Dilma foi visitar Obama e lá incitou os empresários para que viessem ao Brasil montar suas empresas e que se assim o fizessem teriam, por parte do governo, a mesma tratativa que dá aos empresários ‘brasileiros’.
A crise do capitalismo que se manifesta na Europa e EUA tende a atingir o conjunto dos países ainda não produziu suas ondas de choque que podem aqui chegar e provocar destruições avassaladoras e catástrofes monstruosas aos trabalhadores. O governo preventivamente mantém o fator previdenciário e criou ainda a previdência privada para o funcionalismo federal (os futuros aposentados terão apenas o fundo privado). No entanto os ataques ainda não se dirigiram contra os batalhões pesados da classe operária, embora já haja retração na produção industrial e aumento da inadimplência, não há ainda demissões em massa. Mas atenção: a Mercedes Benz deu férias coletivas no ABC (em pleno mês de abril), e o governo e os patrões promovem gritaria contra a desindustrialização, querem a seu lado os trabalhadores.
Na Europa, dezenas de greves gerais não abriram uma perspectiva para a classe operária. As direções, aferradas no conto de fadas do reformismo e da colaboração de classes ignoram a disposição de luta dos trabalhadores, de greve em greve vão cansado a classe enquanto os capitalistas aplicam seus planos. No entanto a classe operária resiste e começa a entender que a saída está em suas próprias mãos, mas lhe falta ainda uma direção revolucionária.
O imperialismo manobra como pode
Mais uma vez o imperialismo dita suas ordens aos povos de todo mundo: ‘apertem os cintos dos trabalhadores, salvem os capitalistas’! De New York a Cartagena a ordem é uma só. Ajudem o FMI.
Mantega, acatando as ordens, se adiantou e afirmou que as reformas do FMI estão de bom tamanho, e prometeu ajuda. Os EUA não prometeram nada e nem vão colocar nenhum centavo para salvar quem estiver em perigo. Na verdade os imperialistas chamam a todos, os governos, os partidos da burguesia, os partidos socialistas, os sociais democratas, os trabalhistas, os sindicatos e as centrais para salvar o capitalismo. ‘Afinal o que seriam os trabalhadores se não fossem os patrões? O que seriam dos trabalhadores se não fossem os bancos que lhes emprestam dinheiro? Sim, o capitalismo não está sendo muito justo, dizem alguns governos e capitalistas. É melhor melhorá-lo’!
A prole segue trabalhando. O Estado e os governos da burguesia zelam para que continue a produzir e propiciar o lucro. Quando surge alguma ameaça, colocam em cena as armas e as leis do Estado. Assim garantem a ganância e a sobrevivência do sistema. Mas o Estado e a burguesia, antes de se utilizarem da força, em geral conquistam pessoas que vão introduzir no meio da classe trabalhadora a ideia de que é possível uma convivência pacífica entre os de baixo e os de cima. Reformistas assumidos ou traidores dissimulados tentam convencer os de baixo de que é possível convencer os de cima, os governos e os capitalistas, de que eles devem ser menos vorazes e serem mais bonzinhos com os trabalhadores.
Dilma, Obama e Lula estão com os corações partidos e defendem menos miséria, menos fome, mais classe média, mais impostos aos ricos. Como se a riqueza que saísse do bolso dos capitalistas, se pagassem mais impostos, estaria propiciando um capitalismo ético e menos selvagem, desenvolvendo-o de maneira responsável e sustentável.
Obama, abraçando a ideia do megaempresário norteamericano Warren Buffet, que propôs que os ricos paguem mais impostos, está em campanha defendendo a ‘lei Buffet’. Pura demagogia! Os ricos pagam pouco de impostos e não trabalham, os pobres trabalham muito e pagam muito de impostos.
Se analisarmos alguns números nos EUA entenderemos qual o motivo de tudo isso. Os ricos, os muito ricos, ficaram nos últimos anos, ainda mais, mas muito mais ricos. Em 1980, os ricos tinham 12% da renda de New York. Hoje eles têm 49% da renda da cidade mais rica do mundo. A classe média regrediu, a pobre cresceu. Em NY e arredores, em 34 mil casas, em cada uma delas, seus moradores abocanham em média US$ 3,7 milhões por ano; em outras 900 mil casas, seus moradores ficam com uma renda de US$ 30 mil, média anual. Os ricos ganham em 3 dias o que os pobres ganham em num ano. Que custaria para estes ricaços se fossem levados a pagar 30% de impostos ao invés de 15%? Nada, absolutamente nada! Ah, eles estariam transferindo renda? Será? Qualquer trabalhador sabe que quando um patrão dá com uma mão alguma coisa, mais adiante ele retira com as duas mãos e em dobro. Se realizada essa demagogia o dinheiro dos impostos entraria para os cofres do Estado e este o devolveria para os empresários, supostamente para investirem na produção e gerarem empregos. Eles dizem que sim, que farão isso. Mas na verdade, os trilhões de dólares que o Estado destinou para salvar os empresários, só fez engordar os bancos.
A farra financeira, a especulação, atrai como um imã, cada vez mais capitais. Por isso são fechadas fábricas em Detroit, são demitidos trabalhadores e cada vez mais cortam seus direitos. O dinheiro se desloca do Estado para os bancos, estes o empresta aos empresários, e estes aplicam de volta na ciranda financeira e pedem mais para o governo e este aperta os trabalhadores.
Dilma mais e mais próxima de Obama
Dilma foi visitar Obama e lá incitou os empresários para que viessem ao Brasil montar suas empresas e que se assim o fizessem teriam, por parte do governo, a mesma tratativa que dá aos empresários ‘brasileiros’. A imprensa mostrou e divulgou um verdadeiro assédio a Dilma quando ela encerrou sua conversa com Obama. Empresários e mais empresários queriam saber quais as vantagens, demonstrando profundo interesse pelas oferendas. O Ministro Mantega, se apressou em ajudar a patroa e disse aos empresários que o governo disporia os recursos do BNDES para ajudar os capitalistas interessados na mão de obra e mercado brasileiro.
Um pouco antes dessa visita de Dilma a Obama, um conjunto de empresários e sindicalistas lançou o “Grito de Alerta” por meio de um Manifesto que pretensamente tem a intenção de proteger a produção e supostamente melhorar a vida dos trabalhadores. Quem assinou tal Manifesto? As entidades patronais brasileiras: FIESP/CIESP, FIEP, FIEMG, ABIT, ABIPLAST, ABINEE, ABIMAQ, ABIQUIM, ABIPEÇAS, junto com as entidades sindicais, Força Sindical, UGT, CTB, CGTB, CNM/CUT, Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, SINAFER, SIMEFRE, SINDITEXTIL.
Viva, viva, alguém poderia gritar, comemorando pelo fato da CUT não ter assinado, vislumbrando talvez alguma resistência a tal capitulação. Nada disso. A CUT, não assinou, mas seu braço pesado dos metalúrgicos assinou. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC assinaram, e ambos são da CUT. E mais, no ato patronal junto com os retrógrados dirigentes das tradicionais e pelegas centrais esteve presente o presidente nacional da CUT, Artur Henrique que declarou não aceitar nenhuma flexibilização dos direitos, como se os patrões ali presentes, estivessem preocupados com suas palavras e ele mesmo acreditasse no que disse.
O objetivo de todas estas articulações é o de colocar uma camisa de força no movimento dos trabalhadores, tentar aprisioná-lo por meio da política traidora da colaboração de classes para que aceitem os cortes de seus direitos no sentido de ajudar na recuperação do capitalismo.
Frente a isso os marxistas declararam: “Os únicos capazes de abrir uma saída para a crise são os trabalhadores, aliados não com os patrões compatriotas, mas sim com os trabalhadores de todos os outros países, contra os patrões de todo o mundo. A única saída para a crise econômica pela qual passa o mundo não é “mais capitalismo”, “mais investimento” ou “mais nacionalismo”. A única saída é o combate consciente pelo socialismo, é a expropriação de toda a propriedade privada dos meios de produção, a começar pelos grandes bancos, indústrias e fazendas”. E isso passa pela exigência que os marxistas dirigem ao governo Dilma e ao PT: rompam com a burguesia! Os trabalhadores votaram no PT e em Dilma para isso e não para que eles se associassem aos imperialistas e empresários do Brasil.
* Este texto é o editorial da edição 44 do Jornal Luta de Classes.