Servidores e Professores Municipais paralisam atividades contra administração tucana em Juiz de Fora – Minas Gerais.
Em Juiz de Fora (MG) intensificou-se a luta dos trabalhadores contra o governo do prefeito Custódio Mattos (PSDB). Como primeiras medidas de seu mandato, Custódio cortou verbas de creches e postos de saúde, pôs fim a projetos de assistência social como pré-vestibulares comunitários e programas de saúde da terceira idade.
Nos hospitais públicos da cidade o caos se instalou quando médicos começaram a deixar seus cargos devido aos baixos salários e a falta de aparelhagem e remédios para atender à população. Neste momento, professores, garis, agentes de saúde, funcionários de creches, médicos e engenheiros estão unidos por melhores salários e melhores condições de trabalho.
A luta contra a opressão do governo tucano tomou conta das ruas de Juiz de Fora quando Custódio ofereceu reajuste ZERO aos servidores e professores municipais. No último dia 24 de abril, em assembléias simultâneas, as duas categorias reuniram juntas cerca de duas mil pessoas no centro da cidade. Durante a manifestação, os trabalhadores deram seus depoimentos sobre a realidade do serviço público. “É nosso direito reivindicar. Creche não é depósito de criança, tem que ter estrutura. Lá na creche onde trabalho temos quinze crianças para apenas dois funcionários, são salas super-lotadas, faltam ventiladores e não há manutenção de nada. Será que o ar condicionado da sala do prefeito está funcionando?”, se indignou Cláudia Averan em nome dos funcionários das creches municipais.
Os servidores públicos municipais de Juiz de Fora fizeram três paralisações nas últimas três semanas para cobrar do prefeito que o reajuste de 12% exigido pela categoria fosse concedido. Diante da pressão, a prefeitura recuou e ofereceu uma contraproposta ao Sindicato dos Servidores Públicos (Sinserpu). Disposto a dividir o movimento, o prefeito Custódio Mattos propôs um abono salarial de R$ 70,00 aos servidores com salário inferior a R$ 700,00 e, para os que recebem entre R$ 700,01 e R$ 769,99, o abono é proporcional afim de que vencimento seja de R$ 770 para todos. A proposta causou uma divisão de interesses entre os servidores que ganham menos e as categorias que ganham mais, como médicos e engenheiros.
Nesta quarta-feira (06/05), uma nova paralisação aconteceu e a estimativa do sindicato é que a adesão foi de 80% dos servidores. Em uma assembléia com centenas de trabalhadores reunidos em frente à câmara municipal (foto), a maioria descartou a possibilidade de uma greve geral.
O presidente da CUT-Regional, Péricles de Lima, que defendeu a unidade do movimento e a deflagração da greve, garantiu que apesar do resultado, as negociações vão continuar. ”A categoria ficou unida até o último momento e não saímos derrotados, pelo contrário, a luta se fortaleceu em Juiz de Fora por que há anos não temos mobilizações tão grandes na cidade. Tenho certeza que os trabalhadores estão com disposição de luta e nós vamos enfrentar essa administração do PSDB de cabeça erguida”, avaliou Péricles. Para o dirigente cutista também faltou atitude do Sinserpu durante a assembléia. “A diretoria do sindicato se manteve omissa, porque não defendeu nem contra nem a favor. A postura do sindicato foi apenas de mediar a situação”.
A técnica de enfermagem Ângela Pires, não foi contemplada pelo abono salarial e acredita que a proposta do governo foi desonesta. “O médico, o enfermeiro, todo mundo tem que comer. O salário de quem ganha mais não é tão grande assim. Eu recebo pouco mais de R$ 800,00 e ganhei 0% de aumento. Esse mês, lá no posto, a cesta básica veio pela metade. Não tem cinvastatina, não tem hidrocloro e a gente é que segura a onda”, reclama Ângela.
Insatisfeitos com a total ausência de benefícios nas negociações, médicos, enfermeiros e engenheiros prometeram uma nova paralisação para a próxima semana. “Temos um grupo de profissionais que não aceita permanecer no emprego sem reajuste, pois os salários são muito baixos. Já estão acontecendo demissões e alguns setores estão desfalcados. A neurocirurgia, por exemplo, conta com apenas dois profissionais no momento”, aponta Gilson Salomão, presidente do Sindicato dos Médicos.
Professores em Greve por um Salário Digno
Revoltados com o salário de R$ 600,00 por mês e a proposta de reajuste ZERO da prefeitura, os professores municipais também realizaram paralisações. E na última assembleia, dia 29 de abril, a categoria decidiu entrar em greve por tempo indeterminado. Em resposta à greve, o prefeito tucano ofereceu um “reajuste” de 10% caso a jornada de trabalho aumentasse de 20 horas semanais para 22 horas. A proposta foi negada pela categoria.
Reunidos no final da tarde desta quarta (06/05), os professores, além de aprovarem a continuidade da greve, que entra hoje (08/05) no nono dia, fizeram uma nova passeata pelas ruas do centro da cidade. Munidos de faixas e apitos, a intenção era seguir até a Secretaria de Educação, mas a PM obstruiu a passagem dos manifestantes. “O tom da negociação salarial da administração é de truculência, violência e intimidação”, declarou Flávio Bitarello, coordenador do Sinpro.
Para garantir o apoio ao movimento grevista, o Sinpro organizou um abaixo-assinado e uma nota explicativa à população. Um trecho do manifesto afirma: “Custódio Mattos é o único culpado pela greve. De forma autoritária, descumpre as leis que garantem reajustes para os servidores públicos. Nosso movimento não é só pelos nossos salários, é também em defesa da Educação pública e de qualidade”. Em apenas dois dias, milhares de pessoas já assinaram o documento.
Juiz de Fora, 08 de Maio de 2009.