Porque publicamos “Stalin – Uma análise do homem e de sua influência”

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 13, de 20 de agosto de 2020. CONFIRA A EDIÇÃO COMPLETA.

Prefácio escrito para a primeira edição em português do livro “Stalin – Uma análise do homem e de sua influência”, publicado em setembro de 2017 pela Editora Marxista e Editora Movimento.

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O livro Stalin, escrito por Leon Trotsky, foi publicado pela primeira vez pela editora norte-americana Harper & Brothers, no final de 1941, em plena 2ª Guerra Mundial. Era o momento do ataque japonês a Pearl Harbour, em 7 de dezembro de 1941, que levou à entrada dos EUA na guerra, junto com os aliados europeus e a URSS, sob Stalin.

A pedido do aliado Stalin, o governo dos Estados Unidos pressionou a editora para recolher todos os exemplares da obra. Os livros desaparecem.

Só um exemplar escapa à destruição e sobrevive depositado na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Só em 1946, quando iniciava o período que se chamou de guerra fria, uma nova edição vem à luz. Nasce mutilada, deformada e até mesmo com “criações” do tradutor do russo, Charles Malamuth.

Dezenas de edições circulam pelo mundo traduzidas a partir do texto distorcido e mutilado. No Brasil, ele foi publicado em 1947, depois em 1980 e em 2012, todas com a mesma origem.

A edição que publicamos é a única reconhecida por Esteban Volkov, neto de Trotsky, diretor do Museu Casa de Leon Trotsky e que assina o prefácio deste livro. Cerca de 300 páginas dos manuscritos foram adicionadas. Isto confere a esta obra seu caráter inédito.

É um livro extraordinário, portanto, não só pelo seu conteúdo (uma obra prima!), como por sua própria história. Além do mais é a primeira vez que um gigante político escreve um livro sobre um anão intelectual.

O legado político de Stálin foi o terror burocrático, os Processos de Moscou, a destruição física do Partido Bolchevique, a matança de milhões de cidadãos soviéticos nos campos de concentração, deslocamento forçado de populações inteiras, transformação da Internacional Comunista num aparelho da polícia política stalinista, a KGB, a transformação dos partidos comunistas em serviçais do capitalismo.

Enfim, seu legado é ter enganado milhões de combatentes proletários em todo o mundo e manchado a bandeira da revolução e do comunismo, ter esmagado os Sovietes, destruído as conquistas de Outubro e preparado as condições para que seus discípulos, os burocratas privilegiados da Nomenklatura soviética, restaurassem o capitalismo e destruíssem a URSS. De seu cérebro deformado nem uma só ideia política sobreviveu. Nada!

Já o legado de Trotsky é extraordinário. A prova irrefutável disso é a sobrevivência e florescimento de suas ideias e seus métodos na atual situação mundial.

Nunca um homem foi tão perseguido politicamente, tão caluniado e difamado. Mas, foram seus opositores que desapareceram, nada legaram que possa fazer progredir a humanidade. Eles desapareceram teórica e politicamente nas trevas e não estarão no futuro.

Este foi o homem que, junto com Lenin, dirigiu a Revolução Russa, construiu o Exército Vermelho e venceu a guerra contra os 21 exércitos imperialistas que invadiram a Rússia soviética, construiu a 3 ª Internacional e manteve vivo o fio de continuidade do marxismo e do bolchevismo. Sua última obra, a 4ª Internacional, entretanto, foi destruída após a 2ª Guerra por discípulos medíocres. Mas, suas ideias, seu programa, suas perspectivas estão vivas e cada vez mais influenciam e orientam homens e mulheres em todo o mundo.

Porque acima de tudo Trotsky lutava com suas ideias, com as armas do marxismo, e jamais capitulou às pressões stalinistas, burguesas ou materiais desta sociedade em decomposição. Isso o torna grande, um gigante, e por isso ele foi capaz de educar homens e organizações que continuaram seu combate e mantiveram flutuando a bandeira do socialismo internacional até hoje.

As três principais contribuições de Leon Trotsky à teoria marxista são a Teoria do Desenvolvimento Desigual e Combinado, a Teoria da Revolução Permanente e a análise da degeneração do Estado soviético. Esta última, sintetizada no livro “A Revolução Traída”, estabelece as bases sociais e políticas do surgimento do stalinismo e da burocracia soviética, seu caráter de camada social parasitária e reacionária e explica o fim da URSS. São documentos imprescindíveis para quem pretende entender o mundo e a sociedade em que vivemos.

O livro que publicamos explica, ensina e esclarece fatos que fizeram o mundo em que vivemos hoje. E que necessita de obras como essa para varrer o lixo e moldar um mundo onde a felicidade seja a expressão da vida de toda a humanidade.

Originalmente publicado em 18 de dezembro de 2018.