Atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, defende a privatização e a política de vouchers Foto: Divulgação

Um vendedor de bugiganga no Ministério da Educação?

O atual secretário de educação do estado do Paraná, Renato Feder, está cotado para assumir o ministério da educação. Uma reunião está marcada para hoje (23/6) com a finalidade de selar o “namoro”, nas palavras do próprio presidente, entre Bolsonaro e Renato Feder. Trata-se de uma sinalização no sentido de lotear os altos cargos da administração pública por agentes ligados ao empresariado e aos partidos do centrão, afinal, os articuladores da indicação são Ratinho Júnior, governador do Paraná, e Fabio Faria, ministro das Comunicações, ambos do PSD.  Por outro lado, a indicação aponta no sentido de escolher alguém com um perfil que fale menos besteira, diferentemente de Ricardo Vélez e Abraham, e tenha condições de colocar em marcha a destruição completa da educação pública. 

Quem é e o que defende Renato Feder?

Renato Feder ficou famoso no setor empresarial por importar, produzir e comercializar bugigangas de todo tipo no setor de tecnologia e informática.  Além de eventualmente dar opinião sobre diferentes dimensões da vida humana, entre elas a educação. No livro escrito com seu parceiro de negócios que recebe o título “Carregando o Elefante: como transformar o Brasil no país mais rico do mundo, Renato Feder manifesta seu desprezo pelos trabalhadores da educação e defende a completa privatização da educação pública com a adoção do sistema de voucher. O próprio título do livro é uma mistura de falta de originalidade, ignorância e propaganda ideológica de quinta categoria. Utiliza o surrado mantra liberal de que o Estado é um grande elefante carregado pelos abnegados empresários. Nada mais falso. O Estado brasileiro, assim como todo Estado na sociedade capitalista, foi formado para gerir e impulsionar os negócios da burguesia. Basta ver a montanha de recursos drenados pelo pagamento da dívida pública ou o dinheiro repassado para bancos e empresários com sucessivas isenções de impostos. Além disso, é importante destacar que não é produzindo pen drive e comercializando bugiganga que o Brasil, marcado pela dominação econômica, tecnológica e política, irá se tornar “o país mais rico do mundo” como pretende Renato Feder. 

Em uma das passagens do livro, Renato Feder afirma que “alunos das escolas públicas estudam com professores semi-analfabetos (sic), tirando as piores notas de matemática do mundo (p. 19). Nesta frase está concentrada a percepção que possui dos trabalhadores da educação pública. Desprovido de qualquer base científica, sustenta que os professores são “semianalfabetos”, além de atribuir exclusivamente aos professores, da educação pública obviamente, a responsabilidade pelo fracasso escolar. Não sabe ou ignora que um grande contingente de professores vende sua força de trabalho em diferentes redes de ensino (pública e privada) e que a situação educacional brasileira é fruto de determinantes econômicos, histórico, sociais e políticos. Uma tentativa de sustentar que a escola pública, principalmente seus professores, não presta e que, portanto, é necessário privatizá-la. 

Após expressar uma série de posições “profundas como um pires”, Renato Feder apresenta, em determinado momento de seu livro, uma proposta mágica para solucionar as mazelas da educação brasileira. Segundo Feder, é preciso: “Privatizar todas as escolas e universidades públicas, implantando o sistema de vouchers. Para cada aluno matriculado em ensino fundamental, o governo paga uma bolsa diretamente à escola. Cada escola pode optar se receberá apenas a verba do governo ou se cobrará uma taxa extra (p. 141)”. Nesta frase está concentrado o programa que pretende aplicar caso seja indicado ministro da Educação. Uma verdadeira declaração de guerra contra a educação pública. Além de demonstrar o total alinhamento com as ideias e propostas de Paulo Guedes, inspiradas nas políticas ultraliberais, entre elas o sistema de vouchers para educação, propostas por Milton Friedman, da escola de Chicago, e aplicadas no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet. 

Caso assuma o MEC, Renato Feder terá apoio do setor empresarial da educação, entrará menos em polêmicas como fazia Weintraub e buscará de forma obstinada a implementação do programa que defende. Foi o que começou a aplicar assim que assumiu a secretaria de educação do estado do Paraná, apesar de encontrar uma forte resistência dos trabalhadores em educação das terras das araucárias que possuem uma famosa tradição de luta contra a destruição da educação pública. 

O que fazer?

Uma muralha precisa ser construída pelos trabalhadores em educação e estudantes para impedir os desejos privatistas e de destruição da educação pública de Renato Feder e Jair Bolsonaro. Demonstrações desta capacidade já foram manifestadas em 2019 quando educadores e estudantes se levantaram de forma massiva contra os cortes no orçamento da educação. É com esta disposição e perspectiva que a Esquerda Marxista convoca o 1º Seminário em defesa da educação pública, gratuita e para todos em tempos de pandemia que será realizado no dia 27/06 (sábado) e já conta com a inscrição de trabalhadores em educação e estudantes de todo o Brasil. Participe você também! Venha construir conosco a luta contra o governo Bolsonaro e os planos de destruição da educação pública.