Imagem: The website of the President of Azerbaijan

Qual consenso Brasil foi buscar na COP29 em Baku?

Em novembro ocorre a COP29 em Baku, no Arzebaijão, reunindo representantes de Estados, observadores de empresas, organizações políticas e científicas.

O Azerbaijão está entre os 20 maiores produtores de petróleo. E fez acordos para aumentar o fornecimento para o mercado europeu. Seu presidente, Ilham Aliyev, anfitrião de quase 200 países reunidos, com mais de 60 mil pessoas no evento, afirmou que petróleo e gás são um “presente de Deus”. Enquanto mantém presos ou no exílio, militantes, jornalistas e pesquisadores críticos ao governo.

O Brasil emerge como “liderança ambiental” devido sua imensa riqueza natural e recorde de commodities agrícolas, safras e proteína animal. Inclusive a COP30, em 2025, acontecerá na Amazônia, em Belém. Outro significado do lugar do Brasil é seu governo de colaboração de classes. Na ausência de Lula, que não viajou por questões de saúde, a comitiva brasileira simboliza bem a Frente Ampla. Encontramos Geraldo Alkmin, vice-presidente e liderança do empresariado paulista, Marina Silva, do partido pequeno burguês REDE, e Sônia Guajajara, ministra do PSOL. E qual consenso o Brasil foi buscar em Baku?

A pauta da COP29 é a mesma de sempre para se chegar as mesmas falhas de antes. Discute-se a “meta climática” e o “financiamento climático”. O otimismo com os acordos realizados nessas conferências fica com os ingênuos. Até a imprensa burguesa denuncia que os acordos de metas climáticas e emissão de gases estufa não são cumpridos, e nem o dinheiro prometido chega aos países mais afetados pelos impactos. Sem contar que grande parte dos recursos empenhados pelos países imperialistas para mitigar o desequilíbrio no ambiente não chegam como doações, como se previa inicialmente, mas sim como empréstimos. Discutem eternamente quem é que vai pagar a conta e como criar meios de lucrarem com o problema, assim inventaram o chamado mercado de carbono. Numa conjuntura em que Trump vence as eleições e constrói um governo com negacionistas e magnatas do petróleo. Nesse cenário de completa farsa, Marina e Sônia Guajajara criticam a falta de ambição nas metas de emissão de gases e dão conselhos aos líderes das Nações Unidas, enquanto os investidores de petróleo riem e fecham negócios lucrativos.

A primeira discussão a ser feita deveria ser o perdão das dívidas pelos países que dominam o capital financeiro. Como vamos recuperar florestas e financiar política de meio ambiente com restrições orçamentárias, superáviti primário e teto de gastos? Nesse momento, no Brasil, por exemplo, se discutem mais cortes de gastos no orçamento. Enquanto não há servidores do IBAMA/ICMBio suficientes para fiscalização ambiental, instituições científicas imprescindíveis como a UFRJ estão sem água e energia por falta de pagamento.

Os eventos extremos não são assuntos para daqui há 100 anos. É um assunto para hoje.  As ondas de calor, estiagem prolongada, incêndios florestais e aumento de furacões custam a vida de milhões de pessoas, em um número cada vez maior de países.

Os capitalistas em geral não são indiferentes ao cenário de crise ambiental, mas estão interessados em construir um consenso que não reduza o lucro de suas empresas. Isso é possível? Vimos na última semana como a Shell ganhou um recurso na Justiça da Holanda contra a decisão que obrigaria a petroleira a reduzir emissões de carbono. Que consenso pode ser construído com Shell, Trump, bancos, governos de países líderes de produção de petróleo?

As soluções para enfrentar os impactos das mudanças climáticas existem. Construir uma política de desmatamento zero e redução de emissão de gases estufas, estão entre elas. Realizar um planejamento urbano eficiente também. Mas tudo isso esbarra no bolso de grandes empresários e governos que servem aos seus interesses. De nossa parte, a palavra de ordem continua sendo “trabalhadores de todo o mundo, univos”. A corrida contra o relógio no combate às  mudanças climáticas é a corrida para os trabalhadores assumirem o controle das grandes empresas e dos Estados, com um planejamento democrático à luz da ciência e do interesse público.