No dia 18 de agosto de 2021 as centrais sindicais realizaram o primeiro “grande” ato contra a PEC 32, a Reforma Administrativa. Como explicamos anteriormente, esse dia foi simplesmente convocado, sem mobilização séria das direções das centrais. Algumas sequer dedicaram uma única postagem em seus sites para divulgar a data de paralisação. Foi uma oportunidade perdida. Muitos trabalhadores independentes se posicionaram, paralisaram, tomaram descontos salariais para compor esse dia. Contudo, viram novamente seus esforços se esvaírem nas falidas táticas institucionais do sindicalismo brasileiro. E a Central Única dos Trabalhadores (CUT), principal central do país, continua se prestando a um vergonhoso papel.
A entidade divulga, por exemplo, o site “Na Pressão” para que as pessoas enviem mensagens via WhatsApp, e-mail ou telefone a Deputados contra a PEC 32. Outra iniciativa, que aparenta ser um projeto maior da central, são as Brigadas digitais. Elas prometem se estabelecer como instrumentos de mobilização em nível digital. Desta forma, a CUT transfere a luta do terreno de classe e concreto para o institucional e o virtual.
Quanto à principal tática de enfrentamento à PEC 32, a entidade atua sob o slogan “Quem vota, não volta” e espera convencer parlamentares a votarem de modo favorável aos servidores frente às eleições de 2022. Porém, é só mais uma nova demonstração da falência política da maior central sindical brasileira.
O Congresso Nacional é uma instituição da classe dominante brasileira. É irreformável. Em sua maioria absoluta, seus representantes não passam de uma corja que representa empresários, banqueiros, ruralistas e obscurantistas de todos os matizes. Reduzir a luta a pressioná-lo é um erro. Em primeiro lugar, por fortalecer as ilusões democráticas nessa instituição, que é podre em essência. E, em segundo lugar, representa o abandono de uma política de independência de classe, de organização proletária como única saída para nossa situação.
Qual a saída?
Em tempos de divisão da burguesia brasileira quanto ao apoio ou rechaço ao governo Bolsonaro, de fome, miséria e destruição de direitos dos trabalhadores, da qual a PEC 32 faz parte, o ódio de classe se fomenta na sociedade.
A CUT deveria colocar todo o seu aparato e pessoal, todos os membros dos sindicatos que dirige, para visitar unidades onde haja servidores. Com isso, prepararia assembleias massivas para deliberar sobre um verdadeiro movimento nacional em defesa do funcionalismo público e para pôr abaixo o governo, hoje seu principal algoz. Ações como essas demonstrariam coesão organizativa nacional, fortaleceriam a confiança nas bases e possibilitaria a construção de um poderoso movimento contra a PEC 32, que poderia transbordar suas próprias forças.
Lembremos que em 2017 a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), dirigida pela CUT, convocou a greve nacional da educação para março daquele ano contra a reforma da previdência. Com uma mobilização efetiva, o processo ganhou peso e outras categorias do setor público e privado, como os condutores de São Paulo, aderiram à manifestação, parando a maior cidade do país. Isso preparou a greve geral de 28 de abril de 2017, que derrotou a Reforma da Previdência de Temer, com adesão estimada em 40 milhões de trabalhadores.
O contexto atual é ainda mais favorável do que em 2017. O evidente racha entre os poderes, que representa as divisões entre as facções burguesa em nosso país, mostra uma oportunidade histórica para nossa classe. Contudo, visivelmente com medo de uma explosão social que saia de seu controle, a CUT diminui o arco de ação e não desloca sua estrutura para a base das categorias.
Somente nossa organização, independente e de classe, dirigidas pela derrubada imediata do governo Bolsonaro, sem qualquer ilusão nas instituições burguesas poderá construir uma alternativa.
É por isso que a Esquerda Marxista segue na construção dos “Comitês Abaixo Bolsonaro Já” e mobilizando em todas as ações de classe em defesa da classe trabalhadora. Entre em contato e seja parte dessa iniciativa!