A unidade nacional contra manifestantes e intensificação da repressão, dirigida por Dilma e anunciada pelo ministro José Eduardo Cardoso, progride e agora já tem mais uma vítima mortal. A selvageria das PMs, acobertadas e defendidas pelo governo federal, é impressionante.
A unidade nacional contra manifestantes e intensificação da repressão, dirigida por Dilma e anunciada pelo ministro José Eduardo Cardoso, progride e agora já tem mais uma vítima mortal. A selvageria das PMs, acobertadas e defendidas pelo governo federal, é impressionante.
No fim da tarde de 6 de fevereiro, centenas de jovens, alguns mascarados, muitos não, ocuparam a Estação da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Eles pularam as catracas e as “liberaram” para a população. Era mais um protesto contra os aumentos nas tarifas dos transportes. A Polícia Militar reprimiu com máxima violência – agrediu a todos, manifestantes ou não, com socos, chutes, cacetadas, balas de borracha, gás lacrimogêneo e bombas dentro da Central.
Fugindo da violência da PM, o vendedor ambulante que trabalhava no local, Tasman Amaral Accioly, 63 anos, foi atropelado na Avenida Presidente Vargas e morreu. Os grandes jornais e telejornais não falam disso. O cinegrafista da Band, Santiago Ilídio Andrade, cobria a manifestação quando foi atingido por um artefato, que se chocou com sua cabeça e explodiu. Ele caiu no chão e uma poça de sangue o envolveu. A PM atirou mais bombas. Indignados, todos os presentes, manifestantes e outros profissionais da imprensa, acusaram e xingaram a PM. O socorro demorou muito.
Um jornalista da Globo News (canal de TV fechada da Globo) que estava no local afirmou ao vivo: “A Polícia Militar tentava dispersar os manifestantes e lançou várias bombas de efeito moral e um destes artefatos estourou bem perto do cinegrafista da Band. Eu estava a alguns metros e vi quando isso aconteceu. Ele na mesma hora caiu no chão e ficou com um ferimento na cabeça, perdendo bastante sangue. Colegas e outras pessoas que estavam próximas obviamente correram para tentar ajudá-lo. Cercaram o cinegrafista [que estava] no chão e alguns PMs lançaram ainda mais bomba, o que provocou mais confusão”.
Então surgiu o advogado Jonas Tadeu Nunes, que disse representar o manifestante Fábio Raposo e informou que seu cliente passou o rojão que teria atingido Andrade a outra pessoa, que o teria acendido. Orientado, o jovem entregou-se e confirmou a versão, delatando o segundo manifestante. Na imagem, Raposo aparece entregando um objeto a um homem branco que usava capuz. Ele afirma que entregou a Caio Silva, que é negro e aparece nas imagens com uma roupa parecida, mas sem capuz. Em outra imagem que circula na internet o encapuzado que teria acendido o rojão aparece sem capuz, conversando com soldados da PM. Seria ele um P2 infiltrado entre os manifestantes? A imprensa e todos fingiram que não há diferença entre um branco e um negro e começaram a procura por Caio Silva.
O advogado, então, disse representá-lo também, ajudou a polícia a encontrá-lo e prendê-lo! O jovem entregou-se e “confessou” ter acendido um rojão. Quem tem um advogado de defesa desses não precisa de promotores de acusação.
Dilma, Paes e Cabral são os verdadeiros responsáveis pela morte do cinegrafista
Jonas Tadeu Nunes é o mesmo advogado que defendeu uma das maiores máfias da história do Rio: os irmãos que foram presos graças à CPI das Milícias, liderada pelo deputado Marcelo Freixo. É evidente a ligação do advogado com as milícias. O Jornal O Globo soltou a seguinte manchete pouco antes de Silva se entregar: “Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo”.
Óbvio está que o cinegrafista foi morto por um artefato explosivo que não era um rojão. Isso pode ser comprovado pelas características do ferimento que o levou a óbito e por todas as testemunhas que estavam no local. O advogado das milícias arrumou um “bode expiatório”, que topou confessar o crime – pago ou coagido (não é possível saber que tipo de ameaças as milícias fizeram a ele e sua família). Agora, buscam envolver um parlamentar de esquerda que vem combatendo as milícias no Rio.
Qual o alvo da repressão?
Porém, o alvo da burguesia não é Marcelo Freixo. Essa é apenas a ponta do iceberg. Estão na mira todos os partidos de esquerda, organizações, movimentos populares, operários e estudantis. Estão sendo caçados todos os que não aceitam mais ficar calados e expressam sua indignação em manifestações de rua. É alvo, principalmente, o povo trabalhador, que começa a exigir mudanças desde junho.
É por isso que o senador Jorge Viana (PT-AC) queria acelerar a votação do Projeto de Lei Antiterrorismo, que visa qualificar manifestações, greves e ocupações como atos terroristas puníveis com até 30 anos de prisão.
Na verdade, a burguesia busca adequar o aparato de Estado às suas necessidades. Ela o faz para enfrentar a nova situação, onde a crise internacional se aprofunda e cada vez mais faz erodir a fina camada da encosta que sustenta a aparente estabilidade da economia brasileira.
Os Black Blocs cada vez mais são utilizados e manipulados pela repressão. Servem para “legitimá-la” perante a opinião pública, não somente contra eles, mas contra todos! São inúteis para a luta contra o capitalismo e fazem muito mal aos movimentos de massa organizados.
A tragédia da atual situação só poderá acabar com a volta das massas às ruas e a entrada em cena da classe trabalhadora organizada com seus próprios métodos de luta. Só a mobilização de massas organizada e com métodos sadios poderá fazer recuar a onda de repressão que se desenvolve em todo o país (com a conivência da cúpula petista).
A Esquerda Marxista segue na luta contra a repressão e contra a criminalização dos movimentos sociais. Lutamos pela dissolução das PMs. Condenamos os métodos individuais e antidemocráticos dos Black Blocs e a colaboração de classes levada a cabo pela direção do PT com a burguesia e seus partidos. Acima de tudo, condenamos a repressão nacionalmente organizada pelo governo federal e pelos estados, que estão unidos contra o direito democrático de livre manifestação.
Somos socialistas! Lutamos pelas liberdades democráticas! Lutamos pelo fim da propriedade privada dos grandes meios de produção! Pela revolução!
Organização Comunista Internacionalista (Esquerda Marxista) Corrente Marxista Internacional