Deslizamento de terra causado pelas chuvas em Petrópolis / Imagem: Fernando Frazão, Agência Brasil

Os trabalhadores de Petrópolis e a tragédia permanente de moradia na cidade

No dia 15 de fevereiro de 2022, Petrópolis viveu sua maior tragédia da história, até agora com 233 mortos, 4 desaparecidos e milhares de desabrigados, isso sem contar os mortos e desaparecidos que não se encontram nas estatísticas.

Apesar de ser uma tragédia ocasionada pela forte chuva, uma força da natureza, a tragédia que ocorreu é fruto de anos de descaso do poder público e de uma política voltada para o lucro da burguesia, e que não só matou, como continua matando e continuará matando milhares de pessoas (principalmente da classe trabalhadora).

Em matéria publicada no jornal local “Tribuna de Petrópolis” no dia 21 de fevereiro, fica explícito o descaso do poder público. Na manchete da matéria já fica claro: “Em 21 anos, Petrópolis já viveu 15 situações de emergência e estado de calamidade pública”. Nesses 21 anos Petrópolis foi governado tanto por partidos de “esquerda” quanto por partidos de direita, sendo esses os prefeitos e partidos a seguir: Leandro Sampaio, PSDB (2001); Paulo Mustrangi, PT – atual vice-prefeito, hoje é filiado ao Solidariedade (2008-2012); Bernardo Rossi, MDB/PL – filiou-se ao PL em 2020 ainda na prefeitura e atualmente ocupa o cargo no Governo do Estado de sub-secretário das cidade (2016-2020); e o atual prefeito, Rubens Bomtempo, PSB (2000-2008/2012-2016/2021).

Durante todo esse tempo, nenhum desses representantes da burguesia petropolitana fizeram algo de concreto para mudar a situação de tragédia permanente que a cidade vive.

Com todo esse cenário de caos, o que as organizações de esquerda apresentaram como alternativa e projeto para os trabalhadores petropolitanos? O PCdoB vem se aliando ao governo de Rubens Bomtempo historicamente, o PT enquanto governo não conseguiu entregar as moradias populares da tragédia de 2011, moradias essas que foram empurradas com a barriga e foram entregues apenas durante o governo de Bernardo Rossi, com graves problemas estruturais e reclamações dos moradores.

E o PSOL? Bom, o PSOL é uma força política recente na cidade. O partido, que vem crescendo nos últimos anos, não consegue se apresentar como uma referência na atual conjuntura. Em nenhum momento buscou a elaborar uma nota política sobre a situação, nem uma reunião com seus militantes, se limitando a ações de doações e campanhas de arrecadações. Contou apenas com posicionamentos do vereador do Partido Yuri Moura (vereador mais votado da cidade), que apresentou projetos de fiscalização dos recursos do governo estadual e do governo federal, além de um estudo para desapropriação de terras para criação de moradias populares para as famílias desabrigadas. Todas essas ações são importantes, mas o Partido não pode se limitar apenas ao posicionamento de seu parlamentar. É necessário que o Partido se mobilize e mobilize sua base para mostrar uma alternativa.

É mais que necessário, é urgente, que os trabalhadores petropolitanos se organizem junto aos seus movimentos para aprovar o plano de desapropriação de terras para construção de moradias populares, para que sejam feitas obras de contenção nas encostas, e pela reforma do túnel extravasor (uma infraestrutura construída na década de 1960 que evitaria o agravamento das enchentes e que hoje se encontra destruído por abandono dos governos do capital).

Em uma realidade em que 20% da população petropolitana vive em áreas de risco, vivendo uma verdadeira tragédia, o medo em cada chuva é constante. É necessário que os trabalhadores e a juventude petropolitana se organizem para que essas tragédias evitáveis não mais ocorram. Chega de contar corpos de mortos pelo abandono do Estado burguês!

A transformação de Petrópolis depende da construção de verdadeiras células revolucionárias de jovens e trabalhadores interessados em retirar a cidade da mão dos capitalistas. Junte-se à Esquerda Marxista!