“Preparar a saída da Central Única dos Trabalhadores (CUT)”. Esta é a palavra de ordem da Corrente Sindical Classista (CSC), segunda maior corrente dentro da CUT, cujo quadro majoritário é do PCdoB.
No dia 8 de Julho, o 7º Encontro do Comitê Central do seu partido aprovou numa resolução a iniciativa. A formação de uma outra central sindical ainda deve ser decidida em Congresso próximo, mas o caminho das pedras já está preparado.
Para dirigentes do PCdoB e sindicalistas da Corrente, “o espaço de atuação dentro da CUT praticamente se esgotou”. Nas entrelinhas entende-se espaço como disputa de poder. Nos últimos tempos, Corrente e Articulação bateram chapas em eleições sindicais. É o caso do Sindicato dosPetroleiros de Camaçari, tradicional reduto da CSC, onde a Articulação (ligada ao PT) tomou o comando da entidade.
Outro confronto se deu na eleição dos Metalúrgicos de Volta Redonda. Lá, o grupo mais ligado à Corrente assumiu a entidade, filiada à CUT.
A possibilidade de o PCdoB vir a impulsionar uma nova central, saindo da CUT, tem como objetivo assegurar o controle das verbas originadas da nova legislação patrocinada pelo governo Lula, que atrela ainda mais as entidades sindicais ao Estado sob o pretexto do “reconhecimento legal das centrais sindicais”.
As principais Centrais Sindicais (inclusive a CUT) fecharam um acordo com o Ministério do Trabalho através de uma Medida Provisória para destinar 10% para a central sindical a que o sindicato estiver filiado. De olho nos recursos federais, o PCdoB se queixa do controle da Articulação sobre a CUT.
Para continuar na CUT a CSC exige o acesso às verbas do FAT, convênios com o governo federal e mais poder de negociação com o Estado, concentrado nas mãos da Articulação. Distante de se tornar uma expressão da organização independente dos trabalhadores, esta nova Central Sindical será mais uma federação de aparatos sindicais, atrelada à política do governo com o objetivo de abocanhar as verbas federais.