Protestos em comunidades como Heliópolis e Paraisópolis são cada vez mais freqüentes em resposta à violência policial.
Nos 9 primeiros meses de 2009 já ocorreram 9 insurreições em comunidades pobres da capital paulista, com barricadas nas ruas, queima de ônibus e carros. As principais ocorreram em Paraisópolis, Jaçanã e Heliópolis. Todas em resposta a mortes de jovens moradores dessas comunidades causadas pela ação assassina das forças de repressão do Estado. Cada vez mais a polícia entra atirando nas comunidades pobres, matando trabalhadores e filhos de trabalhadores.
O último caso de violência policial ocorreu no dia 31 de Agosto, quando uma estudante de 17 anos, Ana Cristina, voltava para casa depois da escola, foi atingida e morta por um tiro no pescoço durante troca de tiros entre guardas civis de São Caetano do Sul (Grande São Paulo) e os suspeitos de roubar um carro.
Ana Cristina era uma jovem mãe. Deixou uma filha de 1 ano que agora crescerá sem mãe. Que futuro esta sociedade reserva para a filha de Ana Cristina e para os milhões de crianças que desde cedo dividem seu espaço de lazer e brincadeira com balas perdidas?
Tudo indica que o tiro que matou Ana veio da arma de um guarda. É importante destacar que os alvos dos tiros eram apenas suspeitos. Fora isso, temos outro questionamento: será mesmo que ocorreu troca de tiros, ou os tiros só vieram de um lado? Como todos que moram em regiões periféricas sabem, a policia não conversa, ela atira e depois pergunta.
E agora querem colocar a culpa no guarda, que foi expulso da PM há 10 anos e não poderia estar na guarda civil. E porque estava? Além disso, não se trata de responsabilizar apenas um policial, mas sim, termos claro quais os verdadeiros objetivos da polícia e a política que está por trás de suas ações.
O Governador Serra considerou inadequada a atuação da Guarda Civil Metropolitana de São Caetano do Sul, mas aprovou as ações da PM que reprimiu os moradores de Heliópolis que protestavam pela morte da estudante.
Ainda como pretexto de combater o crime, o Governo tenta impor “toques de recolher” em diversas cidades do estado de SP, proibindo que jovens fiquem nas ruas após determinados horários. Na verdade é uma forma de criminalização da juventude trabalhadora e de legitimar ações violentas da polícia contra os filhos dos trabalhadores.
Este caso de Heliópolis é mais um, dos tantos que andam acontecendo em praticamente todas as áreas periféricas e zonas pobres deste país. Os casos acabam por se repetir. No dia 8 de Julho aconteceu praticamente a mesma coisa: uma criança de 8 anos foi baleada de raspão em uma noite de quarta-feira durante um confronto entre policiais militares e dois suspeitos que estavam em uma motocicleta. E, pra variar, a própria polícia não sabe informar por quais crimes que estes “suspeitos” estavam sendo perseguidos.
Em 2008, no estado de São Paulo foram 431 mortes nos chamados “autos de resistência” (morte em confronto com policiais), ou seja, uma média de 1,04 morte para cada 100 mil habitantes. Neste ano em São Paulo, de acordo com o Jornal “Agora” (02/09/2009), policiais feriram ou mataram moradores durante tiroteios em favelas de São Paulo pelo menos oito vezes neste ano. Seis desses casos resultaram em protestos ou confrontos com a polícia. Mas sabemos que este número é bem maior. Quem mora na favela sempre sabe de mortes de vizinhos, conhecidos, amigos, que quase nunca aparecem nos jornais.
Isso tudo explica o porquê nessas regiões têm ocorrido uma série de protestos nos últimos meses. No dia 1º de Setembro, foi mais um protesto como resposta à violência da polícia que reuniu mais de mil pessoas. A tropa de choque do governo Serra foi acionada para colocar “ordem”, atirando e jogando bombas em cima dos manifestantes que não agüentam mais a repressão policial, as mortes ocasionadas pela polícia e a exploração que o sistema capitalista impõe.
Os manifestantes que acabaram sendo chamados de marginais pela mídia burguesa e pelo governo Serra, são os que lutam contra essa forma de ver o pobre como ladrão, que não aceitam calados esses atos de pura truculência e selvageria da policia paulista, que mata, utilizando como desculpa a manutenção da ordem.
A polícia é um braço armado do Estado burguês, age com violência contra os trabalhadores e filhos dos trabalhadores, especialmente nas periferias das regiões metropolitanas, onde concentra-se o excedente do exército de reserva da classe operária.
Vivemos sob o capitalismo, sistema que gera crises econômicas (como a que se passa agora), altos índices de desemprego, precariedade no transporte, na saúde e na educação, e nos demais serviços públicos. O crime acaba sendo um produto dessa sociedade desigual. A necessidade de uma revolução socialista está cada vez mais vigente, para não acabarmos na completa barbárie.
No Congresso Federal tentam diminuir a maioridade penal. No Rio de Janeiro é o caveirão anunciando que chega para “resolver o problema”. Os mesmos governos responsáveis pela destruição dos serviços públicos, em especial a educação, impõem o massacre na periferia.
Sem políticas públicas (educação, esporte, cultura, lazer, saneamento, transporte) e na falta de uma verdadeira organização de juventude de massas, cada vez mais jovens são levados a buscar as drogas ou a se unir ao crime organizado, estruturado principalmente em torno do tráfico de drogas.
Sem organização, as manifestações espontâneas de revolta acabam não resultando em avanços. Por isso nós precisamos nos organizar para derrubar essa sociedade de classes, para que todos tenham os mesmos direitos de fato. Assim possibilitando um mundo sem polícia e sem desigualdade, sem morte e desemprego. Só o socialismo pode abrir o caminho de verdadeiro progresso para a Humanidade.
Não há mais o que pedir aos trabalhadores que deram o sangue e o suor para esta luta. Foi com a luta e organização de muitos anos que o povo trabalhador e das periferias deste país elegeu Lula presidente. Mas a cada dia que passa fica mais evidente que essa vitória foi confiscada. Nada mudou e enquanto os mesmos continuarem no poder, nada mudará!
É preciso romper a colaboração de classes com a burguesia e seus partidos. Lula precisa romper as alianças com Sarney, Collor, Maluf e outros bandidos, apoiar-se na organização e mobilização popular e começar a governar no interesse do povo trabalhador do campo e da cidade. É hora de romper com os inimigos da classe trabalhadora e governar convocando e apoiando-se na mobilização de milhões de trabalhadores em luta por seus próprios interesses. Tem que governar para solucionar os problemas das periferias do país e dar qualidade de vida para todos! Sabemos que só lutando e nos organizando poderemos abrir esta via. Como dizia Marx: “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores!”
Não passarão! Todo apoio aos moradores de Heliópolis!
Não ao toque de recolher da juventude!
Polícia para quem precisa? Polícia para quem precisa de polícia?
Capitalismo Mata!
Mano, não mate! Mano, não morra! Paz entre nós e guerra aos senhores!
Juventude Revolução
Organização de jovens da Esquerda Marxista