Primeiro de Maio: Símbolo de lutas e conquistas

Transformado em dia de festa dos trabalhadores junto com patrões e governo desde Getúlio Vargas, o Primeiro de Maio ressurgirá independente com as lutas revolucionárias e a luta pelo socialismo. O Editorial do Jornal Luta de Classes reafirma a tradição.

Meu Maio

A todos
que saíram às ruas,
de corpo-máquina cansado,
a todos
que imploram feriado
às costas que a terra
extenua
Primeiro de Maio!
O primeiro dos maios:
saudai-o enquanto
harmonizamos voz em
canto.
Sou operário
este é meu maio!
Sou camponês
este é meu mês.
Sou ferro
eis o maio que eu quero!
Sou terra
O maio é minha era!

(Vladimir Maiakovski)

1º de Maio – dia de luta
do trabalhador

Em 1º de Maio de 1886, em Chicago (EUA), são marcadas manifestações com a palavra de ordem: “8 horas de trabalho, 8 horas de descanso, 8 horas de educação”.
O choque com a repressão violenta é inevitável: 38 mortos, centenas de feridos e vários líderes presos. Depois de um julgamento absurdo (uma farsa), sob a acusação de terem assassinado um policial, cinco operários foram condenados à morte (Lingg suicida-se e Spies,
Parsons, Fischer e Engel são enforcados), Neebe, Schwab e Fielden são condenados à prisão perpétua.
Antes de sua morte, August Spies disse: “Com o nosso enforcamento, vocês pensam em destruir o movimento operário. Aqui vocês apagam uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescem e vocês não podem apagá-las.”
Enquanto isso a burguesia vociferava: “A prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social.” (Chicago Times); “Esses brutos (os operários) só compreendem a força, uma força que possam recordar durante várias gerações…” (New York Tribune).
Em 14 de Julho de 1889 o Congresso Internacional dos Partidos Socialistas, realizado em Paris, proclama o 1º de Maio como a data internacional de luta dos trabalhadores.
No Brasil os primeiros movimentos relacionados ao 1º de Maio aconteceram em 1890. Mas a primeira grande manifestação do 1º de Maio ocorreu no Rio de Janeiro, em 1906, organizada pela Confederação Operária Brasileira (COB – primeira experiência de central sindical do país). Contrariando as tendências da época, a COB combatia veementemente aqueles que encaravam a data como feriado, como festa. As palavras de ordem eram: jornada de 8 horas; melhores condições de trabalho; autonomia sindical.
De lá pra cá, os trabalhadores obtiveram muitas conquistas com sua luta: direitos como férias, 13º salário, jornada de 8 horas diárias, etc. Entretanto alguns direitos foram retirados, outros estão hoje ameaçados e outros estão ainda por serem conquistados.
Em 2008, em pleno Governo Lula eleito pelos trabalhadores, o 1º de Maio está marcado pela luta pela redução de jornada de 44 horas semanais para 40 horas semanais. A CUT está realizando as plenárias estaduais e realizará a plenária nacional em Agosto. Nas assembléias dos sindicatos que elegerão os delegados o que deve estar no centro é a independência da Central Única dos Trabalhadores, o que passa pela exigência da CUT para que Lula rompa com o governo de coalizão nacional com a burguesia e atenda as reivindicações dos trabalhadores!

Um poeta da revolução

Vladimir Maiakóvski nasceu no ano de 1893, na aldeia de Bagdadi, na
Rússia. Em 1908, com 15 anos, juntou-se aos bolcheviques, com 16 amargou 11 meses de prisão devido à militância política.
Suicidou-se em 1930 dando um tiro no próprio peito.

Maiakóvski foi um artista que abraçou a revolução russa de 1917 e colocou a sua arte a serviço do Estado operário, escreveu textos e desenhou cartazes durante a guerra civil. É autor de poemas e de peças teatrais inovadoras, sua filosofia era a de que “sem forma revolucionária não há arte revolucionária”.

Com a degeneração do Estado soviético e a ascensão da política stalinista, as garras da burocracia se estenderam também para a produção cultural; surgiu uma censura à arte que não era considerada “revolucionária” pelos burocratas, como a arte que experimentava novas formas, a arte que falava de temas como o amor. Tal ideologia era impensável quando Lênin ainda vivia e foi duramente criticada por Leon Trotsky.

Ao ver sua arte podada e toda a degeneração que sofreu a revolução
que ajudou a construir, por ser também ele “incapaz de ter plena consciência disso, no plano teórico, e, por conseguinte, de encontrar o caminho para superá-la” – como disse Trotsky – Maiakóvski foi levado ao suicídio aos 36 anos de idade. Trotsky diz ainda sobre o poeta: “Nos combates do período de transição, ele era o mais corajoso combatente do verbo, e tornou-se um dos mais indiscutíveis precursores da literatura que se dará à nova sociedade”.

Homenageamos esse poeta genial publicando seu poema Meu Maio nesse dia especial (1º de maio) para a luta dos trabalhadores em todo o mundo, luta que edificará uma sociedade justa, uma sociedade inspiradora e livre para propiciar o pleno desenvolvimento cultural da humanidade.

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