O ensino durante a pandemia em Cuiabá está ocorrendo de formas diferentes dependendo da esfera
- Na rede estadual de ensino público, o ano letivo de 2020 ainda não começou. Por conta de uma grande greve ocorrida ano passado, o ano letivo de 2019 terminou recentemente, no final de fevereiro, e o ano de 2020 não foi retomado com o governo estadual alegando a pandemia. As aulas retornarão esta semana por EAD, mas sem a participação dos professores, as aulas serão produzidas pelas assessorias pedagógicas e os professores contratados estão sem contrato e seguirão sem contrato. São mais de 10 mil professores nessa situação! O governo do Estado está se apoiando no fato de não ter aula para não contratar.
- Na rede particular, o ensino o segue ocorrendo como ensino remoto, não como ensino a distância (EAD). Ou seja, cada professor segue responsável por sua turma, sua disciplina, mas se utilizando de meios tecnológicos para aula, como vídeo conferência ou plataformas virtuais. Geralmente, as aulas são ao vivo por streaming. No entanto, algumas escolas se aproveitaram para diminuir a carga horária de aula, por exemplo, de 5h (horas/dia) para 4h, e, com isso, estão ocorrendo algumas demissões. Existe reclamação por parte dos professores que estão sofrendo um sobretrabalho porque as aulas por streaming exigem mais tempo de planejamento. O sindicato dos professores das escolas pagas é um fantasma e não cobra nada.
- Na rede municipal de Cuiabá, o ensino segue ocorrendo desde o início da pandemia com ensino remoto, e não EAD. Os professores acompanham suas próprias turmas e precisam apresentar semanalmente o planejamento do que está sendo feito para a coordenação pedagógica. A diferença é que o ensino não é por streaming como na rede paga, envia-se as aulas por texto em formato digital, imagens e vídeos por meio de grupos em redes sociais, específicos para cada turma, nos grupos estão os pais, o professor e o coordenador pedagógico. E alunos somente nas séries finais. Existe um acompanhamento muito rígido por parte da secretaria de educação sobre o cumprimento do planejamento e das aulas, exigindo um planejamento sistemático dos professores. Há também aulas pela TV, com cronograma, enviado aos pais, do horário de aula para cada turma, mas funcionam como reforço à aula do professor diretamente com o aluno. Ou seja, o calendário escolar se manteve, e os empregos dos contratados também. Existe o controle do tempo para a hora-atividade e atividades de formação.
Nas escolas pagas, principalmente no ensino fundamental II e no Ensino Médio, a frequência tem sido de praticamente 100%, semelhante à da aula presencial. Mas, na rede municipal, a participação das aulas é baixa, em torno de 30%, pois depende muito do impulso dos pais, da estrutura familiar e das condições materiais e sociais.
Os sindicatos dos trabalhadores na educação, na rede estadual e municipal, fazem campanha contra o EAD, mas não movem uma folha, de modo prático, pela contratação dos 10 mil sem empregos, por condições de ensino aos estudantes, por condições materiais para os professores darem o ensino remoto etc.
O sindicato dos professores da rede paga não diz nada em relação ao sobretrabalho e as demissões.
Na universidade pública, existia uma pressão pelo retorno das aulas por meio de plataformas digitais, mas o sindicato dos professores e o DCE mobilizaram contra, contra o EAD diziam, e barram o retorno, o calendário segue suspenso.
Nas universidades pagas, o ensino segue ocorrendo, mas em EAD, por meio de plataformas digitais que já eram usadas para o EAD. Houve junção de turmas, algumas demissões para redução de custos, mas as mensalidades seguem praticamente as mesmas, em alguns casos com descontos irrisórios.
No resumo, a única atividade dos sindicatos é dizer que defender a educação é ser contra o EAD, e não cobram nada de estrutura dos governos, prefeituras e patrões.