Nos últimos três anos, sob a direção da corrente O Trabalho, do PT, presenciamos um retrocesso sem igual para o conjunto da categoria dos servidores públicos de Joinville. Por outro lado, é impossível apagarmos da história recente da categoria que, após os mandatos da Corrente Sindical Esquerda Marxista (CSEM) no comando do sindicato de 2010 a 2019, uma das principais conquistas foi o restabelecimento da democracia nas instâncias deliberativas, com a criação do Conselho de Representantes. Essa conquista política e organizativa da categoria, ampliou a participação nas decisões a partir de cada unidade de trabalho, mobilizando de fato os trabalhadores para resistir aos ataques e ampliar direitos.
Nesse exercício de democracia, próprio da tradição operária, cada membro do conselho abria debates no próprio local de trabalho e trazia as demandas para as reuniões, de forma que as decisões tomadas tivessem amparo e traduzissem as reais necessidades da categoria. O papel da direção nos três mandatos da CSEM foi mediar a luta a partir da base, organizando as pautas, levando informações e articulando a categoria para a luta – sem falsas ilusões na justiça burguesa – nas reuniões de gabinete e no parlamento que representam os pilares mais podres que sustentam o sistema capitalista, que visa somente à exploração da força de trabalho pela burguesia sem se importar com as nefastas condições de vida da classe trabalhadora.
A categoria assistiu pouco a pouco o desmonte do Conselho de Representantes, o autoritarismo e a burocracia se instalarem nas reuniões e assembleias onde as críticas não eram ouvidas, sob a alegação cínica e infantil de que divergir nos encaminhamentos políticos da direção é dividir a categoria. O personalismo tomou conta em momentos cruciais como na greve da campanha salarial e reforma do Ipreville de 2020 em que a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) decidiu, por meio de um método completamente estranho à base, ocupar, com uma minoria, o gabinete do prefeito sem discussão e deliberação em assembleia, desviando a atenção do que era realmente necessário fazer naquele momento: organizar os comandos de greve para aumentar e fortalecer o movimento.
O gosto amargo do resultado, todos lembram, além da desmoralização da ocupação mal fadada, a categoria ficou refém da desarticulação da direção, aceitando somente a reposição da inflação, tendo que arcar com os prejuízos dos dias parados e sem nenhum avanço na pauta de reivindicações.A Reforma do Ipreville barrada naquele momento com o início da pandemia se estendeu até 2021, quando foi aprovada após a direção virar definitivamente as costas para a mobilização dos trabalhadores, optando publicamente por uma postura de conciliação de classe com setores da direita, promovendo articulações com vereadores historicamente inimigos dos servidores.
Outro episódio foi a auditoria das contas do Ipreville, contratada e paga pelo Sinsej, que só constatou a situação caótica do Instituto, desviando, iludindo e arrefecendo a luta verdadeira dos trabalhadores, que deveria ter sido pelo arquivamento do projeto de reforma.
É notório que a direção do Sinsej não educa a categoria, ao contrário, tenta mostrar pela linha do reformismo, que a judicialização das questões trabalhistas podem resolver todos os problemas dos trabalhadores. Acreditar no Parlamento e na Justiça burguesa para defender os nossos direitos é o maior engodo e deseducação que se pode fazer com a nossa classe. Essa direção deu provas públicas de que não acredita no poder de mobilização da classe trabalhadora, deixou de investir na mobilização da categoria para as assembleias e paralisações, jogando, depois do fracasso, a responsabilidade do desânimo e falta de participação nas costas dos próprios trabalhadores. Mas a verdade é que a categoria deu provas contundentes de que não confia nessa direção.
A atual presidente Jane Becker, militante da corrente O Trabalho do PT, fez com que a sua diretoria se diluísse pelo autoritarismo, denunciado em carta aberta pelos membros que deixaram a direção. A falta de clareza e alinhamento político entre os membros, mascarando o partidarismo – que diziam não ter – para ganhar votos nas últimas eleições, investindo na desmoralização de qualquer membro ou grupo que discordasse de suas teorias e encaminhamentos, manipulando as discussões e votações nas assembleias, invariavelmente esvaziadas, foi uma das marcas desta gestão.
O ano de 2021 foi marcado pela constatação do abismo que se criou entre a base e a entidade sindical. Paralisações e greves esvaziadas culminaram no sacrifício de poucos servidores que amargaram grandes descontos em folha salarial. O ano terminou com uma cena repudiável por parte da direção, marcando o quanto essa trajetória foi suja. A última assembleia do ano tinha como um dos pontos de pauta a escolha do presidente da comissão eleitoral para 2022 e havia dois candidatos: o advogado indicado pela direção do Sinsej e o advogado indicado pelos servidores militantes e apoiadores da Esquerda Marxista. Após a contagem displicente dos votos, que deu vitória para o candidato da atual direção por 2 votos de diferença, houve dúvidas e foi solicitada uma nova contagem. A presidente negou, sem nem mesmo consultar a assembleia, causando tumulto e esvaziamento da atividade. Essa postura deixou nítida a falta de transparência, de democracia e de honestidade. Partindo disso, o que podemos esperar do processo eleitoral que se aproxima e que será conduzido por esse grupo?
Enquanto o que há de mais sórdido no movimento sindical toma conta do Sinsej, os servidores, além de não progredirem na conquista de direitos e melhores condições de trabalho, ainda vem perdendo direitos que, historicamente foram conquistados à custa de muitas lutas e que hoje são esquecidas e jogadas no lixo por quem deveria estar organizando a resistência, mas está mais preocupado com a manutenção do aparelho sindical, especialmente em um ano eleitoral.
A pandemia de Covid-19 agravou o cenário de retirada de direitos e péssimas condições de trabalho de trabalhadores de todo o país e consequentemente dos servidores de Joinville. Mais uma vez a categoria se viu abandonada pela direção do Sinsej, que se negou a intervir efetivamente para defender os servidores, principalmente os trabalhadores da saúde, da educação e da Secretaria de Assistência Social (SAS) que com suas necessidades específicas não receberam a atenção e motivação para enfrentar a gestão que negou os direitos básicos da categoria num momento tão delicado.
Nós, da Corrente Sindical Esquerda Marxista, o tempo todo alertamos que a luta da categoria deveria ser unificada exigindo da prefeitura a realização de concurso público para repor os servidores que faltavam em todas as áreas, a disponibilidade de equipamentos de proteção, a organização do atendimento a pessoas infectadas pela Covid-19, de modo a diminuir o risco de contaminação, tanto para os servidores como para a população em geral. Na educação, a garantia de computadores e acesso à internet para os alunos e professores no ensino remoto, o direito ao afastamento para todos os servidores do grupo de risco e o não-retorno às aulas presenciais. Que fosse priorizada também a vacinação dos servidores da SAS, que estavam na linha de frente atendendo a parcela da população mais vulnerável e que mais sofreu com os impactos da pandemia. Além, é claro, da defesa à saúde física e mental dos servidores da saúde que combatem a pandemia no front e que viveram momentos desesperadores, enquanto a gestão municipal assistia de braços cruzados ao sistema de saúde entrar em colapso e a direção do Sinsej fingia que nada tinha a ver com o assunto.
Mais uma vez a direção optou por não ouvir o Conselho de Representantes e fez reuniões setorizadas, manifestações pontuais que não tinham adesão, o que somente foi fragilizando a categoria e permitindo o avanço dos ataques da gestão, que culminou com o retorno às aulas presenciais em plena pandemia, o acúmulo de horas negativas aos servidores da educação, o adoecimento e exaustão dos servidores da saúde e o golpe final com a aprovação da Reforma da Previdência do Ipreville, retirando o direito de toda a categoria de se aposentar e impondo a perda salarial de mais 3% no salário até o fim da carreira.
Diante de tantos golpes, perdas e retrocessos, nós estivemos em todo momento fazendo a discussão nas instâncias do sindicato, alertando e convidando os servidores para se organizar com os métodos de luta da classe trabalhadora, sem falsas ilusões nas instituições burguesas e no discurso de neutralidade e apartidarismo que ilude os trabalhadores, pois todo posicionamento tem um lado e ele será sempre a favor ou contra a organização e a luta por direitos dos trabalhadores.
Dentro desta perspectiva de formação, educação e organização da nossa base, disputaremos a eleição do Sinsej para restabelecer o pleno funcionamento das instâncias democráticas de decisão, os métodos corretos de luta e organização da categoria, o retorno da direção do Sinsej à base com visitas, discussões, informativos e mobilização para reverter os ataques que já foram implementados e lutar pela ampliação dos nossos direitos, tendo claro que nossa categoria já demonstrou inúmeras vezes a sua força e disposição para a luta!
Nossa política é pelo convencimento da categoria de que somente a unidade, a organização e a luta nas ruas são capazes de trazer dignidade à classe trabalhadora e ao serviço público. Para isso, as massas precisam de uma direção que tenha clareza de quais caminhos devem ser tomados numa batalha. Sem nenhuma espécie de conchavo com os inimigos da nossa classe e nas suas instituições.
Convidamos todos os servidores que concordam com a nossa linha política a procurar a Corrente Sindical Esquerda Marxista para, juntos, discutirmos os novos rumos da nossa luta para termos de volta um sindicato classista, independente e de luta que faça jus ao tamanho e importância da nossa categoria!