Neste segundo semestre de 2019, o governo Dória e seu secretário de Educação, Rossiele (ex-ministro da educação de Temer), apresentam um pacote de medidas que visa a implementação da Reforma do Ensino Médio via ampliação do Programa de Ensino Integral (PEI ) e início das NOVOTECs/MEDIOTECs (Ensino Médio Técnico). E afirmam que esperam fazer da rede estadual de SP o modelo do que deverá ocorrer no país. Enquanto expressão estadual das políticas ultraliberais de Bolsonaro para educação pública, é preciso compreender esses ataques a fim de nos prepararmos nacionalmente para essas ofensivas.
O PEI
O Programa Ensino Integral (PEI) é um projeto privatista. É impulsionado desde 2012 em SP, diretamente pelo capital financeiro, estando a frente do processo, dentre outros, o bilionário Jorge Paulo Lemann. Listamos abaixo algumas consequências que o PEI traz à comunidade escolar:
- Remoção ex oficio (obrigatória e não negociável) do professor que não aderir ao programa. Este deverá ser enquadrado na escola regular geograficamente mais próxima.
- Estudantes que necessitam trabalhar no contraturno são excluídos.
- Fim da estabilidade e exclusão dos filhos da classe trabalhadora: o PEI exige professores e alunos com perfil determinado. Professores e alunos considerados subversivos ou que não atingem as metas estabelecidas são convidados a se retirar.
- Ausência de investimentos: neste tipo de escola o que vigora é a política de busca de parceiros, ou seja, empresas para adotar as escolas. E a manutenção desta “adoção” é sujeita ao alcance dos resultados positivos nos testes padronizados.
O NOVOTEC e o avanço da Reforma do Ensino Médio
Também uma fase de implementação da Reforma do Ensino Médio, esse programa promete certificar estudantes em cursos técnicos durante a fase de ensino médio, como administração, marketing, recursos humanos, informática para Internet, dentre outros. Essas formações poderão ocorrer junto ao Ensino Médio, em horários distintos ou mesmo virtualmente. Junto a isso, há redução drástica da carga horária das disciplinas regulares, visto que somente português, matemática e inglês permanecerão durante os três anos do ensino médio.
O governo promete trazer o padrão ETEC e FATEC para as escolas estaduais, supostamente profissionalizando os jovens. Uma mentira gigantesca.
A maior falácia do governo é aventar a possibilidade de que as escolas estaduais de SP possam, com a atual estrutura, formar de modo qualitativo os jovens em qualquer profissão. Enquanto nas ETECs há infraestrutura mínima e professores melhor remunerados, nas escolas regulares os alunos terão aulas em prédios caindo aos pedaços e com professores desvalorizados e doentes. Isso parece muito mais um ataque às ETECs, visando seu desmonte e pulverização nas escolas estaduais, do que uma ampliação das experiências das mesmas.
Em suma, o NOVOTEC não vai profissionalizar os filhos da classe trabalhadora, vai somente diminuir a carga dos conteúdos dos alunos restringindo seu acesso ao conhecimento. A oferta aos cursos virtuais ou fora da escola regular, provavelmente serão incumbência da iniciativa privada reforçando também seu caráter privatista. Junto a isso, gerará desemprego na categoria de professores, pela diminuição da carga horária.
Nossas tarefas
O governo Dória é o espelho de Bolsonaro no Estado de São Paulo. Assim, é preciso intensificar a luta por FORA BOLSONARO e, somado a isso, levantar o FORA DÓRIA como bandeiras de frente única em defesa da educação pública e que podem mobilizar a classe trabalhadora em direção à superação deste sistema.