Um ano depois da intervenção na Cipla e Interfibra, para supostamente cobrar uma dívida dos ex-proprietários com o INSS, o balanço é de mais de 300 demitidos, o interventor mais rico, calúnias e perseguição contra os dirigentes do movimento.
Nos dias 27 e 28 de junho de 2008, em Joinville, Santa Catarina, se reune um Tribunal popular Nacional para julgar a intervenção deidida pelo governo Lula e a crescente criminalização dos movimentos sociais.
Desde novembro de 2002 os 1.000 trabalhadores da Cipla e Interfibra ocuparam estas fábricas para salvar seus empregos e seus direitos trabalhistas. Com as fábricas sob controle dos trabalhadores eles retomaram a produção e dirigiram as fábricas por cinco anos elegendo todos os anos democraticamente seus dirigentes para o Conselho de Fábrica. Sua luta é pela estatização das fábricas ocupadas para manter seus empregos e direitos, pois sabem que o mercado capitalista é o caos e o reino das grandes multinacionais e bancos.
Ocupando fábricas para salvar seus empregos os trabalhadores do Movimento das Fábricas Ocupadas se somam à luta do MST de ocupação dos latifúndios. Fábrica ocupada é emprego na cidade, latifúndio ocupado é emprego no campo!
Lutando por seus direitos mais elementares o Movimento das Fábricas Ocupadas se soma ao Movimento Nacional de Direitos Humanos, através do CDH-Joinville, pois os direitos humanos espezinhados e ignorados são sempre os direitos das classes trabalhadoras. E os que agem contra estes direitos são sempre os capitalistas e seus governos.
Durante cinco anos os trabalhadores mostraram na prática que não precisam de patrões para administrar as fábricas. Mas, isso foi insuportável para os capitalistas. O presidente da Abiplast (Patronal dos plásticos do Brasil) afirma que a existência de fábricas ocupadas e sua relação com o governo da Venezuela é uma afronta as leis e ao direito de propriedade. Paulo Skaf, presidente da FIESP exige “medidas imediatas em defesa da democracia”. E o inacreditável aconteceu.
Em 31 de maio de 2007, atendendo um pedido do INSS (Ministério da Previdência) com a falsa justificativa de cobrar dívidas dos antigos patrões, 150 policiais federais armados até os dentes invadem a Cipla e a Interfibra expulsando as Comissões de Fábrica eleitas e dando posse a um interventor nomeado por um juiz federal. Um clima de terror é instalado e uma caça às bruxas é iniciada.
Hoje, quase um ano depois da intervenção a luta contra a intervenção continua. Mais de 300 trabalhadores já foram demitidos, voltaram as 44 horas semanais, acabaram todas as conquistas, o terror continua, e nada foi resolvido e nenhuma dívida foi paga com o INSS. O interventor continua recebendo seu salário que inicialmente foi de R$ 300 mil e os capitalistas e seus serviçais estão felizes.
A CUT, o MST, o MNDH, congressos sindicais, parlamentares, centrais sindicais de dezenas de países, tomaram posição de luta contra a intervenção e pela devolução das fábricas aos trabalhadores.
O governo Lula recusa retirar o pedido de intervenção. E vemos, ainda, uma crescente escalada criminalização de greves, de manifestações, de parlamentares que se expressam ao lado do povo, da luta pela reforma agrária, das lutas estudantis e da juventude. Multiplicam-se os dirigentes sindicais ameaçados e perseguidos. A criminalização dos movimentos sociais cresce assustadoramente.
Para discutir estas questões o Comitê pelo Fim da Intervenção na Cipla e Interfibra convida para o Tribunal Popular que Julgará a Intervenção na Cipla e Interfibra (Fábricas Ocupadas). Haverão sessões dedicadas aos diferentes ataques sofridos pelos movimentos sociais criminalizados com depoimentos de casos concretos.
Neste Tribunal Popular estarão presentes representantes de centrais sindicais, sindicatos, partidos, parlamentares, movimentos sociais de diversos países.
Participe! Faça Contato!
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