A pressão causada pela mobilização dos estudantes e trabalhadores, por meio do abaixo-assinado lançado pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) e da organização de comitês pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM), resultou na medida anunciada pela Folha de S. Paulo ontem (3) de que o governo Lula suspenderá a implementação da reforma nos próximos dias.
Mas afinal o que isso significa? Na prática é uma tentativa para segurar o movimento e ganhar tempo. A proposta de suspensão não vai frear o que já está em desenvolvimento nas escolas: os itinerários formativos permanecem, o deslocamento de professores para matérias que não possuem formação, ou seja, tudo continua, assim como as demais medidas já implementadas. O que muda, então? Como dissemos, nada, aliás, ironicamente, o que muda é que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não muda, permanecerá o mesmo.
O Enem, que é um funil para o Ensino Superior, da mesma maneira que o vestibular, continuará igual, essa é a famigerada “suspensão”. Os estudantes de escola pública irão ter um conteúdo extremamente reduzido em virtude do NEM e o funil continuará o mesmo, consequentemente, o fosso entre os que têm acesso à formação e os que não têm será ainda maior. A suspensão é uma tentativa de enrolar os estudantes e professores e “responder” às mobilizações com um balde de água fria, pois desde ontem a mídia tenta iludir jovens e trabalhadores de que a suspensão é uma medida importante e tardia.
O que vemos pelas declarações da burguesia na imprensa, é um sentimento de preocupação, mas não com a possível suspensão da implementação da reforma, que poderia resultar, no máximo, em seu atraso, e sim com a possibilidade de uma explosão social caso alguma manobra equivocada gere a faísca necessária para e incendiar o país.
Na Folha de S. Paulo, um artigo publicado ontem conclui chamando a atenção do Ministério da Educação (MEC) para que se imponha diante da discussão, chamando todos os interessados, e pede para “reservar uma cadeira na cabeceira para os estudantes”, numa ironia desqualificada. Já o Estadão, é mais cauteloso e em matéria publicada hoje (4), termina explicando que a “solução” para o atual impasse passa por “olhar para os estudantes e não para cabos eleitorais”. Esses são apenas alguns exemplos da hipocrisia dos meios de comunicação, dos representantes da classe dominante nativa e do imperialismo, que usam chavões como “confusão” ou da “medida tardia necessária”. O que o governo Lula e a burguesia buscam é ganhar tempo (com a suspensão e com a consulta pública) e temem, acima de tudo, que o Brasil se transforme em uma França no próximo período, ao mesmo tempo, os conglomerados de educação privada pressionam para que o NEM seja levado até o fim.
Diante deste quadro, o devemos que fazer? A principal tarefa continua sendo exigir a imediata revogação da reforma. Reforçar os comitês pela revogação do NEM, intensificar a coleta de assinaturas no abaixo-assinado. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) estão chamando um dia de mobilização em 19 de abril. Nesse dia, vamos intensificar a passagem dos abaixo-assinados, reforçando o convite para os comitês e discutindo a luta pela revogação. Acreditamos que Ubes e UNE deveriam ir além e chamar uma paralisação geral dos estudantes para dia 26 de abril, aderindo ao chamado da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), junto aos professores. Mais que isso, a UNE e a Ubes deveriam chamar uma greve geral dos estudantes.
O governo Lula-Alckimin está levando a cabo a contrarreforma aprovada por Michel Temer (MDB) e colocada em prática por Bolsonaro, que tem como consequência a destruição da educação pública brasileira. Defendemos a necessidade da mobilização permanente, e não de atos de um dia que apenas servem como válvula de escape para aliviar a pressão gerada pela indignação existente, até o dia em que o Novo Ensino Médio seja revogado.
Nós convidamos a todos que veem a necessidade de levar esta luta até o fim e de radicalizar, a entrar na Esquerda Marxista. Junte-se aos comunistas e marxistas para combater pela Educação pública, gratuita e para todos.