Foto: Governo do Estado de São Paulo

O EAD de Bruno Covas: da fantasia à realidade 

Em um contexto caótico de pandemia, os governos de Doria e Bruno Covas, ambos do PSDB, seguem com os ataques e perspectivas de privatizarem e destruírem a educação pública, entregando-a  para empresas multinacionais, como a Microsoft e a  Google – que, por sua vez,  é a responsável pela implementação de EAD em diversas esferas.

Para seguirem normativas, impostas pelo prefeito e secretário da Educação,os professores, de todas as modalidades de educação básica, vêm sendo obrigados a disponibilizar atividades nas plataformas digitais, mesmo notificando regularmente que o acesso não tem passado muitas vezes de 30% do total dos estudantes.

Os estudantes não possuem aparelhos celulares ou computadores modernos compatíveis para o acesso aos canais propostos para a educação remota. E quando tem um aparelho com o mínimo de tecnologia necessária, não possuem internet banda larga que lhes permitirá, por exemplo, uma navegação real e  tranquila. Vale ainda ressaltar que não foi disponibilizado um canal  de suporte pelas empresas responsáveis para que estudantes e professores pudessem tirar suas dúvidas com relação ao uso destes aplicativos. Os diversos tutoriais existentes estão sendo elaborados pelos próprios estudantes e escolas, para suprirem minimamente as dificuldades dos poucos que conseguem acesso, sobrecarregando, como sempre, os professores.

Em tempos “normais”, ter contato com estes meios digitais já era caracterizado um privilégio para as famílias de nossos estudantes e, até mesmo, para educadores , que lutam bravamente para sobreviver à exploração diária a que estão subjugados. Com esta pandemia, que permitiu desnudar toda as misérias   da perpetuação do capitalismo, obviamente isto se torna ainda mais inviável. 

A implementação destas plataformas virtuais  só fez aumentar  mais a exclusão social dos estudantes, que  já sofriam inclusive com esta situação quando estavam presentes nas unidades escolares. Porém, estes governos não estão preocupados com a  situação precária dos trabalhadores, a busca é tão somente pelo lucro. A privatização, bem como o EAD na educação básica é objetivo deste governo há tempos. Agora ela começa a ser implementada com a falsa justificativa de ser único meio de garantir a educação no distanciamento social. 

O Estado, bem como a prefeitura de São Paulo, tem dados bastante precisos dos estudantes que frequentam as escolas públicas, sabendo, portanto, de todas as condições precárias em que vivem todas  famílias, que sequer possuem meios para sobreviverem dignamente nesta pandemia. Este sistema coloca sobre responsabilidade individual do trabalhador, a de se manter em distanciamento social, sem criar políticas públicas adequadas que garantam a mínima sobrevivência de toda população. Pouquíssimos estudantes tiveram a oportunidade de receber o cartão merenda, com o valor vergonhoso de R$ 55,00. Agora, uma porcentagem ínfima será contemplada com uma cesta básica de alimentos. Quando a atitude ideal deveria ser atender as necessidades de saúde, higiene, alimentação, moradia de TODAS as famílias que estão em situação de vulnerabilidade social.

Além de não garantirem políticas mínimas, com auxílio para a população em geral,  negam direitos básicos dos educadores públicos, que têm enfrentado juntamente com os estudantes toda a precarização dos serviços públicos e a retirada de sua autonomia, transferida  para empresas privadas. Não bastasse terem todas estas preocupações até aqui elencadas, os professores do município de São Paulo foram surpreendidos com a redução de seus salários  no decorrer do distanciamento social.

Muitos projetos que eram desenvolvidos foram retirados durante o período de trabalho remoto. Estes projetos, além de viabilizar uma renda maior para os professores, possibilitavam também discussões acerca dos problemas enfrentados por cada unidade escolar, como no caso do Projeto Especial de Ação (PEA). Assim, notamos claramente a perversidade deste governo, que utiliza-se de um momento em que uma parcela da população está cumprindo um distanciamento social, para desarticular ainda mais a comunidade escolar, pois perceberam que mesmo diante desta situação difícil, os debates ocorriam, para que juntos pudéssemos superar o modelo proposto pela burguesia, que almeja formar apenas mão de obra barata para a continuidade de sua intensa exploração.

Para além da situação até aqui colocada, temos mais de 13 mil funcionários públicos, entre gestores e auxiliares técnicos da educação, não podendo cumprir seu trabalho remotamente, tendo que, em regime de plantões, se dirigirem ao seu local de trabalho, pois as unidades escolares  se mantêm abertas devido à desorganização das secretarias, que primeiro não conseguiram entregar os cartões merendas para os pouquíssimos contemplados, de modo que estes foram para as escolas e os funcionários que lá estavam se organizaram para esta entrega.

O material Trilhas de Aprendizagem até o momento não chegou para uma parcela considerável dos estudantes, também irá para as unidades escolares, para que estas se responsabilizem pela completa incompetência desta gestão em cumprir até mesmo suas próprias propostas. Além disto, o número irrisório de cestas básicas que a prefeitura de São Paulo disponibilizou, serão entregues por meio destes mesmos trabalhadores que estão arriscando suas vidas e a de seus familiares, devido a obrigação absurda de exercerem suas funções presencialmente nas unidades escolares.

Diante de todos estes ataques, os sindicatos no geral, seguem domesticados e aliados com os interesses burgueses. Continuam silenciados, não organizam, não formam politicamente e não mobilizam a categoria para lutarem por seus direitos, muito pelo contrário, ainda colaboram para que os trabalhadores sejam cada vez mais massacrados.

Enquanto empresas como Google e a Microsoft são alimentadas com verbas públicas e com todas as informações necessárias para futuramente terem como dominarem a educação pública, o que tornará o acesso a esse direito restrito, famílias inteiras estão sem condições básicas de atendimento e acolhimento. Professores estão sofrendo cortes nos salários, sua automia e momentos de formações roubados. Gestores, auxiliares da educação e funcionários terceirizados são expostos constantemente e suas vidas tratadas como supérfluas. Assim, é de extrema importância compreendermos que para além de superarmos este vírus, a Covid-19, teremos que derrubar o vírus maior, o capitalismo. 

Nós, do Coletivo Educadores pelo Socialismo, acreditamos que a educação ocorre primordialmente através da interação, com toda a comunidade escolar. A escola não é mera transmissora de conteúdos. É um espaço de construção, de diálogo. O processo educacional na modalidade básica não pode ser substituído por EAD ou qualquer outro meio remoto. A educação é um direito de todos e os estudantes não estão beneficiados de modo algum neste processo. O distanciamento social é um direito, é dever do Estado garantir  que todos os trabalhadores de serviços não essenciais possam concretizá-lo efetivamente. É necessário nos unirmos e resistirmos a todos estes absurdos impostos por estes governos.

A nossa luta é por uma educação pública, gratuita e para todos. O que só será possível em uma sociedade socialista. Somos contra todos os diversos desmontes e ataques deferidos contra nós trabalhadores por este sistema capitalista opressor.  Neste momento estamos organizando comitês pelo Fora Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais, por uma sociedade socialista. Desta forma, chamamos a todos para que venham construir conosco ações e estratégias para alcançarmos estes objetivos.

  • Fora Covas, Doria e Bolsonaro!
  • Por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!