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Racismo e exploração capitalista – morrem mais negros e latinos nos EUA

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 04, de 16 de abril de 2020. Confira a edição completa

É fato que os dados totais dos  EUA não foram compilados. Mas onde foram feitas as estatísticas, proporcionalmente, morrem mais negros e latinos que brancos. Na verdade, a pesquisa que deveria ser feita é outra – quantos morrem que são trabalhadores em relação ao total de trabalhadores, e quantos morrem que são burgueses e pequeno-burgueses. 

O resultado seria explosivo. Afinal, os que mais perderam renda nos últimos decênios, são os que mais morrem. Esta é a realidade cruel em um país que não tem serviço público de saúde e onde só são atendidos os que têm plano de saúde. 

Há algumas dezenas de anos atrás, a maioria das empresas oferecia no “pacote” empregatício planos de saúde que cobriam quase tudo. Mas o tempo foi passando, e o afã de mais lucros, combinado com a entrega de direitos que os sindicatos faziam, levou a que a maioria, hoje, que tem plano de saúde, inclusive, conte com muito pouca cobertura. Alguns planos são específicos em afirmar que não cobrem gastos com epidemias. Ou seja, estes estão como os que não têm plano!

Além deste fato, a alimentação e as condições de trabalho pesam, definitivamente, nas condições de saúde. Alguém que trabalha de 50 a 60 horas por semana, não tem condições de fazer exercícios regularmente, e a comida de fast-food leva a um aumento de gordura e de açúcar no sangue, ou seja, diabetes e complicações cardíacas. Este é o ambiente onde um vírus como Covid-19 leva diretamente à morte, sem que os trabalhadores tenham ao menos direito ao tratamento.

A potência do capitalismo dos EUA é imensa. O governo vai fornecer uma ajuda mensal de 1.000 dólares por mês (aproximadamente R$ 4.200, sete vezes mais que os R$ 600 do governo brasileiro). Além disso, ordenou a modificação de fábricas para que equipamentos necessários, que hoje são produzidos na China (como EPI ou ventiladores para respiração), sejam produzidos internamente. Fábricas de automóveis receberam a ordem direta, sem possibilidade de recorrer. A batalha por novos remédios, por novos testes e por vacinas tem seu ponto mais avançado exatamente nos EUA. Mas também lá é onde se tem a maior quantidade de infectados do planeta e a maior quantidade de mortos, inclusive diárias.

A explicação se encontra acima. Mais de 25% da população dos EUA encontra-se abaixo da linha de pobreza, milhões dependem dos auxílios para compra de comida, milhões não têm teto, vivem nas ruas, em carros e em praças! E não são mendigos, são trabalhadores que não podem sustentar uma casa! 

As previsões econômicas são catastróficas, como resultado de tudo isso. Prevê-se que mais de 10% estará desempregado (hoje o desemprego é menos que 3%) e que o PIB, que vinha crescendo a taxa de 2-3% ao ano, deverá recuar entre 5-10%! Para completar, a decisão de Bernie Sanders de abandonar a corrida presidencial leva a um novo patamar de desespero. A luta da CMI para a construção de um partido operário de massas nos EUA é, mais que nunca, algo necessário para oferecer aos trabalhadores uma saída para esta situação desesperada.