e com baixíssima remuneração.
O alto índice de desemprego combinado com o aumento da informalidade é resultado do aprofundamento da crise econômica e dos ataques promovidos pelos patrões e governos contra os trabalhadores. A reforma trabalhista e previdenciária são exemplos recentes e causadores diretos da piora das condições de vida e trabalho do proletariado. Os números apenas confirmam aquilo que pode ser facilmente constatado por qualquer pessoa atenta. Basta observar o aumento abundante de entregadores e motoristas de aplicativo, ou ainda, de vendedores ambulantes espalhados pelas esquinas e no transporte público das grandes cidades. Uma verdadeira luta da classe trabalhadora pela sobrevivência.
Os trabalhadores informais e o coronavírus
A crise econômica, catalisada pela pandemia do coronavírus, atinge fortemente a classe trabalhadora em escala global. Porém, a situação dos trabalhadores informais é particularmente dramática. “Se não morrer desse vírus, morro de fome” é o que diz José Maria2, vendedor ambulante de 65 anos . Esse sentimento, que é real, é compartilhado por Daniel Aprigio, de 27 anos, entregador de aplicativo, que afirma: “Eu já nem sei se tenho medo de ficar doente ou de ficar sem trabalho”3. Os desabafos são a expressão concreta da angústia dos trabalhadores, que se sentem espremidos entre o quadro econômico deplorável que se avoluma e o risco de serem contaminados pelo coronavírus.
O que oferece Bolsonaro?
Para lidar com a grave situação que estão enfrentando os trabalhadores informais, Bolsonaro propõe um auxílio no valor de R$ 200 durante três meses4. Ou seja, uma política de morte, afinal, ninguém sobrevive com esta quantia. Por outro lado, Bolsonaro apresenta medidas que favorecem o grande empresariado como reduzir jornada e salário, mantém intacto o pagamento da dívida pública – R$ 1,038 trilhão em juros, amortizações e dívida em 20195 – e o lucro dos bancos. Para ter uma ideia, os bancos privados – Itaú, Bradesco e Santander – tiveram um lucro líquido de mais de R$ 65 bilhões no ano passado6. E o que fazem os bancos e governo? Apenas permitem aos trabalhadores o adiamento do pagamento de algumas dívidas. Esta é a expressão cruel deste sistema que afunda a humanidade na barbárie. A pandemia do coronavírus demonstra de forma gráfica a incapacidade de uma economia anárquica, baseada no lucro, dar respostas que garantam a vida do conjunto da humanidade. O proletariado, na luta por sua existência, certamente encontrará uma saída e edificará uma nova sociedade.
- Dois salários mínimos, como medida emergencial e básica, para trabalhadores desempregados, informais e precários!
- Aplicativos como Uber, Rappi, etc. devem ter todos os seus trabalhadores convertidos em contratos de trabalho!
- Não ao pagamento da dívida pública! Todo dinheiro necessário para Saúde e Serviços Públicos!
- Anulação das Privatizações e das Reformas Trabalhistas e Previdenciárias!
- Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
Referências:
5 https://auditoriacidada.org.br/wp-content/uploads/2020/02/Orc%CC%A7amento-2019-versao-final.pdf
6 https://exame.abril.com.br/negocios/maiores-bancos-privados-do-pais-tiveram-lucro-15-maior-em-2019/