Foto: Henrique de Macedo Airoso da Silva

Revista América Socialista que relembra as lutas de 1968 é lançada em Joinville

No último sábado, 26 de maio, a 12ª edição da América Socialista, revista teórica da Esquerda Marxista, foi apresentada pelos militantes e pré-candidatos a deputado federal Adilson Mariano e estadual Mayara Colzani.

Foto: Henrique A. Silva

Mariano contextualizou a situação política e econômica mundial que resultou nas revoltas e revoluções de 1968. Foi no início do século 20, sob o jugo do capitalismo, em sua fase imperialista, que aconteceu a Primeira Grande Guerra. Ao final dela, os EUA já controlavam mais da metade da economia mundial e propagandeavam o american way of life. A recuperação da economia, até 1925, durou pouco tempo. Em 1929, o mundo vive a Grande Depressão. A Rússia, graças a sua economia planificada, apesar da burocratização, não foi afetada pela crise capitalista. Em seguida, acontece a ascensão dos regimes totalitários na Europa, como o fascismo de Mussolini na Itália e o nazismo na Alemanha.

Com o fim da Segunda Guerra, em 1945, os países imperialistas constroem estados de bem estar social (New Deal). A Guerra Fria coloca em dois polos os países capitalistas e aqueles que haviam expropriado o capital. Nestes, os trabalhadores necessitavam de uma revolução política, pois se não retomassem os sovietes, a democracia e controle operário sobre a produção, a burocracia inevitavelmente iria permitir o retorno do capitalismo.

A revolução francesa de maio de 1968 surpreendeu a burguesia e os reformistas no mundo todo. O general DeGaulle se desesperou a ponto de declarar que “Em uma semana os comunistas estarão no poder”. Os ventos da revolução sacudiam a classe trabalhadora de todo o mundo. Nos EUA, manifestações contra a guerra do Vietnã e pelos direitos dos negros. O combate à ditadura no Brasil, a Primavera de Praga e as revoltas no México também foram lembrados por Mariano.

Foto: Henrique A. Silva

A atividade seguiu com uma linha do tempo de 1968, apresentada por Mayara. Em janeiro, começa a ofensiva do Tet no Vietnã. Em março, estudantes fazem as primeiras manifestações na França, até que em maio, o fechamento da Universidade de Sorbonne faz explodir manifestações que recebem o apoio da população. A tentativa de repressão ao movimento pelo governo é respondida com a maior greve geral da história. No mesmo mês, no México, a luta dos estudantes é por liberdade de expressão.

Em junho, a Rússia envia tropas para a Tchecoslováquia, o que provoca manifestações em Moscou. Em outubro, estudantes e trabalhadores são massacrados em Tlatelolco. Os acontecimentos de 1968 reforçam a constatação de Trotsky no Programa de Transição: “A situação política mundial caracteriza-se pela crise histórica da direção do proletariado.” Em todos os países o que faltou foi uma direção do movimento, que levasse a uma aliança operário-estudantil e não vacilasse diante da vontade das massas em tomar o poder e socializar os meios de produção.

Foto: Henrique A. Silva

Os presentes também compartilharam suas observações sobre os textos da revista. Felippe Veiga lembrou que, em 1968, mais uma vez a juventude aparece como a ponta de lança da revolução. Flávia Antunes afirmou que os textos enchem de entusiasmo a militância que nessa semana se prepara para uma paralisação dos servidores municipais de Joinville e Itapoá e, no dia 16 de junho, discute a pauta de “Trabalho Igual, Salário Igual”, defendida pelo Mulheres pelo Socialismo.

Fernando Assis recomendou o documentário “Quartier Latin”, exibido pelo canal Curta que, assim como os textos da revista, ilustra a necessidade de internacionalizar a revolução, se livrando da burocracia. Henrique Macedo lembrou que, em janeiro, a Liberdade e Luta reuniu jovens para produzir uma bandeira com o famoso desenho de 1968, da manifestante francesa atirando um paralelepípedo.

Mayara e Mariano encerraram a tarde lembrando que o momento que vivemos atualmente é também de muita indignação dos jovens e trabalhadores contra o capitalismo. Em 1968, as revoluções não venceram, mas apontaram um caminho. Por isso, é tão importante aprender a história para se preparar para as próximas revoluções, para que o próximo momento de ebulição seja definitivo.