Foto: Fernando Frazão, Agência Brasil

Sindicato dos Metroviários de São Paulo vacila novamente!

As greves devem ser conduzidas de tal forma que cada uma delas seja uma etapa no caminho da revolução, um elo na cadeia da luta revolucionária.” (Vladimir Lênin, “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia”, 1899)

Após o indicativo de greve estabelecido na assembleia do dia 13 de julho de 2023, a população de São Paulo esperava atenta por uma nova greve da categoria metroviária no dia 15 de agosto. Entretanto, a decisão da última segunda feira (14/8) por 78,8% dos votos aprovou a suspensão da greve, com 1.943 trabalhadores seguindo a orientação proposta pela diretoria do sindicato, apresentada pela presidente Camila Lisboa (Resistência) e pelo vice-presidente Narciso Soares (PSTU). Na última assembleia, alguns diretores e a oposição discursaram sobre a necessidade da realização da greve e foram acompanhados de 469 votos por manter e iniciar a greve a partir da zero hora do dia 15 de agosto.

Enquanto a direção do sindicato alardeia uma suposta “vitória” – o adiamento do processo de terceirização do Pátio de Oratório do Metrô –, a direção da empresa segue em seus ataques: demissões, perseguição aos membros da Cipa, não cumprimento do acordo da campanha salarial e o não pagamento das progressões, como exposto por alguns diretores de base e pela oposição da direção do Sindicato dos Metroviários.

Uma “grande vitória” somente para a direção da empresa, que pôde manter todos os ataques sob a promessa de apenas adiar o próximo. Dessa maneira, a direção do sindicato brinca com a categoria ao convocar mais uma greve e encerrá-la sem que ao menos nenhum ganho real tenha sido obtido.

Para quem acompanhou de perto, esse processo não passou de mais um blefe de uma direção sindical que não pretendia chegar à greve desde o início, revelando mais uma vez sua subserviência. Assim, como explica o marxismo, as maiores perdas da classe proletária são aquelas batalhas que não foram sequer travadas pela classe trabalhadora.

Os dirigentes pertencentes ao Resistência e PSTU fazem com sua política o oposto: a cada novo blefe, a cada greve que é chamada sem que se tenha a real intenção de fazê-la, a cada derrota propagandeada como vitória, apenas minam a mobilização dos trabalhadores; desmoralizam seus quadros dirigentes e o sindicato, além de deseducarem politicamente uma categoria que já provou diversas vezes estar pronta para levar o combate adiante.

O caminho para derrotar Tarcísio

Em meio à guerra contra as privatizações de Tarcísio, tivemos no último período uma série de atos, setoriais e plenárias com a participação dos trabalhadores, sindicatos do Metrô, Sabesp, CPTM, centrais sindicais, e movimentos sociais.

Por mais importantes que tenham sido, é gritante a ausência de trabalhadores da base nestas plenárias e em boa parte dos atos públicos, à exceção dos ferroviários mobilizados pelo Comitê de Luta Contra a Privatização da CPTM. E isso não é acidental.

Ter conseguido convencer 78% da categoria a não iniciar uma greve não significa de maneira alguma que essa direção tenha um terreno firme sob os pés. Em março deste ano vimos como aquela assembleia se dividiu ao meio, contra a posição da direção sindical, só sendo encerrada a paralisação graças à intervenção dos enviados pela empresa para votar pelo fim da greve.

O plano de lutas esboçado nas plenárias da Frente Única Contra as Privatizações (FUCP), com a preparação da Greve Geral para outubro podem, sem dúvida, derrotar Tarcísio! No entanto, não temos motivo para esperar mais dessa direção do que aquilo que temos visto até agora.

Os militantes da Esquerda Marxista seguem neste combate com a firme compreensão da verdadeira essência da política de frente única formulada pelos bolcheviques: o interesse de união da classe trabalhadora se sobrepondo aos interesses individuais das camarilhas burocráticas. E, com isso, temos claro que esse combate só pode ser vitorioso se o atual quadro for revertido, com a participação massiva dos trabalhadores da base que já se mostraram prontos para levar esse combate até o final.

Assim como fizemos na ferrovia, seguiremos com o nosso trabalho junto às bases, preparando e mobilizando os trabalhadores, apontando o caminho para a construção da Frente Única como a forma mais segura de derrotar Tarcísio.

  • Frente Única Contra Todas as Privatizações!
  • Greve Geral em Outubro!
  • Em defesa de um Metrô Público, Gratuito e Para Todos!