Após a maior greve dos últimos anos da categoria petroleira, na noite do dia 19 de fevereiro, o conselho deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP) decidiu pelo seguinte indicativo para a categoria petroleira:
“Suspender provisoriamente a greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP participe da reunião de mediação no TST, e retomar a greve, caso não haja avanços nesta mediação, em data a ser definida pelo Conselho Deliberativo da FUP e seus Sindicatos”.
Não é preciso ser um dirigente sindical experimentado para saber o quão difícil é retornar ao trabalho e depois retomar uma greve, assim como, é muito mais favorável negociar com a categoria em greve do que tendo esta retornado ao trabalho.
Ontem dia 19 de fevereiro, a quantidade de unidades em greve era o seguinte:
58 plataformas;
Todas as 13 refinarias;
24 terminais;
8 campos terrestres;
8 termelétricas;
3 usinas de tratamento de gás (UTG);
1 usina de biocombustível;
1 fábrica de fertilizantes;
2 unidades industriais;
3 bases administrativas.
Todas essas unidades estavam entregues à contingência. Vinte mil trabalhadores em greve de um total de 46 mil trabalhadores.
Mais uma vez as direções traidoras dos trabalhadores conseguiram isolar uma greve tão importante como esta dos petroleiros. Como havíamos diagnosticado no artigo de 14 de fevereiro.
Definitivamente os trabalhadores da Petrobrás não entraram em greve apenas pela negociação das demissões da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN-PR) e pela tabela de turno. Os petroleiros entraram em greve para ter garantias concretas de que não haverá mais privatizações, para impedir a venda das oito refinarias que estão em processo de desinvestimento e por garantias de que não haverá demissões em massa no próximo período.
Não só isso, entraram em greve contra o governo Bolsonaro. Outras categorias estão em luta, ou mesmo acuadas esperando a oportunidade de entrar em ação, e seu inimigo comum é o governo Bolsonaro. A greve dos petroleiros poderia ter sido o início de uma greve geral contra esse governo.
A direção da FUP terá uma experiência amarga para aprovar a volta ao trabalho nestas bases operacionais, sem trazer nenhuma garantia aos trabalhadores, sairá desta luta extremamente desgastada.
Esta greve comprova aquilo que temos dito nos últimos anos, a classe trabalhadora está sedenta por mudanças. Está disposta a sacrifícios para melhorar suas condições de vida, para criar condições de vida melhores para as futuras gerações. O único entrave a esta luta são as direções traidoras do movimento operário.
Esta greve, apesar das direções, pegou a todos de surpresa, ninguém esperava uma resposta tão forte dos petroleiros. Podemos afirmar que a classe dominante tremeu diante da força desta greve e terá que rever seus planos de ataque às condições de vida dos trabalhadores. Toda uma nova geração de trabalhadores petroleiros entrou em ação e aprenderam muito com esta experiência.
Para superar esta situação é necessário construir uma nova direção política, uma direção que diga concretamente que é preciso reverter todas as privatizações, revogar todas as leis que autorizam as privatizações e aquelas que quebraram o monopólio da exploração, refino e distribuição do petróleo.
A tarefa colocada é a de se construir uma direção política ligada ao comunismo e ao marxismo, que se coloque a questão do fim deste governo e o fim do capitalismo.