Até quinta-feira devem ser anunciados nomes para o ministério do segundo mandato de Dilma. Dentre eles, Joaquim Levy, presidente do Bradesco, para a Fazenda, e Katia Abreu para Agricultura. Qual o caráter desse governo?
Depois de um suspense, a presidente Dilma convidou um banqueiro, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, para o cargo de Ministro da Fazenda. Mas, ele não aceitou. Entretanto, a nossa presidente é rápida no gatilho e insistente. Conseguiu outro nome para o ministério, indicado pelo próprio Trabuco, o Joaquim Levy, que, surpreendentemente, também ocupa um cargo de diretor do Bradesco, diretor-superintendente do Bradesco Asset Management. Levy aceitou o cargo e o anúncio oficial deve ocorrer até quinta-feira.
Acredito que eu ouvi e todos que viram o debate da Globo também viram quando a presidente acusou Aécio de já nomear, antes de eleito, um nome do mercado financeiro para ministro da fazenda. E muitos dos que foram às urnas nas últimas eleições foram justamente votar contra esta medida. E qual a primeira medida de Dilma, logo depois das eleições?
Primeiro os juros foram aumentados, depois a gasolina foi aumentada e agora nomeado um banqueiro para o ministério da fazenda? Afinal, quem ganhou as eleições? Dilma ou Aécio?
Se nós podíamos caracterizar o governo Lula como um governo de frente popular, com a participação da burguesia em um governo de um partido operário, ainda que com todas as deformações deste partido, se no primeiro governo Dilma ainda era um quadro do PT que era ministro da fazenda. Como caracterizar agora este governo no qual o principal ministro é representante direto do Bradesco, do mercado financeiro?
A nossa opinião é simples, este é um governo burguês encabeçado por um partido operário burguês, o PT. Com uma presidente que pertence formalmente ao PT – mesmo que Dilma faça questão em uma entrevista de descomprometer-se com as resoluções do partido. A equipe de governo que começa a ser anunciada, com Katia Abreu, latifundiária conhecida, líder da bancada do agrobusiness no Congresso e presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Armando Monteiro, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e candidato derrotado ao governo de Pernambuco, além de Levy, mostra muito bem o caminho de Dilma
A Esquerda Marxista sabe que os próximos tempos serão duros. A maioria absoluta da direção do PT, assim como os dirigentes sindicais, ficarão paralisados e farão milhares de explicações para este verdadeiro estelionato pós-eleitoral. Além disto, tecerão loas à Reforma Política e à Dilma, por extensão, enquanto os ministros cuidarão de explorar cada vez mais os trabalhadores e pobres, nomeados por Dilma justamente para isso. O mercado penhoradamente agradece, gritarão contra o escândalo da Petrobras e torcerão para que isso acabe logo, já que os negócios “precisam ser retomados.”
A Esquerda Marxista convida os trabalhadores, os jovens, as organizações que se colocam ao lado dos trabalhadores para juntos discutirem uma frente de esquerda para combatermos as medidas de retirada de direitos que este governo, este ministério, organizará. A luta é dura, mas juntos poderemos vencer.