Na segunda-feira (8), o transporte público mais caro do Brasil voltou à circulação, após liberação da prefeitura de Joinville (SC). Já no primeiro dia, a superlotação nos horários de pico mostrava que o discurso de “retorno seguro” é uma mentira. O que a prefeitura está fazendo é levando o povo a se contaminar como rebanho como vem explicando em entrevistas.
A cidade registra 490 casos de Covid-19 e 23 mortes pelo vírus, mas o próprio prefeito burguês, Udo Döhler (MDB), admite a subnotificação. Mesmo com estes dados, a burguesia local concretamente não parou sua produção durante a quarentena, e agora, conseguiu o retorno do transporte.
As duas empresas que controlam o transporte municipal há décadas e impõem a passagem mais cara do país, não precisaram forçar muito para que o prefeito aceitasse o retorno, pois, segundo o próprio defende, a tática é a “imunização de rebanho”, conforme explicamos. Os empresários da Gidion e Transtusa pressionaram o prefeito de sua classe, pela suas incansáveis buscas pelos lucros às custas dos trabalhadores.
O governador bolsonarista Carlos Moisés (PSL), abandonou sua máscara “humanizada” do começo da pandemia e determinou que cada região do estado tem autonomia para “voltar à normalidade”, sendo este o principal argumento do prefeito burguês, que defende o fim da quarentena desde o final de abril.
Hoje, os ônibus estão lotados, as pessoas aglomeradas. As supostas medidas de segurança sanitária não possuem qualquer validade, pois a superlotação dos transportes é inerente à necessidade dos trabalhadores diante das precárias frotas disponibilizadas pelas empresas privadas.
Ironicamente, a prefeitura começou a fazer barreiras sanitárias nos terminais, porém, os testes são por amostragem dos usuários do transporte. Após responder algumas perguntas sobre o estado de saúde, o usuário é submetido ou não ao teste, como se fosse possível controlar a pandemia com “perguntas” sobre o coronavírus. Em teoria, o objetivo é “testar em massa“, mas, na verdade, a própria prefeitura diz que há testes para apenas 10% da população. Como diz o ditado, “é coisa pra inglês ver”.
A imprensa burguesa, os políticos e a direita em geral irão culpar o “povo” abstratamente, atacando os trabalhadores, chamando-os de irresponsáveis pela proliferação do vírus. Do outro lado, os sindicatos silenciam.
Para além da “contaminação de rebanho”, esta é uma das estratégias da burguesia para eximir-se da responsabilidade pelas mortes causadas pelo seu sistema. Os trabalhadores, por sua vez, não possuem qualquer culpa, ao contrário, são as vítimas. Muitos que estavam utilizando meios mais seguros de transporte, pois as empresas eram responsáveis por garantir esse direito aos que trabalharam durante a quarentena, agora simplesmente as empresas se eximem da responsabilidade e a única forma é o transporte coletivo. Outros, foram obrigados a retornar ao trabalho presencial e estão utilizando do transporte público apenas por necessidade.
Irresponsáveis e causadores das mortes e contaminações que aumentarão nas próximas semanas são os burgueses, que importam-se apenas com o próprio lucro e a exploração da força de trabalho de nossa classe. Estes são os verdadeiros responsáveis pelo fim da quarentena, pela escassez de materiais sanitários e atendimento médico para a população.
Em meio a isso, é preciso a organização da classe trabalhadora, sendo a única forma de combate ao vírus e ao capital. Para organizar-se, entre em contato conosco e faça parte de um Comitê de Ação pelo Fora Bolsonaro.
- Fora Bolsonaro! Por um governo dos tabalhadores sem patrões nem generais!