O que simboliza o escudo da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

Uma discussão sobre um dos símbolos dos aparatos de repressão do Brasil, os quais são organizados e preparados para aplicar a violência contra trabalhadores e jovens.

Vamos discutir o significado de cada um dos elementos que o compõem, e o que eles representam.

Comecemos pelas duas plantas que estão presentes nele. Um pé de cana-de-açúcar e um pé de café. Ambos representam a classe dominante brasileira do período em que a PM foi criada.

No centro do brasão estão duas armas de fogo. Não precisamos entender tanto assim de história pra saber com que objetivo estas são utilizadas. Neste caso, elas estão protegendo a cana e o café, ou seja, o brasão da PM não esconde o objetivo da corporação: braço armado a serviço da propriedade privada dos grandes meios de produção, ontem e hoje.

Já podemos refletir sobre quais supostas mensagens estes elementos juntos passavam. Não seria muito forçoso um escravo, por exemplo, ver estas duas armas protegendo as plantações e saber que o poder policial do Estado estava a serviço da burguesia rural, latifundiária, escravocrata e racista de seu país. E o trabalhador “livre” e assalariado de hoje, escravo de nossa época, deveria pensar outra coisa?

Acima das armas e das plantações está a coroa. A coroa é sempre um símbolo muito representativo, expressa poder monarca, ordem, liderança absoluta, etc. Nesse caso, em específico, trata-se da “Coroa de Portugal”, uma vez que essa polícia surge pra proteger a corte real portuguesa que vem para o Brasil, particularmente para o Rio de Janeiro, por temer a empreitada de Napoleão de conquistar o continente Europeu. Em 1808 a corte chega ao Brasil e em 1809 é criada a Guarda Real de Polícia da Corte. Isso explica o 1809 e o GRP, no brasão.

Com esses apontamentos, somos levados a acreditar que a polícia tem um interesse central: proteger a propriedade privada, a serviço do “rei”, a classe dominante, a burguesia. E que fará o quer for preciso, até usar de armas letais, para que essa “ordem” seja mantida.

Hoje, diante da brutal repressão que as manifestações de rua estão sofrendo, muitos estão dizendo que essas ações policiais são resultado de uma polícia “despreparada”. Muitos estão enganados, pois a PM é muito bem preparada. É, na verdade, uma preparadíssima máquina de repressão comandada pelo Estado. O que ela tem feito nas manifestações, escolas ocupadas e favelas expressa sua função desde sua origem, que é manter seguros os interesses dos governantes e do capital, que no caso do Rio de Janeiro, se representa na figura do governador Dornelles (sucessor de Pezão e Cabral).

A polícia, portanto, desde muito tempo vem usando de muita violência pra impedir que os trabalhadores e jovens interfiram nas decisões dos governantes.

É necessária uma modificação social profunda, uma revolução, pra que essa polícia deixe de servir aos interesses de uma minoria proprietária e passe a defender os interesses da maioria da população. E essa modificação só será possível com a mais firme unidade entre juventude, trabalhadores da cidade e do campo com objetivo de assumir o controle do Estado e dos meios de produção, colocando-os democraticamente a serviço do povo.

  • Contra a repressão policial aos movimentos sociais!
  • Pela livre organização dos trabalhadores e juventude!
  • Pela liberdade de expressão política, artística e sexual!
  • Pela dissolução da PM!
  • Pelo socialismo!

Felipe Araujo é professor de filosofia na rede estadual do Rio de Janeiro e militante da Liberdade e Luta.