Foto: Wilson Dias, Agência Brasil

Recorde de desmatamento na Amazônia: é preciso derrubar o sistema!

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo Especial nº 21, de 10 de dezembro de 2020. CONFIRA A EDIÇÃO COMPLETA.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou no dia 30 de novembro os dados provisórios do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020. Os números mostram um aumento de 9,5% em relação ao período anterior e tornam evidentes mais uma vez as consequências da política destrutiva do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente.

Os dados de agosto de 2018 a julho de 2019 já haviam apresentado um aumento de 34%, grande parte durante o governo Bolsonaro, quando os capitalistas do agronegócio se viram confiantes o suficiente para realizar um “dia do fogo” na Amazônia.

Até junho o Inpe havia registrado uma sequência de 14 meses de aumento no desmatamento e os dados divulgados agora mostram que a Operação Verde Brasil, que colocou o exército para “proteger” a floresta, de nada adiantou.

Num discurso hipócrita, Mourão disse não haver o que comemorar nos dados e que o governo iria “investir mais” nos meios de proteção. Trata-se, no entanto, do mesmo governo que tem minimizado a destruição da Amazônia desde o primeiro dia e que minou os recursos dos órgãos de fiscalização.

Bolsonaro, em um de seus chiliques, ameaçou divulgar os países estrangeiros que compram madeira retirada ilegalmente da Amazônia. Porém, os grandes responsáveis pela derrubada de árvores são os seus amigos do agronegócio, que avançam suas áreas de pasto sobre a floresta.

Levantamento realizado por uma ONG internacional indica que os três maiores frigoríficos brasileiros, JBS, Marfrig e Minerva, compraram gado de 379 fazendas de desmatamento ilegal na região amazônica. Isso ao mesmo tempo em que a JBS afirmava ter praticamente 100% de sua carne proveniente de fazendas legais.

Ainda assim, outro documento apresentado por entidades ligadas ao meio ambiente mostrou que o próprio presidente do Ibama, Eduardo Bin, mudou uma regra para permitir que madeireiras do Pará vendessem ao exterior apresentando apenas um documento produzido por elas mesmas. Isso foi o mesmo que dar a elas um cheque em branco para a venda de madeira ilegal no mercado internacional.

Todos os caminhos da destruição na Amazônia levam a Bolsonaro e sua caterva. Quase metade do desmatamento verificado pelo Inpe se concentrou no Pará, seguido por Mato Grosso, Amazonas e Rondônia. Não à toa essa região é a atual fronteira do agronegócio e concentra a maior quantidade de conflitos por terra, grilagem e assassinatos de lideranças camponesas e indígenas. 

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Pará teve 53 assassinatos de lideranças camponesas nos últimos 40 anos. No mesmo período, 28 dos 49 massacres no campo ocorridos no país aconteceram no estado. Altamira, município mais próximo da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, e Marabá, onde estima-se que 70 garimpeiros de Serra Pelada foram mortos pela PM nos anos 1990, estão entre os cinco mais violentos do país e ficam nessa mesma região.

O desmatamento, as queimadas e toda a destruição da Amazônia tem uma causa comum: o capitalismo. É este sistema podre e seus representantes que coloca o lucro acima da vida e das necessidades humanas, espalhando morte por onde passa e deixando milhares de pessoas sem suas condições básicas de sobrevivência.

O desmatamento não começou com Bolsonaro, seu aumento já era observado nos governos reformistas e conciliadores do PT, tampouco vai terminar junto com ele. É preciso pôr abaixo esse governo e o capitalismo e construir uma sociedade socialista onde todos os recursos estejam sob controle dos trabalhadores e voltados para atender às necessidades das pessoas e não do lucro.

Para proteger a Amazônia, o primeiro passo é varrer o governo Bolsonaro e tudo o que ele representa.