No debate de ontem com Hyllari Clinton, Obama foi bem direto sobre como entende a relação com Cuba (noticiado na Folha de São Paulo de 22/02/08):
Obama foi mais direto. “Eu me encontraria sem condições prévias”, embora tenha dito que Hillary estava certa em falar tem de haver “preparações”. “É importante para os EUA dialogar não só com seus amigos, mas também com seus inimigos. É onde a diplomacia faz mais diferença”, completou.
O senador classificou de “fracasso” a política dos EUA para Cuba e disse que o objetivo final é a “normalização” da relação. Os EUA impõem um embargo econômico, financeiro e comercial a Cuba há mais de cinco décadas.
Esta fala tem a sua importância porque Obama pode ser o próximo presidente dos EUA (para ver mais sobre Barak Obama e as eleições americanas, leia em WWW.luizbicalho.wordpress.com). Em outro texto da mesma edição citada, a Folha de São Paulo explica a situação da candidatura Obama:
Obama conquistou ontem sua 11ª vitória consecutiva em prévias desde a Superterça: com 66% da preferência, venceu entre os americanos democratas que vivem no exterior (“Democrats Abroad”), que votam em urnas em 164 países ou pela internet. Os democratas no exterior enviam 11 delegados à convenção democrata, quatro deles superdelegados.
A coalizão de sindicatos “Change to Win”, que representa mais de 5 milhões de trabalhadores, declarou ontem apoio a Obama. São 175 mil afiliados só em Ohio, que escolherá seus delegados democratas em 4 de março. O endosso pode enfraquecer Hillary, que precisa ganhar no Estado para manter a viabilidade de sua candidatura. Até agora ela é favorita.
As previsões dão conta que Obama já conta com maioria dos delegados entre os eleitos (existem também os membros da direção partidária dos democratas, deputados e senadores que tem voto sem serem eleitos delegados) e caminha para conquistar a maioria da convenção democrata. E depois de 8 anos de Bush, depois da crise econômica, em particular da crise da hipotecas que está levando a uma onda de despejos de casas com prestações não pagas, é provável que os democratas ganhem. Então, Obama está a esquerda? Como sempre, é preciso analisar com frieza o que ele propõe:
Obama quer “normalizar as relações”. Ou, como explica o editorial de ontem da Folha, é preciso que Cuba tenha mais…comercio. É preciso “liberar” a economia. Em outras palavras, como explicou José Dirceu numa entrevista, é preciso seguir a “via Chinesa”. E enquanto todos os que sempre foram os maiores admiradores de Castro (e se Castro tem suas virtudes, também tem muitos defeitos, o principal de defender o “socialismo num país só”, o que sempre impediu a defesa completa de Cuba) hoje querem dizer que “nada vai mudar”. Mas os dirigentes de Cuba continuam dando sinais do contrário, desde convidar o enviado do Papa (exatamente este Papa reacionário que agita a Espanha contra o governo social-democrata em defesa dos herdeiros da ditadura franquista), passando por pedir que Lula ajude a ter empresários para investir no País e terminando por convidar o último premiê alemão oriental, Hans Modrow, para falar da transição em seu país (matéria da Folha de 20/08). Esta é a disposição da “nova” liderança, após a renúncia de Fidel. Isto são os sinais que ela envia. E Obama?
Ele explica claro: “É importante para os EUA dialogar não só com seus amigos, mas também com seus inimigos”. Ou seja, Cuba, a economia planificada, são o “inimigo”. É preciso dialogar, é preciso comerciar, para derrubar a esperança que a revolução cubana representa. Esta é a disposição de Obama, de fazer a “transição” em Cuba através da pressão e do “dialogo” ao invés da intervenção armada. Marx a muito explicou no Manifesto Comunista que “o que derruba as muralhas da China são o preço baixo das mercadorias”. E o capitalismo pode financia-las a preço baixo para destruir a revolução e fazer com que ela seja varrida do coração e das mentes dos trabalhadores latino-americanos que sempre se miraram nela na sua luta em busca da libertação.
Mas, como já dissemos, a ultima palavra não foi dada. Nós estaremos juntos de todos os trabalhadores e da juventude para defender a revolução cubana. E temos certeza que os trabalhadores cubanos aprenderam também com as outras “transições” e seu cortejo de miséria para serem tão facilmente enganados.
Obama tem aparecido como um fio de esperança para o mundo… espero que ñ nos decepcione!!!