O que nos espera após as eleições

Classe contra classe, este é o único modo de ajudar os trabalhadores nas eleições e depois delas.

Os dados econômicos mostram um Brasil muito distante daquele que os candidatos traçam. Enquanto Marina e Aécio procuram centrar suas críticas na “corrupção”, Dilma mostra suas “realizações” e reafirma que manteve o nível de emprego. Mas a verdade é que a indústria está colocando vários trabalhadores em férias coletivas,

Classe contra classe, este é o único modo de ajudar os trabalhadores nas eleições e depois delas

Os dados econômicos mostram um Brasil muito distante daquele que os candidatos traçam. Enquanto Marina e Aécio procuram centrar suas críticas na “corrupção”, Dilma mostra suas “realizações” e reafirma que manteve o nível de emprego. Mas a verdade é que a indústria está colocando vários trabalhadores em férias coletivas, o lay-off (parada das máquinas mantendo o pagamento do salário) se generaliza e o presidente da FIESP, Benjamin Steinbruch, prevê demissões em massa ainda este ano e no ano que vem (http://oglobo.globo.com/economia/fiesp-preve-100-mil-demissoes-este-ano-na-industria-paulista-14051560)

O IBGE, em sua ultima pesquisa, mostra que a população empregada se manteve estável desde o ano passado. Também não houve modificações significativas tanto no rendimento mensal médio quanto na massa salarial. Em outros termos, o que isso significa? Significa que enquanto a população cresce, não aumenta significativamente o número de empregos.

Os dados que interessam nesta equação estão fora do Brasil. O mercado que há muito tempo se tornou mundial e as modificações na produção refletem-se, de uma forma ou outra, no Brasil. Já faz alguns anos que a China se transformou no “chão de fábrica” do mundo tendo como base os salários baixíssimos, uma ditadura violenta e a proibição de organização sindical. Mas as coisas começaram a mudar. As revoltas operárias aconteceram de forma violenta e os patrões foram obrigados a ceder. E justamente quando começam a ceder, todo o esquema de crédito e vendas chegou ao seu limite: a crise de 2008 abateu-se sobre o mundo. Na China, como no Brasil, o governo reagiu aumentando o crédito disponível e mantendo os altos índices de crescimento anterior (entre 7% e 10%). Mas parece que agora, tal qual no Brasil, os limites que chegaram em 2008, atingiram também a China. O resultado? Queda na compra de soja e de minério de ferro, dois setores que afetam diretamente o Brasil.

A soja caiu este ano mais de 30% em termos de valor. E o minério de ferro, que atingiu por volta de 2010 um valor de 180 dólares, caiu para menos de 80 dólares a tonelada. O problema, para o Brasil, é que a sua exportação é baseada em produtos não industrializados – Petróleo, café, soja e minério de ferro. Quando dois destes itens caem de preço, caindo muito, o valor da moeda brasileira cai independente das manobras de mercado feitas pelo BC (leilões de dólares ou de promessas de venda de dólar futuro a um preço baixo – apelidada pelo mercado de swap inversa). Não por acaso, por baixo da especulação que ronda o mercado, neste momento pré-eleitoral, todo mundo sabe que o dólar vai aumentar. As repercussões deste fato ainda são difíceis de prever exatamente, mas o mais claro é que a inflação voltará a subir (uma boa parte dos produtos de consumo, inclusive alimentos, é hoje importada).

Existirá sem dúvida uma forte pressão inflacionária e o consumo tenderá a diminuir.

A previsão mais certa é a de que os trabalhadores encontrarão pela frente uma grande resistência para obterem reajustes salariais. Não é casual que os bancos não queiram ceder um reajuste maior e uma greve de bancários está marcada para a véspera das eleições. A única grande empresa que cedeu economicamente foi a Petrobras, premida pelas eleições e também pelas denúncias que atingem a cúpula da empresa (3% de aumento acima da inflação para todos os trabalhadores, 10% para os aposentados que estavam com ação judicial contra a empresa).

Enquanto escrevemos este artigo, não sabemos ainda quais serão os resultados do primeiro turno das eleições. Se tivermos segundo turno (o mais provável), qualquer que seja o governo a ser eleito, ele terá que sustentar esta situação que tende a ser cada vez mais insustentável. Os preços administrados – energia elétrica, gasolina – continuarão represados. Diante deste quadro cabe aos trabalhadores desde já se prepararem para os tempos difíceis que virão.

A Esquerda Marxista convida a todos a examinarem as suas propostas e a juntar-se a ela para os combates futuros que serão duros e difíceis, quaisquer que sejam os resultados das eleições.