O imperialismo e a nova onda revolucionária

Leia o editorial da nova edição do jornal Foice&Martelo.

No Sábado, dia 6 de outubro, Trump telefonou para o Erdogan, Presidente da Turquia, e acertou o fim da proteção que os EUA concedem às tropas curdas na Síria. O objetivo acertado, segundo a imprensa burguesa, é de criar um “corredor” de 30 ou 40km na fronteira entre Síria e Turquia, onde seriam alocados os refugiados sírios e também se cortaria a ligação entre os curdos da Turquia e os da Síria.

Os curdos, mais uma vez, foram usados de massa de manobra pelo imperialismo. Afinal, eles foram armados e “protegidos” pelo acordo com os EUA para fornecerem as tropas de combate ao Estado Islâmico (EI). Agora, seus líderes gritam que o fim do acordo vai levar ao ressurgimento do EI. Mas seus gritos não serão ouvidos pelas potências imperialistas envolvidas e serão sufocados pelas tropas turcas.

Por que este movimento foi feito agora? A verdade é que o maior medo do imperialismo americano é a revolução. Os tempos onde a intervenção direta das tropas dos EUA contra revoluções em andamento eram a norma estão chegando ao fim. Apesar da intervenção no Iraque e Afeganistão, a maior discussão é “como sair disso”. E sair não está sendo fácil.

No Iraque, depois de anos de disputa entre chefes de gangues, chefes religiosos e outros, a capital Bagdá explode com um movimento popular, liderado por jovens, que quer o fim da corrupção, quer empregos e melhores serviços públicos de saúde. Milhares vão às ruas em manifestações massivas e, segundo os relatos, mais de 100 pessoas já foram mortas pela repressão. O problema é que isto não está restrito ao Iraque.

No Equador, no quintal dos EUA, com uma economia dolarizada (o Equador não tem moeda própria), as reformas econômicas propostas pelo FMI e implementadas pelo atual governo levaram a uma revolta generalizada. Os jornais burgueses noticiaram primeiro que tudo era dirigido pelas patronais de transporte, que reclamavam do preço da gasolina. Quando tudo explodiu, estas patronais pediram que todos voltassem à calma. E, agora, a Confederação dos Indígenas decretou o seu próprio Estado de Emergência (em resposta ao Estado de Emergência que o governo decretou e suspendeu as liberdades democráticas de reunião, de imprensa e de manifestação). E, para mostrar que não era uma brincadeira, prenderam um batalhão com 56 soldados. Os soldados, por sua vez, não parecem ter resistido à prisão, demonstrando que o apoio do governo caiu até entre os militares. Os sindicatos de trabalhadores estão chamando uma greve geral e nada pode garantir que este governo continue.

Em Hong Kong, por outro lado, as manifestações continuam massivas, as prisões aumentam e nada de refluir o movimento. Quanto tempo vai demorar até que ele se espalhe pelo resto da China? Os líderes do movimento, ao pedir ajuda aos EUA e Inglaterra (que, sabiamente do seu ponto de vista imperialista, nada responderam), fazem de tudo para que isto não aconteça. Mas a revolução tem caminhos que, a princípio, a razão “humana” normal não conhece. E ela chegará à China Continental.

Enquanto isso, dois dos principais países imperialistas do mundo, têm seu governo contestado: Inglaterra e EUA. Trump pede ajuda a um governo estrangeiro para processar um opositor? E, o que é mais engraçado, exatamente um opositor que pertence à ala direita dos Democratas. O resultado é que a Câmara dos Deputados abre um processo de impeachment que pode  levar a expor os podres da Casa Branca muito mais do que qualquer um dos adversários hoje em luta gostaria. E isto no momento em que aumentam as greves nos EUA.

Na Inglaterra, Boris Johnson prossegue seu caminho em direção ao Brexit, enquanto a maioria do parlamento se opõe a tal. Ninguém sabe o resultado disso, e a crise aumenta a olhos vistos.

Em termos gerais, no mundo inteiro, a classe dominante não pode mais governar como antes e se divide entre os que querem a conciliação com os reformistas e os que querem a repressão pura e simples. As classes oprimidas, principalmente o operariado jovem, se joga nas ruas, nação após nação, em ondas que são reprimidas, quebram e voltam, ainda que a volta demore. Apesar da traição das direções sindicais e dos partidos de esquerda que deixaram, por exemplo, aprovar a reforma da previdência na Câmara dos deputados e fingem agora que ela não está em votação no Senado, esta onda revolucionária vai chegar ao Brasil. O que falta para que uma revolução vitoriosa se espraie pelo mundo?

Mais do que nunca a frase do programa de Transição da IV Internacional que diz que o capitalismo está podre, e o que falta para derruba-lo é uma direção revolucionária, se torna atual nos dias de hoje. A propaganda e a agitação comunista da Esquerda Marxista e das demais seções da Corrente Marxista Internacional  buscam ultrapassar esta situação, combatendo por partidos revolucionários e por uma nova Internacional Revolucionária. Convidamos você a fazer parte deste combate.