No dia em que sancionou a Reforma do Ensino, 16 de fevereiro, Michel Temer discursou: a medida faz parte de um “governo de reforma e ousadias”. Que, como não tem nenhum apoio e muita rejeição, investe fortemente em propaganda no rádio, na TV e na internet para mentir sobre a Reforma do Ensino, fazendo parecer que se preocupa e quer melhorar a educação pública.
As propagandas afirmam que quem conhece e entende a reforma concorda com ela. Utilizam uma pesquisa contratada pelo próprio governo ao IBGE, segundo a qual, 72% dos entrevistados concordam com a medida. Isso é medido pela resposta à tendenciosa pergunta: “O senhor é a favor ou contra a reformulação do ensino médio que, em linhas gerais, propõe ampliação do número de escolas de ensino médio em tempo integral, permite que o aluno escolha entre o ensino regular e o profissionalizante, define as matérias que são obrigatórias, entre outras ações?”
A Esquerda Marxista vem explicando desde a apresentação da Medida Provisória que ela causará, em pouco tempo, o fim da educação pública brasileira. Isso porque as “outras ações” da reforma, camufladas na pergunta do IBGE e nas propagandas do governo são: a legitimação da privatização da escola, permitindo que se contrate, com dinheiro público, empresas para ministrarem cursos que farão parte da carga horária regular; a redução da carga horária mínima para o ensino médio das atuais 2.400 horas para a metade, 1.200 horas; a contratação de professores com “notório saber”, destruindo a carreira dos professores habilitados e a qualidade do ensino.
O discurso do governo é de que vivemos tempos em que a austeridade e a redução dos gastos públicos são necessários. Mas, segundo a Folha de São Paulo, R$ 295 mil foram pagos para youtubers elogiarem a reforma. Apesar dos aviltantes esforços desse governo que não nos representa em distorcer o ataque que faz ao nosso direito de educação, a juventude não é boba. Deu em 2016 demonstrações de que está consciente da necessidade de combater a reforma e lutar para que tenhamos educação pública, gratuita e para todos, em todos os níveis. Neste ano que se inicia, nossa tarefa é construir um forte movimento de massas, de estudantes e professores, capaz de derrubar, junto com a reforma, Temer e o Congresso Nacional.