Os trabalhadores dos Correios estão em greve em várias capitais e cidades pelo país, desde o dia 16 de setembro. No entanto, a decisão de deflagrar o movimento não foi unânime, pelo contrário. Nas assembleias realizadas nos 31 sindicatos ligados à FENTECT, 16 rejeitaram a proposta da empresa e 15 aprovaram. Já nos sindicatos ligados à FINDECT, 4 rejeitaram e 1 aprovou.
Os trabalhadores dos Correios estão em greve em várias capitais e cidades pelo país, desde o dia 16 de setembro. No entanto, a decisão de deflagrar o movimento não foi unânime, pelo contrário. Nas assembleias realizadas nos 31 sindicatos ligados à FENTECT, 16 rejeitaram a proposta da empresa e 15 aprovaram. Já nos sindicatos ligados à FINDECT, 4 rejeitaram e 1 aprovou.
Isso impõe uma pressão ainda maior aos companheiros que decidiram iniciar a greve e mostra que a divisão e os conflitos internos ao movimento sindical da categoria ainda é uma barreira não superada.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) se aproveita disso e faz um jogo duplo: ameaça os setores mais radicalizados e busca cooptar os mais adeptos ao governo, para conseguir maioria e assinar o Acordo Coletivo de Trabalho.
Além disso, várias cidades enfrentam dificuldades para mobilizar a categoria porque pesa sob a consciência dos trabalhadores o corte de 43 dias parados da greve anterior. Já em São Paulo e Rio de Janeiro, a adesão é grande porque a base, no ano passado, se revoltou contra suas direções sindicais por não terem aderido à greve e a raiva acumulada se expressa com mais força agora.
Proposta rebaixada
A ECT propôs um reajuste linear de R$150 a partir de agosto e mais R$50 em janeiro de 2016 e incorporação no salário da Gratificação de Incentivo à Produtividade (GIP), sendo R$100 em janeiro de 2016 e os outros R$50 em maio de 2016, além da reposição da inflação nos tickets (9,56%). Os Correios tentam também modificar a Cláusula 28, que diz respeito ao plano de saúde e que motivou a greve do ano passado.
Assim, além de um reajuste insuficiente e de não ter desistido de alterar o plano de saúde da categoria, a ECT já havia prometido incorporar a GIP de R$150 na campanha salarial passada e não cumpriu e, agora, recoloca a questão para janeiro e maio de 2016.
Sem falar que a GIP significa introduzir um instrumento de cobrança de metas e produtividade sobre uma categoria que tem sofrido com a falta de contratação por concurso público.
Governo Dilma ataca os trabalhadores
A grande questão é a experiência amarga que os trabalhadores dos Correios sofreram durante os governos de Lula e Dilma porque, além de não verem suas reivindicações atendidas, sofreram uma série de ataques que aprofundaram a privatização e terceirização da ECT e, ano após ano, tiveram que ir à luta para defender conquistas históricas ameaçadas.
Para os trabalhadores dos Correios, não fez diferença que o ministro das Telecomunicações fosse do PMDB, do PT ou outro partido porque a linha desenvolvida pelo governo era e é a mesma! Ainda mais agora que Dilma realiza corte de gastos públicos e quer congelar o salário do funcionalismo para 2016, com o intuito de garantir o superávit primário, ou seja, o pagamento de juros da dívida pública, cujos maiores credores são os bancos e especuladores do sistema financeiro.
Essa política produziu uma crise no movimento sindical da categoria, entre as correntes que mantém seu apoio ao governo e ao PT (mesmo que à custa dos trabalhadores) e aquelas que se colocam à esquerda. Porém, a maioria das correntes à esquerda do PT não expressa uma política de frente única pelas reivindicações e de luta pela unidade e independência do movimento sindical para combater os ataques do governo e se perdem em um denuncismo inútil e acusações mútuas. Isso só afasta a base e dificulta a formação de uma alternativa à atual direção.
Fortalecer a greve!
A continuidade da greve depende da determinação do Comando em se manter firme e, assim, recolocar a questão da adesão à greve nas entidades sindicais que decidiram não paralisar os serviços.
É preciso também fazer um chamado para as categorias que estão em campanha salarial nesse segundo semestre, como metalúrgicos, bancários, químicos para uma atuação unitária e solidária frente à crise econômica e contra o ajuste fiscal do governo Dilma.