A Polícia Militar, pela primeira vez em trinta anos, entrou na Cidade Universitária (Campus Central da USP) para atacar estudantes, professores e funcionários numa tarde de sangue, bombas e tiros.
No início de Maio, os funcionários, primeiros a sentir os efeitos da crise capitalista, entraram em greve. Um corte de 5.200 trabalhadores foi anunciado. O companheiro Claudionor Brandão (dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores da USP – SINTUSP) foi demitido por organizar um piquete junto com os trabalhadores terceirizados. A promessa de um reajuste salarial não cumprido havia colocado os trabalhadores em luta com uma forte greve.
Professores e funcionários discutiam nas suas instâncias a possibilidade de aderir à greve. A principal reivindicação dos docentes era, também, um reajuste salarial não cumprido e os estudantes se mobilizavam para barrar a UNIVESP (Programa do Governador Serra de Ensino a Distância), barrar a repressão, contra a demissão de Brandão e contra a redução de verbas por conta da crise.
Foi quando a reitora Suely Vilela pretendeu dar um tiro de misericórdia na greve dos funcionários. Para impedir que um piquete, instrumento legítimo da luta dos funcionários, em frente o prédio da Reitoria ocorresse, ela chamou a tropa de choque da Polícia Militar, com seus escudos, bombas e cassetetes. A PM não entrava dessa forma na universidade desde 1979, desde os anos de chumbo da ditadura militar.
A atitude demonstrou o caráter do Governo Serra que está preparado para acabar com a luta dos movimentos sociais através de repressão brutal e como a Reitoria negocia com os funcionários, professores e estudantes.
Mas, a pretensão da reitoria de acabar com a mobilização dos funcionários através da repressão policial foi o seu maior erro. O tiro saiu pela culatra. A entrada da PM deu outro caráter à mobilização, as assembléias estudantis encheram, greves começaram a ser tiradas nos cursos, os estudantes paralisaram as aulas e intensificaram as discussões. Dois dias depois da entrada da PM em assembléia extraordinária os professores decidiram pela greve! Na Quinta-Feira (4/6), a assembléia geral dos estudantes decidiu pela greve numa gigantesca assembléia em frente à Reitoria!
Os estudantes aprovaram que não haveria aula com a polícia dentro da universidade. Foi tirada uma pauta unificadora com três pontos fundamentais:
– Fora PM da universidade!
– Fora Suely, diretas para reitor!
– Abaixo a UNIVESP!
O indicativo foi construir a mobilização nos cursos que ainda não haviam aderido à greve e expandir a luta para as outras universidades estaduais. Atos públicos foram aprovados na assembléia e a greve dos funcionários que caminhava para o fim ganhou força com a unificação dos três segmentos.
Estava marcado para Terça-Feira, 09/06, um grande ato unificado com os três segmentos e com as estaduais paulistas (USP, UNESP, Fatec e Unicamp) em frente ao portão 1 da USP para repudiar a presença da polícia no Campus e exigir “Fora PM” e “Fora Suely”.
A Polícia Militar entrou em confronto com os estudantes, funcionários e professores transformando a Cidade Universitária em uma praça de guerra durante a tarde toda. A tropa de choque da PM não poupou força para reprimir brutalmente os manifestantes. Foi lamentável ver a polícia atirando bombas dentro da universidade, local onde as discussões são resolvidas através de debates e confronto de idéias.
A resposta dos alunos, professores e funcionários foi imediata: Uma assembléia geral dos estudantes no mesmo dia decidiu a intensificação da greve, o prédio da História e Geografia foi ocupado pelos estudantes. A assembléia dos professores (a maior dos últimos anos) aprovou a permanência da greve enquanto Suely Vilela se mantiver no cargo. Na UNICAMP funcionários e estudantes, diante do que ocorreu na USP, aprovaram greve.
Agora é hora de o movimento intensificar suas lutas, fazer ecoar em todo o Estado, em todas as universidades estaduais e pelo Brasil afora, o que ocorreu dentro da USP. Deve-se exigir das entidades centrais dos estudantes (UNE, UEE-SP, DCEs) o comprometimento de dar os meios para que todos os campi do Estado aprovem greves contra a repressão.
Construir um grande ato unificado na cidade de São Paulo tem que estar na ordem do dia. Nosso dever é defender cada conquista e cada centímetro de terreno conquistado. Se essa luta é contra o responsável direto que é o governo do Estado, também é verdade que esta situação é praticamente a mesma nas Universidades Federais, onde a responsabilidade é de Lula.
Para resolver definitivamente esta situação é preciso lutar para enterrarmos de vez o capitalismo e criarmos uma nova sociedade, sem patrões e sem PMs.
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Leia também o artigo USP Sitiada de 03/06/2009.