Os problemas e as soluções políticas dos educadores de Minas Gerais

Por surto de Covid-19, 6 escolas foram fechadas em Divinópolis. Kalil (PSD) vai liberar o dobro de alunos em sala de aula nas escolas municipais de Belo Horizonte. E o novo protocolo reduziu de 2 para 1 metro o distanciamento entre os estudantes dentro dos colégios em cidades com mais de 400 infectados por 100 mil habitantes (G1 20/08, O Estado de Minas 19/08). A dura realidade para os profissionais da educação continua, então a luta tem que continuar também.

Dia 18/08, em assembleia virtual, os trabalhadores em educação decidiram encerrar a greve sanitária deflagrada no dia 02/08 através do Conselho Geral do Sind-UTE/MG. Há tempos que falamos que esse método de luta é alheio aos trabalhadores. O método de fazer greve trabalhando nos levaria a derrota.

As políticas implementadas pelos governos Bolsonaro e Zema (NOVO) são expressões do liberalismo econômico do capitalismo em crise, que arrasta toda a humanidade para a barbárie, e nos remete numa viagem no tempo. Em 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil, animados pela Revolução Russa, cerca de 400 operários, em sua maioria mulheres, de uma fábrica têxtil em SP, entravam em greve por melhores salários e redução da jornada de trabalho. O movimento se espalhando por várias cidades no país, dando início à primeira greve geral no Brasil. Hoje em dia, nosso Conselho Geral delibera virtualmente por uma greve sanitária sem organizar minimamente a luta, jogando toda a responsabilidade na base categoria. Mas cabia à direção do sindicato preparar a greve nos locais de trabalho, mobilizar a comunidade escolar, fazer uma aliança com os estudantes, debater a estratégia passo a passo, discutir com outras categorias e outros sindicatos uma efetiva greve geral para derrotar Bolsonaro e Zema.

Em Minas Gerais, Zema desocupou acampamentos em terras improdutivas, em plena pandemia, de forma truculenta, utilizando o aparato policial repressor com bombas de gás e tratores destruindo escolas. A reforma administrativa, sintetizada na PEC 32, é uma articulação dos governadores com o presidente para destruir direitos adquiridos há anos. A reforma do Ensino Médio não tem objetivos diferentes. E na Câmara, as reformas da previdência, trabalhista e “minirreforma trabalhista”, passaram como rolo compressor pelas bancadas de esquerda, porque as direções da CUT e principais sindicatos do país não organizaram a luta de classes.

A greve sanitária é uma articulação dos sindicatos filiados à CNTE-CUT, uma proposta tão afastada da realidade e derrotista que até dentro dos marcos da burguesia e da sua justiça confundiu os trabalhadores. Como fazer uma greve em que todos continuam trabalhando? Agora o governo exige a reposição. Dia 17/8, a entidade participou de uma audiência de conciliação. Ficou acordado que o período de 2 a 18/8 não será caracterizado como falta comum, sendo considerada falta de greve e a reposição deverá ser feita em até 90 dias, de forma presencial. O retorno presencial das atividades acontece a partir de 19/8. Consta na decisão da justiça a greve sanitária, mas como repor se, na semana em que a greve começou, os professores estavam em trabalho remoto? E não era isso que deveríamos ter feito. Fica evidente que a direção do sindicato não sabia como agir e orientar os educadores diante da situação.

O que restou da assembleia virtual? “Nós vamos denunciar todas as contaminações. O que acontecer com a vida dos profissionais, dos estudantes e das comunidades escolares por conta da contaminação nas escolas será de inteira responsabilidade do governo do Estado. Já temos situações de contaminações em várias regiões de Minas”, explica coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano. Mas por que para fazer denúncias, depois da categoria mostrar disposição de luta, precisaria jogar todos numa proposta derrotista?

Aos que acompanham há mais tempo nossa história sindical, não foi novidade. Muitas foram as demonstrações da falta de mobilização por parte da direção do sindicato. Foram muitas greves que a categoria fez, arriscando seu sustento, como cortes de salários e demissões, para no fim das contas, a direção capitular. Há tempos que nosso sindicato tem servido de trampolim para cadeiras na assembleia legislativa e câmara federal. Essa prática tem nos levado para uma ideia na qual a negociação com o governo pode ocorrer, por fora das lutas, ou seja, dentro dos gabinetes da justiça, que supostamente reconheceria nossas justas reivindicações. Mas na prática essa política de conciliação semeia ilusões dos educadores no Estado, no parlamento, na justiça e demais instituições burguesas, e enfraquece a luta de classes.

Há uma grave crise que assola os educadores de Minas e o conjunto da classe trabalhadora. Essa crise está profundamente ligada a crise das direções dos trabalhadores e de suas constantes e sistemáticas traições ou vacilações. A solução passa por devolver os sindicatos novamente para as categorias. Afinal, até quando políticos como Zema e Bolsonaro atacarão nossos direitos sem nossa luta e organização enquanto classe?

A Esquerda Marxista combate pela derrubada de Bolsonaro, lutamos por um governo dos trabalhadores, sem patrões, nem generais. E confiamos na força desse movimento. Construímos os Comitês de Ação locais para dialogar e intervir na base das categorias e para ampliar a organização por uma greve geral de toda a classe trabalhadora. Entrem em contato conosco, participem.