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Por que o governo dos EUA está processando o Google?

“A exportação de capitais, uma das bases econômicas mais essenciais do imperialismo, acentua ainda mais este divórcio completo entre o setor dos rentistas e a produção, imprime umna marca de parasitismo a todo o país, que vive da exploração do trabalho de uns quantos países e colônias do ultramar.” (Imperialismo: fase superior do capitalismo, Lenin)

O Imperialismo é o estágio final do capitalismo, no qual um grupo de poucas famílias e Estados que alternam o controle financeiro do mundo inteiro, é desta forma que o capitalismo se organiza faz mais de cem anos. O Google ser agora acionado é mais um processo dessa divisão dos mercados. Como explicou Lenin:

“O imperialismo dos princípios do século 20 completou a partilha do mundo entre um punhado de Estados, cada um dos quais explora atualmente (no sentido da obtenção de superlucros) uma parte, do mundo inteiro.”

As divisões se alternam conforme as famílias vão alterando o controle dos mercados e dos Estados, e assim que surgem novas formas de distribuir mercadorias. Hoje os irmãos do Google, Larry Page e Sergey Brin, possuem, além da empresa que controla o Google, uma infinidade de outros negócios. Por exemplo, eles são sócios da Cosan, uma das maiores empresas financeiras do mundo, que investe em produção e distribuição de energia. Os irmãos do Google também possuem o monopólio do Android, mas o Capital e seus aparatos de repressão do imperialismo norte-americano querem mais fontes de dados, querem monitorar todos a cada momento, enquanto possuem o aparato de repressão do Estado mais armado do planeta.

Qualquer aparelho Android já possui navegador, mecanismo de busca, mapas e outras ferramentas de coleta de dados, como fotos e vozes, nativos. Todos esses mecanismos servem para coletar dados dos usuários e para gerar lucros para a Alphabet, empresa controladora do buscador Google.

Nada diferente do que fazem Apple e Microsoft desde o começo da sua existência. O documentário “Piratas da Informática: Piratas do Vale do Silício” (1999) mostra como tanto Apple quanto Microsoft utilizaram de roubos de tecnologia e esquemas financeiros para poderem obter seu controle sobre um mercado nascente de computadores pessoais. Vale lembrar que a Microsoft também tem uma mesma condenação por antitruste.

O que fez essa condenação foi encurtar o caminho entre o Estado e suas agências de repressão. Como já fazem a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) e o FBI, ao injetar backdoors, que são formas de acessar os dados do usuário, no Windows para aumentar a espionagem de pessoas. São ações típicas de um Estado bonapartista que buscar intensificar a repressão e a coação por meio da coleta de informações, agora disponíveis uma quantidade muito maior devido à pandemia.

Edward Snowden, ex-funcionário da NSA, já explicou como um simples nome ou endereço de e-mail já eram suficientes para coletar dados e acessos de autoridades, como um municiamento para outros aparatos do estado enquanto as empresas privadas obtinham os louros, os lucros.

Um dos documentos que Snowden vazou para o Wikileaks (leia o nosso artigo sobre o Wikileaks) explica como o governo do EUA usa essa estrutura da NSA e FBI para intervir politicamente em empresas do mundo todo, inclusive na Petrobras, que tem sido vendida aos poucos desde FHC, passando por Lula, Dilma e acelerou essa venda com Temer e Bolsonaro.

Lenin explica em sua brochura como o Estado é utilizado pelo Imperialismo, como empresas privadas tendem ao monopólio, e mais, como elas exportam suas leis. No Brasil, o Supremos Tribunal Federal (STF) tem importado as leis de países que mais fomentam a repressão e usam o EUA como exemplo. O Congresso também tem o mesmo ímpeto de trazer leis que aumentam a repressão, foi assim com a lei antiterrorismo sancionada por Dilma, bem como lei da delação premiada também sancionada pelo governo Dilma. Tudo para acelerar processos de maneira a prender mais gente. Essas leis que o PT quis importar foram usadas para desmontar, atacar indústrias e exportar trabalhadores dessas empresas para países avançados.

Também é o Imperialismo que controla diretamente grandes aparatos de mídia, fazendo todo dia propaganda das privatizações e das suas empresas que dizem ser super eficientes (mesmo com pessoas odiando os serviços das empresas já privatizadas como as telecoms), ou seja, estão sempre semeando o reacionarismo contra uma valorização dos empregos e dos direitos trabalhistas conquistados.

Na semana passada (15/10), três mil bancários foram demitidos e substituídos pela metade de trabalhadores de tecnologia da informação. Sempre o caminho dos donos das empresas é conseguir mais lucro não importa como, seja intensificando a exploração, fomentando guerras ou demitindo trabalhadores, automatizando com máquinas e sistemas mais modernos. O que importa é que esse lucro seja exclusivo dessas poucas famílias donas de 99% da riqueza produzida pela humanidade. O capitalismo se mostra, então, como uma forma obsoleta de organização social para um mundo com as tecnologias que dispomos hoje, que poderiam estar organizando nossas vidas de maneira mais saudável para todos ao invés de ser um eterno trabalho e frustração para uma classe social e um eterno jogo de poder e gozo para outra.