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Sobre a “greve sanitária” da educação de Minas Gerais

A pandemia, que expôs ainda mais a crise do capitalismo, é utilizada pela burguesia para atacar ainda mais nossos direitos.

O imperialismo e os governos estão usando a Covid-19 como arma contra as massas. Nessa guerra, estão utilizando a tragédia da pandemia para endurecer a repressão, aumentar a exploração, destruir conquistas operárias e sociais arrancadas pela luta de classes. No Brasil, além do passe livre e incentivo para o aumento da violência e assassinatos policiais nos bairros pobres, o governo Bolsonaro, Zema, e outros, se utilizam da pandemia para destruir Contratos Coletivos de Trabalho, passar a contrarreforma administrativa, congelar e reduzir salários, organizar as demissões em massa, reprimir assentamentos dos sem-terra, as ocupações dos sem-teto, as manifestações sindicais e populares.

Hoje, Minas atinge 50 mil mortes pela Covid-19. A enorme maioria dos trabalhadores continuaram amontoados nos galpões de fábrica e nos transportes públicos. E os inimigos da educação, aqueles que sempre desviam as verbas das escolas, que promovem a contrarreforma do ensino médio, aqueles que privatizam o ensino público, estão unidos e dispostos a retomar as aulas presenciais antes de vacinarmos todos. Por isso, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) deliberou pela Greve Sanitária por tempo indeterminado a partir do dia 2/8/2021.

A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, professora Denise Romano afirmou que a “Rede Estadual de Minas não apresenta segurança sanitária nas escolas para um retorno presencial, o processo de vacinação no Estado não garantiu a imunização completa com a segunda dose na categoria e as crianças e adolescentes sequer têm um cronograma de vacinação. Essa greve sanitária se faz necessária para defender a vida da categoria, dos estudantes e das comunidades escolares.” (Comunicado do Sindicato)

A greve é um método de luta do proletariado, para enfrentar o capital. Lenin explicava em sua época que em todos os países europeus e na América, os operários se sentem, em toda parte, impotentes quando atuam individualmente e só podem opor resistência aos patrões se estiverem unidos, quer declarando-se em greve, quer ameaçando com a greve.

E para nossa greve ser vitoriosa, é preciso que todos estejam unidos, mas a direção do sindicato também precisa reatar seu vínculo com a base. Precisamos organizar debates com a sociedade, a comunidade escolar, os alunos e os pais de alunos sobre a razão da nossa “greve sanitária”, pedindo o apoio deles, esclarecendo e orientando politicamente os trabalhadores. Assim como, enfrentar em cada local de trabalho o assédio moral a que estamos submetidos.

Lembramos também que nesse período, os trabalhadores em educação não tiveram nenhuma ajuda, seja pela patronal da educação privada, seja pelo poder público, financeira para bancar o ensino remoto. Precisamos pautar esses assuntos nessa greve também. Na rede pública, os professores se desdobraram com atendimentos fora do horário aos alunos e pais, reuniões com coordenação e direção, preenchimento de anexos extras, tudo isso acarretou em aumento da jornada de trabalho, sem um aumento no salário. Até gastos com internet tivemos e, mais uma vez, arcando sozinhos com os custos. Vamos fazer o possível e o impossível, para que a categoria pressione o governo Zema, por melhores condições de trabalho e saúde.

O movimento sindical precisa implementar seus velhos métodos de luta da classe operária: organização por local de trabalho, assembleias permanentes para decidir os rumos da greve, comando de greve, e principalmente, organizar os piquetes nas escolas que retomarem as aulas presenciais.

A Esquerda Marxista está junto com os trabalhadores da educação. E temos como palavra de ordem enfatizada como agitação nos atos, faixas, cartazes e panfletos o “Fora Bolsonaro Já!”. Lutamos por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais! Não somos aqueles que querem respeitar o mandato de Bolsonaro até 2022. Quem tem essa postura está vendendo ilusões na suposta democracia, remetem a derrota de Bolsonaro, tarefa tão necessária e urgente, para as instituições podres da República, como o impeachment através deste Congresso corrompido e reacionário. Afirmamos que só tirar o presidente não basta, é preciso mudar o sistema. Por isso, somos socialistas e acreditamos na força das massas trabalhadoras.