Duzentos mortos no acidente. As investigações, dizem os “responsáveis”, vão durar no mínimo 10 meses. As famílias, indignadas, choram e cobram justiça. A burguesia aproveita, intensifica a sua pressão sobre o governo e organiza uma manifestação de 6 mil pessoas para gritar “Fora Lula” e pressionar pela privatização da Infraero. É o resultado da aliança com o inimigo, com a burguesia. O novo Ministro da Defesa – Jobim – é mais um burguês no governo, desta vez importado diretamente dos amigos de FHC. Lula propõe uma série de medidas que terminam com “abrir o capital da Infraero” e a burguesia, fortalecida, sai às ruas para exigir a derrubada do seu governo. No congresso estão as medidas do governo: o PLP 01 (que congela o salário dos servidores), a Emenda 3 (que proíbe a fiscalização do trabalho escravo, vetada por Lula após ser aprovada pela “maioria parlamentar do governo”), as Fundações copiadas do Decreto Lei 200 editado pela ditadura militar em 1967 (acabando com a estabilidade dos servidores).
Mas a burguesia quer mais. Depois que se sente segura de que Lula a cada crise abre mais espaço para ela, os patrões exigem mais, exigem que Lula aceite a Emenda 3, exigem rapidez na privatização das rodovias, declaram que a CLT tem muitos “entraves”. Eles querem destruir todos os direitos da classe trabalhadora. Todos vêem: a responsabilidade pelas mortes e a ganância das empresas aéreas, da burguesia, que o governo de coalizão acoberta! Elas exigiram a abertura da pista antes do prazo e o governo cedeu. Elas voaram sem fazer os consertos nos aviões e o governo não fiscalizou. E agora, depois do leite derramado, querem mais, privatizando a Infraero!
Por isso, no Encontro dos Sindicalistas do PT, a indignação era geral. Mas não adianta só se indignar. É necessário agir, é necessária uma política para enfrentar a maioria da direção do PT, uma política socialista, partindo das reivindicações justas dos trabalhadores: Reestatização da Vale da Rio Doce e de todas as empresas privatizadas, estatização das fábricas ocupadas, fim da intervenção na CIPLA e Interfibra, reforma agrária sob controle dos trabalhadores, assentamento imediato de todos os acampados, não pagamento da dívida, manutenção do veto à Emenda 3, contra o PLP 01 e o projeto de fundações que acabam com a estabilidade dos servidores, contra a proibição das greves no serviço público.
É preciso dizer alto e claro: para avançar, o PT tem que exigir o rompimento do governo de coalizão e a constituição de um governo do PT e dos partidos operários, apoiado nas organizações de massa dos trabalhadores e juventude, que se enfrente com a burguesia.
Este é o combate de todo petista que se mantém fiel à luta da classe trabalhadora. Esta é a proposta central de nossa tese ao III Congresso do PT. O Brasil que queremos é socialista. Junte-se a Esquerda Marxista do PT para ajudar este combate político.