O maior evento de 1º de maio da CMI de todos os tempos: um enorme sucesso!

Dois mil camaradas e apoiadores de todo o mundo assistiram a todos os nossos canais para a manifestação online da Corrente Marxista Internacional: o maior evento que já realizamos para o Dia Internacional dos Trabalhadores!

O bloqueio global não desanimou o espírito revolucionário dos camaradas. Pelo contrário, o cinismo e a crueldade da classe dominante após esse terrível surto viral colocaram a necessidade da revolução socialista com mais urgência do que nunca. Como resultado, fomos inundados com perguntas de todo o mundo sobre a adesão à CMI e à luta por um futuro melhor.

Nosso painel de oradores (presidido por Rob Sewell, editor de Socialist Appeal na Grã-Bretanha) deu uma visão geral da situação política em países-chave, começando com John Peterson, editor de Socialist Revolution (EUA). John explicou que o coronavírus, que custou a milhões de americanos seus empregos e dizimou a economia, está transformando a consciência de classe nos Estados Unidos – onde  milhões de trabalhadores e jovens já estavam sendo atraídos por idéias socialistas. Após a derrota e a capitulação de Bernie Sanders, John sublinhou que os trabalhadores americanos precisam de seu próprio partido para as profundas crises que se avizinham.

Ele foi seguido por Serge Goulart, do Brasil, que falou sobre como o presidente Bolsonaro enfrentou a crise da Covid-19, ao dar aos bancos enormes benefícios e oferecendo migalhas aos trabalhadores em confinamento. Se o coronavírus se estabelecer nas favelas – onde as pessoas mal conseguem comprar sabão e vivem em condições apertadas – o resultado será um “massacre”. As atuais divisões na classe dominante e a popular palavra de ordem Fora Bolsonaro mostram as correntes revolucionárias em desenvolvimento na sociedade. É necessária uma luta massiva dos trabalhadores e da juventude pela derrubada do capitalismo!

Depois de Serge foi a vez de Adam Pal, de Lal Salaam: a CMI no Paquistão. Adam discutiu a situação de pesadelo no subcontinente indiano, onde dezenas de milhões de empregos desapareceram – e a fome, a miséria e a morte já eram galopantes antes mesmo da pandemia. “O 1º de maio de 2020 é a hora de nos unirmos contra nosso inimigo comum, a classe dominante do mundo!“, disse Adam. “Agora é a hora de levantar a palavra de ordem de ‘trabalhadores do mundo, uni-vos!’

O palestrante final foi Alessandro Giardiello, da Itália, que falou sobre o terrível impacto do coronavírus na Itália, no qual pelo menos 28 mil pessoas morreram em todo o país graças às ações “cínicas e cruéis” dos patrões, que obrigaram os trabalhadores a escolher entre a saúde e o salário. Ele também relatou o apelo bem-sucedido dos camaradas italianos para interromper a produção não essencial e agradeceu aos camaradas internacionais por seu apoio.

O evento terminou com um discurso de Alan Woods, editor de marxist.com. Alan disse que a Covid-19 varreu o mundo como uma “praga bíblica”, expondo toda a podridão e instabilidade do sistema capitalista. Ele falou sobre o pessimismo da burguesia mais perspicaz, que em vão espera uma “recuperação” econômica ao término dessa crise, mas que também entende que ela poderia rivalizar ou exceder a Grande Depressão da década de 1930. Enquanto milhões enfrentam desemprego e morte, os reformistas estão lutando para formar alianças nacionais com os partidos de direita. Por outro lado, Alan disse que devemos enfrentar esse novo período de crise e tumulto com “absoluta confiança nas idéias do marxismo e em nós mesmos… O que é necessário é unir todas as forças revolucionárias dos trabalhadores e jovens nas fileiras da única e genuína internacional marxista: a Corrente Marxista Internacional!”.

Foi uma conclusão inspiradora para um evento de grande sucesso, que – a julgar pela participação animada dos telespectadores em nosso site, Facebook e Twitter – foi tremendamente recebido por todos os que participaram! Apesar das circunstâncias desafiadoras, este foi o nosso evento de 1º de maio mais bem-sucedido de todos os tempos e um divisor de águas no desenvolvimento de nossa organização. Viva o Dia Internacional dos Trabalhadores! Viva a classe trabalhadora! Viva a CMI!

Abaixo, compartilhamos informes de eventos locais do Dia Internacional dos Trabalhadores, realizados por nossas várias seções ao redor do mundo.

Suécia: um 1º de maio revolucionário

Um total de 160 pessoas participaram do Dia Internacional dos Trabalhadores, organizado por Revolution – a seção sueca da CMI. Devido a restrições de distanciamento social, ocorreu on-line com o software de videoconferência e foi transmitido no Youtube e no Facebook.

Jannis Tsiamis (técnico de operações de um hospital em Estocolmo), Thea Wilhelmsson (trabalhador de restaurante) e Oscar Gunnarsson (atendente de trem) falaram sobre diferentes aspectos da crise e enfatizaram as condições perigosas que os trabalhadores enfrentam em todos os setores.

Todo mundo entende que pode ser infectado no trabalho“, apontou Thea Wilhelmsson. “Que trabalhadores comuns em hotéis, restaurantes e cafés – e seus entes queridos – foram postos em risco apenas para salvar os lucros de outras pessoas, isso é algo que não esqueceremos”.

Nosso anfitrião do dia, Stefan Kangas, usou o entusiasmo revolucionário do evento para lançar nossa nova universidade marxista – para trabalhadores e jovens. Não será uma universidade burguesa destinada a treinar trabalhadores dóceis: educará combatentes de classe revolucionários, que podem construir as forças necessárias para derrubar o capitalismo.

Ylva Vinberg foi a oradora final, e seu discurso não foi apenas empolgante e muito valioso, mas também um ataque frontal feroz contra toda a ordem existente: “Quando a pandemia terminar, teremos a primeira oportunidade de sair às ruas, levantar nossas vozes e reivindicar nossa vingança por aquelas vidas que agora estão sendo sacrificadas”. Ela explicou a necessidade de abolir o capitalismo e de construção da organização para realizar essa tarefa. “Não temos tempo a perder. Socialismo ou barbárie – essas são as nossas opções. Junte-se a nós na luta”.

Áustria

Após um mês e meio de bloqueio, os novos casos de Covid-19 na Áustria são baixos, o que não sobrecarregou completamente o setor de saúde. A socialdemocracia, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, não convocou manifestações para o Dia Internacional dos Trabalhadores. Porém, com o governo começando a suspender lentamente as medidas de bloqueio, houve várias manifestações e concentrações nas ruas por grupos de esquerda em Viena, Graz e Innsbruck, onde “Der Funke” participou sob estrita observância das medidas de saúde, vendendo nosso documento do 1º de maio com o título “Kurz-Corona-capitalismo: precisamos de uma revolução“. Em Bregenz, tomamos a iniciativa de convocar e organizar uma manifestação.

Nossa principal atividade, no entanto, foi um comício on-line, do qual, em certo momento, mais de 200 pessoas participaram. Nosso principal slogan era: “Contra a unidade nacional, pela revolução internacional“. Começamos com uma abertura que apresentou uma perspectiva marxista da crise atual, de como os capitalistas são incapazes de resolver qualquer um dos problemas causados pelo vírus e a crise resultante. Após essa abertura, houve um apelo por doações, onde os camaradas e simpatizantes da CMI mostraram enorme entusiasmo. Antes e durante a reunião, foram comprometidos mais de  23 mil euros, o que certamente ajudará a atingir nosso objetivo de arrecadar 30 mil até o verão! Metade das doações irá diretamente para a CMI, a outra metade ajudará a sustentar e expandir o trabalho da seção austríaca.

Depois disso, houve uma série de intervenções de camaradas que explicaram as condições no setor de saúde, para estudantes de escolas e na indústria metalúrgica, a luta dos assistentes sociais contra seus patrões e sua própria liderança sindical e a história revolucionária do Dia Internacional dos Trabalhadores . Eles foram seguidos por camaradas da Itália, Suécia, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e Paquistão que nos saudaram, falando-nos sobre a situação em seus respectivos países, das lutas da classe trabalhadora de lá e do trabalho da CMI. Depois disso, foram anunciados os vencedores dos prêmios da rifa (diferentes obras de arte revolucionária, camisetas e livros). Foram vendidos 232 ingressos, totalizando 1.160 euros. Todo o evento foi então resumido com um apelo para se juntar aos marxistas em nossa luta para mudar o mundo. Os participantes cantaram a Internacional juntos – o que não foi muito harmônico pela Internet, mas foi ainda mais entusiasta pela próxima revolução socialista!

Alemanha

Na Alemanha, os líderes da federação sindical DGB haviam cancelado, em março, todas as atividades públicas ao ar livre e internas para o Dia Internacional dos Trabalhadores, sob o impacto da pandemia de coronavírus. Assim, todos os comícios sindicais oficiais, agendados em mais de 500 localidades de todo o país, foram cancelados pela primeira vez desde 1945. Em vez disso, a liderança do DGB organizou alguns eventos de informação e entretenimento on-line com entrevistas e muitas peças culturais. Enquanto os eventos sindicais oficiais ocorriam on-line, houve uma greve off-line no 1º de maio, que demonstrou que greves reais são possíveis mesmo sob as restrições impostas pelos decretos recentes. Em Sonthofen (Baviera), a cidade mais ao sul da Alemanha e nos limites dos Alpes, cerca de 500 trabalhadores da fábrica de engenharia local da Voith estão em greve por tempo indeterminado desde 23 de abril para combater o fechamento proposto pela administração. Os piquetes foram realizados no 1º de maio, com máscaras de proteção e mantendo o distanciamento social. Os trabalhadores são altamente organizados pelo IG Metall e estão determinados a defender seus empregos. A fábrica tem 500 anos de tradição de luta e a greve é muito popular entre a população local.

Para preencher o vácuo, pelo menos parcialmente, e dar o exemplo, em dezenas de lugares, alianças de grupos de esquerda e ativistas sindicais organizaram manifestações legais ao ar livre de última hora, que ocorreram sob fortes restrições e vigilância policiais. Camaradas da CMI na Alemanha, sob a bandeira de Der Funke, participaram de alguns desses eventos em lugares como Wiesbaden, Munique, Würzburg e Freiburg, vendendo jornais e panfletos. Em Wiesbaden, o camarada Hans-Gerd Öfinger fez uma contribuição à manifestação e instou os manifestantes a apoiar a luta dos camaradas organizados no sindicato SAT na fábrica de carne Procavi, em Sevilha.

Os manifestantes expressaram solidariedade, como pode ser visto na galeria de fotos do Facebook abaixo. Em Munique, os camaradas locais da CMI tinham sua própria bandeira pedindo pagamento integral para todos os trabalhadores afetados pela imposição da redução de jornada. Essa é uma questão importante, pois 725 mil empresas na Alemanha solicitaram benefícios trabalhistas de curto prazo, afetando cerca de 10,1 milhões de pessoas: um quarto da força de trabalho. A crise será muito profunda e a greve em Sonthofen é apenas um prenúncio das lutas por vir.

1º de maio na Suíça

Testemunhamos um 1º de maio muito peculiar. Uma aparente calma reina na Suíça. A taxa de infecção caiu e os capitalistas exortam a reabrir as lojas e restaurantes fechados o mais rápido possível. Em 11 de maio voltaremos à normalidade, quando escolas e lojas serão reabertas. Porque não há risco de infecção agora, dizem eles! E exortam as pessoas a voltarem a fazer compras e a comer fora em restaurantes, muitos deles ameaçados de execução hipotecária e sob a pressão de pagar seus aluguéis exorbitantes a proprietários imobiliários ricos no centro da cidade.

Mas, no 1º de maio, sair para protestar certamente não era bem-visto pelos olhos do Estado. Houve uma proibição nacional de protestos e marchas. A repressão policial pesada garantiu que ninguém saísse para protestar. O pessoal hospitalar é saudado como herói na imprensa e aplaudido das janelas, mas não tem o direito de sair para protestar por salários mais altos e medidas de proteção. As infecções diminuíram o suficiente para ir às compras, trabalhar em restaurantes e cozinhas e enviar as crianças de volta à escola, mas não o suficiente para ir a um protesto? Não há nada mais hipócrita.

Como todas as marchas e comícios foram cancelados, a maioria das atividades do dia dos trabalhadores ocorreu on-line. Devido à situação extraordinária, com um terço de todos os trabalhadores recebendo seus salários através de subsídios emergenciais do Estado, elevando rapidamente os números de desemprego e os primeiros exemplos de execuções hipotecárias e demissões em massa, até os burocratas sindicais tiveram que tirar alguns slogans radicais dos suas cartolas, como a proibição de demissões. Mas eles fizeram questão de encerrar seus discursos on-line com a garantia aos patrões de que estavam interessados apenas em defender o poder de compra e que não queriam vulnerar seus lucros.

Der Funke/l’étincelle, a seção suíça da CMI, realizou um discurso bilíngue on-line no 1º de maio e, em seguida, assistiu ao comício do Dia Internacional dos Trabalhadores da CMI. Tivemos uma reunião de Zoom à noite para discutir a transmissão da CMI, como também os eventos do dia. As contribuições sublinharam as diferentes maneiras pelas quais a crise já mudou profundamente as vidas na Suíça, especialmente dos jovens. Concluímos que, em um ano, o próximo 1º de maio ocorrerá em circunstâncias muito diferentes. A Suíça será duramente afetada pela crise, mesmo que muitos ainda não a percebam e ainda acreditem no rápido retorno do crescimento econômico. Todas as cifras indicam que este não será o caso. E a mudança das circunstâncias mudará a consciência. No próximo dia 1º de maio estaremos mais fortes e prontos para responder à crescente sede de ideias revolucionárias que já podemos sentir, apesar do bloqueio.

Canadá

No 1º de maio, os camaradas de Labour Fightback uniram-se a líderes trabalhistas e ativistas socialistas de todo o país e ajudaram a organizar uma manifestação on-line do Dia Internacional dos Trabalhadores. Este comício foi realizado sob os slogans “Por uma greve em casa para garantir uma compensação total e um PPE abrangente para todos os trabalhadores”, “Luta contra o capitalismo” e “Trabalhadores do mundo e povos oprimidos unidos”.

A manifestação foi realizada por videoconferência e transmitida em várias plataformas de mídia social. Havia 16 palestrantes, com três apresentações musicais espaçadas entre elas. No total, 4 mil pessoas assistiram ao comício e o dobro foi atingido de alguma maneira! Bruno Petraglia, sindicalista e ativista de Labour Fightback, presidiu a manifestação com entusiasmo e apreço por todos os palestrantes envolvidos. De fato, foi por iniciativa de Bruno que seu sindicato CUPE 4400 endossou e liderou a versão original da manifestação no ano passado.

Um dos palestrantes foi o editor de Fightback, Alex Grant. Ele deixou claro em seu discurso que este é um 1º de maio anticapitalista. A Covid-19 nos mostrou que o capitalismo não se importa com os trabalhadores; para os capitalistas, somos apenas partes dispensáveis de sua máquina. Alex lembrou que Fightback estava prevendo a crise há muito tempo e que agora podemos esperar uma longa recessão e um período de austeridade brutal. Ao mesmo tempo, os patrões estão sentados sobre um trilhão de dólares em dinheiro morto e não investido. Dizemos: façam os ricos pagarem pela crise econômica pela qual eles são responsáveis! E não fazer os trabalhadores pagarem! Precisamos lutar por uma economia socialista administrada pelos trabalhadores, porque os patrões provaram que não estão à altura da tarefa. Alex concluiu com um apelo a todos os trabalhadores militantes abertos a idéias revolucionárias para se juntarem ao Fightback.

Em Quebec, os camaradas de La Riposte syndicale organizaram um painel on-line intitulado “1º de maio: trabalhadores confrontados com a Covid-19” com quatro camaradas apresentando-se, além de um dos vice-presidentes do sindicato dos correios, com quase 70 pessoas registradas para participar. As apresentações foram seguidas de uma animada discussão através do Zoom, transmitida ao vivo no Facebook. Com mais de mil espectadores on-line, não há dúvida de que há um interesse palpável em uma perspectiva socialista de combate à Covid-19!

TRADUÇÃO DE FABIANO LEITE.

PUBLICADO EM MARXIST.COM