Um representante de vendas (Moisés Santos), de 53 anos, morreu subitamente dentro do supermercado Carrefour, em Recife, PE. Ao perceber o ocorrido, a direção do supermercado decidiu esconder o cadáver da vista dos clientes para seguir a normalidade da operação. Se os clientes continuarem comprando, os acionistas majoritários da francesa Carrefour S. A. estarão com seus lucros protegidos. Eles em primeiro lugar.
Mas não nos espantemos como se espantam os pequeno-burgueses, que levantam a bandeira “vida acima dos lucros” como se no capitalismo o lucro pudesse estar a serviço da vida. A primazia dos lucros é uma antiga máxima do capitalismo, que impõe uma dura luta concorrencial entre as diversas empresas e uma condição de vida sub-humana para a classe trabalhadora. Morrer de infarto súbito aos 53 anos. Será que foi tão súbito assim? Quem conhece a vida de um representante de vendas sabe como ela é estressante, como o rendimento é baixo, e como conseguir um médico especialista no SUS é difícil.
Muitos trabalhadores morrem e continuarão morrendo diariamente de “morte súbita”, enquanto a barbárie for a única perspectiva para este sistema em ruínas. A novidade, neste caso, é a ingenuidade da gerência do supermercado. Até deixar o corpo dentro de um saco de lixo, no corredor de entrada, chamaria menos atenção. Talvez o ocorrido tenha atingido seu alvo, de maneira inversa.
Há um pedido de socorro da classe trabalhadora por trás de cada morte. Olhem para nós! Cansada de esconder, enterrar e se desfazer de tantos corpos, esta classe gostaria de sair em passeata, carregando consigo parentes, amigos, irmãos e irmãs de classe que, mesmo sem saber por qual motivo, morreram para proteger a vida bancária dos acionistas e especuladores. O momento desta passeata está chegando, e será um grande basta. E quando ela acontecer, não bastará as empresas emitirem notas oficiais com pedidos de desculpas.