Documento distribuído pelos militantes da Esquerda Marxista aos delegados do 17º Encontro Estadual do PT de SP realizado no último fim de semana em São Paulo, onde foi oficializada a pré-candidatura do companheiro Mercadante ao Governo do Estado de SP.
Companheir@s,
Nos dirigimos aos delegados do 17° Encontro Estadual, na perspectiva de realizarmos uma discussão franca e sincera sobre qual o melhor caminho para derrotarmos a direita e seus partidos, elegendo Dilma e Mercadante.
Algumas semanas atrás, Serra lançou sua candidatura e no próximo dia 30 seu candidato em SP, Alckmin, anuncia o seu lançamento. O Slogan de Serra “O Brasil pode mais” casa-se completamente com a afirmação seguinte – “De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres. Eu quero todos, lado a lado, na solidariedade necessária à construção de um país que seja realmente de todos.” (José Serra)
Sim, Serra tem um discurso e uma perspectiva: enterrar a luta de classes, enterrar as reivindicações da classe trabalhadora, inclusive com a repressão (é só ver como foi tratada a greve dos professores em SP). Sua vontade é acabar com todo o movimento organizado dos trabalhadores, destruir sindicatos, o MST, toda e qualquer organização popular.
Por outro lado, Dilma explica em um de seus discursos – “Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços… Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.”
Os trabalhadores, confrontados com as duas posições, sabem que para barrar a direita devem votar em Dilma, em Mercadante, nos candidatos do PT.
Mas devemos refletir companheiros. Há um ponto fraco nesse discurso: afinal, se esta é a nossa campanha, porque não avançar já em alguns pontos? Se vamos defender as empresas públicas, por que recusar o projeto da FUP e Movimentos Sociais pela Petrobras 100% estatal? Por que o líder do PT vem a público dizer que Lula vetará um reajuste maior que 7% para os aposentados se este vier a ser aprovado pelo Congresso Nacional? Ele quer perder as eleições? Quer indispor Lula com o eleitor?
O Brasil continua dividido em duas classes fundamentais: os trabalhadores e os patrões. Serra quer resolver isso destruindo toda organização independente da classe trabalhadora e fazendo valer o Brasil dos patrões. Ora, o PT é o partido dos trabalhadores, então deve colocar antes de tudo a defesa dos trabalhadores e de suas reivindicações. Não podemos deixar nenhuma dúvida sobre isso.
Os trabalhadores podem mais! Podem derrotar a direita no Brasil e nos estados! Os trabalhadores podem fazer greves e paralisações, podem organizar a tomada de fábricas e de terras, podem manifestar-se. E podem construir uma perspectiva de avançar em direção ao socialismo, ao fim da propriedade privada dos grandes meios de produção.
Por uma campanha militante, independente dos patrões e seus partidos!
Quando o PT nasceu e cresceu, as pesquisas, todas, mostravam o PT bem lá embaixo. Dificilmente uma pesquisa mostrava um empate entre um candidato do PT e outro qualquer ou a liderança de um candidato do PT. Mas, isso mudava e candidatos do PT ganhavam eleições. Por quê?
O que fazia toda a diferença era o combate da militância petista, os filiados organizados em núcleos e diretórios que assumiam a tarefa de propaganda, de agitação, de ir de casa em casa, de convencer filiados e amigos, de mostrar a campanha nas ruas, nos bairros e fábricas. Este trabalho militante, esta disposição de combate garantia a virada e transformava as pesquisas eleitorais em pó à medida que as eleições se aproximavam.
A mudança na política do PT, as alianças eleitorais com a burguesia fizeram um estrago enorme e estão confundindo a militância organizada.
Em São Paulo, para virarmos o jogo, é preciso uma plataforma para a candidatura a governador que proponha aumento de salários para os professores, reformas nas escolas, fim da política de municipalização da educação e a revogação das leis que atacam o magistério, como o reajuste por mérito e a limitação de faltas médicas. O comprometimento em avançar em educação, saúde, transporte e cultura de qualidade para todo o povo, financiado pelo Estado, sem terceirizações ou concessões à iniciativa privada! Devemos chamar o povo para lutar pela revogação de todas as privatizações realizadas pelos tucanos – Banespa, Sabesp, Elek¬tro, Eletropaulo, CPFL, CESP, COMGÁS, CTEEP e rodovias. Isso certamente animará a todos!
A política de alianças com os partidos da burguesia cria um obstáculo adicional na caminhada em direção à vitória. Para que a militância assuma com garra, com unhas e dentes a vontade de vencer, é preciso que tenhamos uma campanha independente dos patrões e seus partidos, sem o PSB de Paulo Skaf (presidente da Fiesp), sem o PP de Maluf, sem o PMDB de José Sarney, entre outros. Isso certamente colocará o PT no combate com ânimo redobrado!
Devemos combater em cada região, nas condições locais, pela vitória dos trabalhadores contra a burguesia. Lutar pela vitória de Dilma e Mercadante, cortar os laços com a burguesia, fortalecer nossa campanha e abrir o caminho para as mobilizações do povo trabalhador e suas organizações, construindo medidas que nos ajudem a avançar em direção ao socialismo!
- Por uma campanha militante, de luta e socialista!
- Jornada de 40 horas semanais sem redução de salário!
- Reforma Agrária já!
- Defesa dos Serviços Públicos, contra as privatizações, atender as reivindicações dos professores e servidores estaduais!
- Maior investimento do Estado na cultura! Programas e editais transparentes, que garantam o acesso a todos aqueles que realizam um trabalho de relevância artística e social!
- Re-estatizar as empresas privatizadas!
- Petrobrás 100% estatal!
- Proibir as demissões e garantir estabilidade no emprego!
- Estatizar as fábricas quebradas ou que ameaçam demitir!
- Interromper a escalada do judiciário que criminaliza os movimentos sociais!
- Um governo do PT apoiado na CUT, no MST e nas organizações populares!
Assinam esta contribuição: Roque Ferreira (Vereador de Bauru-SP pelo PT); José Carlos Miranda (vice-presidente do Diretório Municipal do PT de Caieiras); Verivaldo Mota (Executiva do Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP); José Lúcio de Araújo “Índio” (Núcleo do PT de Guarulhos “Frente Socialista”); Francisco dos Santos Timóteo (Diretório Municipal do PT de Campo Limpo Paulista); Adel Daher (Diretório Municipal do PT de Araçatuba); Rafael Prata (Diretório Municipal do PT de Campinas); Alexandre Mandl (Conselho Operário da Fábrica Ocupada Flaskô); André Olegário (Diretor da UEE-SP); José Guido (Executiva do Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP); Maria Natividade Pereira Lima (Diretório Zonal da Casa Verde); Rogério Pinto Fernades (Executiva Municipal do PT de Guarulhos); Caio Dezorzi (Coletivo Municipal da JPT e suplente do Diretório Municipal do PT de São Paulo); Cristiane Paula Sacconi (Representante de Escola do Sinpeem); Plínio Baldoni (Diretório Municipal do PT de Bauru); Isabel Lozano (Diretório Municipal do PT de Caieiras); Wanderlei Muniz (PT-Guarulhos); José Luis dos Santos “Paraná” (Executiva do Sindicato dos Vidreiros do Estado de SP); Roberta Ninin (Movimento 27 de Março dos Trabalhadores da Cultura); Clécio Notaro (Diretório Municipal do PT de Caieiras); Ludmila Facella (Movimento Ocupação Coseas – USP); Luiza Jóia (Executiva do Diretório Municipal do PT de Caieiras); Mario Conte (Movimento 27 de Março dos Trabalhadores da Cultura); Renata da Costa (Suplente do Diretório Municipal de Campinas); João Westin (Juventude Revolução da Esquerda Marxista); Abdeir Chrispim (CA de Filosofia da USP); Silvio Durante (Executiva Municipal do PT de Bauru).