Em nome da “ciência” os dois principais estados do país adiaram o carnaval de rua. Entretanto, ao mesmo tempo e em nome do capital, permitirão que festas privadas aconteçam entre fevereiro e março. Basta uma rápida olhada na plataforma de ingressos como a “Sympla” para perceber o que está acontecendo. É evidente que o que está sendo proibido não é o carnaval de rua, mas os blocos não atrelados diretamente a empresas, restaurantes, bares, casas de show e produtores de evento.
O interesse em privatizar o carnaval é antigo, e esse ano ocorrerá um ensaio avançado da privatização completa. Nos últimos carnavais vimos crescer medidas repressivas como exclusividade do Estado com cervejarias “patrocinadoras” para que apenas seus produtos sejam vendidos nas ruas e a burocratização para o registro dos eventos. Para garantir o controle das regras para as festas, há uma crescente militarização das mesmas. Qualquer festa de rua que não tenha registro será desmontada pela polícia, guardas civis ou municipais. Tudo em nome da “ordem pública”. No Rio de Janeiro, ainda há a terceirização da militarização via milícias e varejistas das drogas, que montam suas próprias regras.
Pouco a pouco a organização das festas de carnaval vai sendo tirada do povo e entregue nas mãos de “empresários do entretenimento”, com todas as suas equipes de advogados e contatos nos órgãos públicos. De braços dados com a burocracia do Estado, que se apropria de parte dos lucros, os empresários é quem vão “fazer a festa” esse ano.
A situação epidemiológica é a seguinte: os jovens e trabalhadores já estão vivendo uma época “pós-isolamento”. Isso considerando que o direito ao isolamento existiu algum dia para a maioria. Foi um verdadeiro crime, um assassinato social, a rotina enfrentada em transportes públicos lotados, a falta de controle sobre as medidas de segurança nas empresas e a baixa testagem, especialmente durante os períodos com mais infecções.
Portanto, a previsão é que tenhamos ruas e casas de festas lotadas nas próximas semanas. Precisamos alertar os trabalhadores das tentativas dos governos do capital de privatizar o carnaval, e que o adiamento “fake” é mais um presente aos empresários que patrocinam os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo. As taxas de infecção por Covid-19 estão diminuindo e a vacinação está avançada, mas ainda vivemos em um país com quase mil mortes diárias.