Para derrotar Marina, o PT deve virar à esquerda

No programa de TV e nas redes sociais, a propaganda do PT se contrapõe à Marina, alertando que ela não governará até o final do mandato, seria um Jânio Quadros ou um Collor.

Mas como Collor faz parte da base aliada, apenas citam a crise que conduziu à deposição de “um presidente” na década de 90. E concluem o motivo: falta de apoio e negociação com o congresso nacional.

No programa de TV e nas redes sociais, a propaganda do PT se contrapõe à Marina, alertando que ela não governará até o final do mandato, seria um Jânio Quadros ou um Collor.

Mas como Collor faz parte da base aliada, apenas citam a crise que conduziu à deposição de “um presidente” na década de 90. E concluem o motivo: falta de apoio e negociação com o congresso nacional.

A campanha do PT, ao invés de fazer uma contraposição às propostas de Marina posicionando-se mais à esquerda, defendendo os interesses da classe trabalhadora e da juventude, segue tentando convencer os eleitores de que a atual presidente gerencia melhor o capitalismo do que a concorrente.

Para acalmar os empresários, Dilma ainda declara: “Não vou acabar com o fator previdenciário no segundo mandato “ (http://br.reuters.com/article/topNews/idBRKBN0GM20W20140822).

Dessa forma, contraria uma das reivindicações mais sentidas dos trabalhadores.

O resultado dessa política é que, apesar da intensificação da propaganda, quase nenhuma reação ocorreu. Nas pesquisas divulgadas em 03/09, Dilma e Marina continuam em empate técnico no 1º turno e, no 2º turno, Marina continua vencendo com uma vantagem de 7%.

Os rumos da campanha

Lula criticou a linha da campanha de Dilma e apontou algo mais óbvio: é preciso criticar o programa da adversária. O único problema é fazer críticas, quando o programa dos três principais candidatos difere muito pouco.

Tentam então reeditar o “Marina é privatista”, como foi feito com Alckmin em 2006, e acusam a outra candidata de não pretender aproveitar e priorizar os recursos do pré-sal e a Petrobras. A disputa, na realidade, acaba sendo de quem privatiza melhor. Afinal, foi o governo federal quem realizou a privatização do Campo de Libra.

Preso à lógica da colaboração de classes, o PT não consegue se diferenciar das outras candidaturas. Fica no discurso vago e tenta se valer do capital político que acumulou como direção da classe operária para ganhar essas eleições. Nada está decidido, mas seguindo esse caminho, tudo será mais difícil.

Política e economia

Se em 2010, com um crescimento econômico de 7,5%, foi possível convencer com facilidade que tudo estava indo muito bem e o futuro seria ainda melhor. Agora, a situação é diferente. A crise econômica chega, com recessão, inflação que retorna a todo o momento, alto endividamento da população, demissões, férias coletivas e lay-offs que se espalham nas indústrias. A solução apresentada é trocar a equipe no segundo mandato. De forma oportuna, o ministro Guido Mantega teria supostamente pedido para sair no próximo ano por questões pessoais. A ideia evidentemente é trocar nomes para agradar o mercado e continuar com a mesma política.

Os marqueteiros eleitorais esforçam-se para convencer que seu candidato é novo e diferente. É uma expressão distorcida da necessidade das massas por mudanças. Isso é aproveitado por setores oportunistas, como a candidatura de Marina Silva. Uma candidatura burguesa, mas que se apresenta como representante da “nova política” para combater a política tradicional. Inclusive abraçando uma reivindicação histórica do movimento estudantil, o passe livre para estudantes.

Os trabalhadores e os jovens não encontraram um partido de esquerda que servisse como desaguadouro dos votos de descontentamento com a ordem vigente, como foi o Podemos na Espanha, a Frente de Esquerda na França ou o Syriza na Grécia. Assim, de uma maneira deformada, Marina se beneficia da insatisfação que as jornadas de junho de 2013 colocaram à tona.

Virar à Esquerda

Se o PT quer salvar alguma coisa ainda nessa eleição, deve virar à esquerda e reatar com o socialismo. Uma mudança de rumo desse tipo, conectaria imediatamente o partido com os anseios das massas que foram às ruas em 2013 e com milhões de militantes que se distanciaram do PT por conta da política de colaboração de classes.

A luta por um governo socialista dos trabalhadores é levada nessas eleições pela Esquerda Marxista e os candidatos que lançamos. Convidamos todos os trabalhadores e jovens a discutirem a nossa plataforma política para estas eleições e as propostas dos marxistas para a crise que se avizinha.