Em nota, a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) manifesta posição contrária ao convênio firmado entre o governo do RS, Tarso Genro (PT), e empresas militares israelenses que fornecem equipamentos para a repressão do povo palestino. Reproduzimos abaixo a nota divulgada no dia 2 de maio:
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Estamos chocados ao ver que o Rio Grande do Sul, que foi apenas há alguns meses a sede do Fórum Social Mundial Palestina Livre, tenha na segunda-feira 29 de abril assinado um acordo para um grande pólo tecnológico baseado nas empresas militares israelenses Elbit Systems e sua subsidiária AEL, já instalada em Porto Alegre. O pólo militar essencialmente israelense vai envolver nossas universidades, institutos de pesquisa governamentais e empresas, ligando todos os elos em cumplicidade com a empresa israelense responsável por crimes de guerra.
Elbit Systems é um símbolo para a ocupação e apartheid israelense, que abastece a guerra e sistemas de repressão e controle na Palestina e em todo o mundo. Ela produz os drones usados nos ataques contra Gaza e no Líbano e fornece equipamentos para os tanques Merkava israelenses. O Muro do Apartheid de Israel, que isola as comunidades palestinas em guetos murados, tem proporcionado uma enorme fonte de rendas para Elbit e alguns dos assentamentos israelenses ilegais são “segurados” pela tecnologia Elbit. Por isto, existe um apelo ao boicote à Elbit na Assembleia da ONU. Elbit exporta sua tecnologia da repressão, da exclusão e do racismo em todo o mundo, como, por exemplo, nos EUA, onde está construindo o Muro da Morte ao longo da fronteira com o México.
Apoiamos o chamado palestino por um embargo militar imediato e denunciamos os crescentes laços militares entre Brasil e Israel, acordo após acordo, a nível regional e federal. O Brasil já se tornou o quinto mais importante importador de armas e tecnologia militar israelense; quase o dobro da quantidade das exportações israelenses para os EUA. A relação privilegiada do Brasil com o complexo militar-industrial de Israel permite a sustentabilidade econômica da indústria de guerra de Israel, que tem até 80% de sua renda com as exportações e investimentos externos.
Este projeto no Rio Grande do Sul leva as relações militares com Israel a um nível completamente novo: se não for parado, irá mover o complexo militar israelense ao centro do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul e da pesquisa e indústria de defesa brasileira. O acordo permite a Elbit explorar nossos trabalhadores e estudantes e o crescente mercado de armas na América do Sul e contribui ainda mais para a desnacionalização da indústria brasileira e para a dependência de interesses políticos israelenses.
Portanto, apelamos para a interrupção imediata de quaisquer negociações ou ações que implementam este Memorando de Entendimento assinado pelo Rio Grande do Sul. Defendemos a soberania dos povos e acreditamos que o único desenvolvimento econômico sustentável é aquele que respeita os direitos humanos e justiça social e política. Para atingir este exigimos o fim imediato das relações militares com Israel.
Fonte: Instituto Humanitas Unisino