Uma nova etapa se abre no Egito: o povo derrubou Morsi!

“Sendo assim, as revoluções não concernem a pequenas questões, mas nascem de pequenas questões e põem em jogo grandes questões”. Aristóteles

“Sendo assim, as revoluções não concernem a pequenas questões, mas nascem de pequenas questões e põem em jogo grandes questões”. Aristóteles

No momento em que escrevíamos esta pequena nota (3 de julho) a imprensa burguesa anunciava a queda do governo do Egito: caiu Morsi. Estamos terminando a tradução de um texto do camarada Jorge Martin que trás uma análise completa da situação. Ainda hoje o publicaremos.

Abre-se uma nova etapa na luta que vem se desenvolvendo desde as manifestações que ficaram conhecidas como a Primavera Árabe, há dois anos, quando as massas derrubaram Hosni Mubarak. Fala-se em golpe de estado dado por militares e que foram apoiados pela oposição. Fala-se que serão convocadas novas eleições. Na verdade quem derrubou Morsi foram as massas. As tropas se colocaram em movimento apenas para obstruir o caminho e a força da revolução que agora está mais forte do que quando derrubou Mubarak.

Trinta milhões estão nas ruas do Egito. A Irmandade Muçulmana não consegue controlar a situação e ao que parece um pequeno grupo denominado Tamarod, depois de convocar e preparar as manifestações ocorridas no final de semana acabou ganhando notoriedade depois de recolher 22 milhões de assinaturas pela saída do Morsi.

A Constituição elaborada em novembro pelo Parlamento de maioria islâmica foi suspensa. Adli Mansour, presidente da Corte Constitucional do Egito, ao que tudo indica, será o novo chefe de Estado e chefiará um governo até a convocação de novas eleições que não se sabe se e quando serão realizadas.

Em pronunciamento, ao lado da cúpula militar, de líderes religiosos e da oposição, o ministro da Defesa Abdel-Fattah el-Sisi anunciou o golpe. Morsi fora informado horas antes pelos militares de que não era mais o presidente.

Nenhuma das aspirações do povo foi atendida por Morsi desde a queda de Mubarak

As massas estiveram lutando nas ruas para remover Morsi através da ação revolucionária direta e muito dificilmente aceitarão que os militares novamente sejam ponte de transição para saídas à direita ao estilo do que fizeram ao bancarem eleições fraudulentas que acabaram elegendo Morsi da Irmandade Muçulmana.

Pão emprego e democracia na boca de Morsi e dos militares e fanáticos islâmicos significam continuidade da miséria, aumento do desemprego e mais repressão. A crise mundial agrava e precipita toda a situação.

Ao mesmo tempo há outra luta em curso entre diferentes setores da classe dominante e do aparelho de Estado, todos querem tirar proveito do movimento revolucionário para promover seus próprios interesses. Altas patentes do exército estão diretamente ligadas às empresas, muitos oficiais são diretamente diretores ou mesmo donos.

O movimento Tamarod (que significa rebelião na língua árabe) teria negociado com os militares a saída de Morsi e a imprensa burguesa informa que ele (o Tamarod) não defende a construção de um partido e parece se opor a que se conforme um movimento que vá no sentido de estruturar um partido revolucionário (New York Times – http://www.nytimes.com/).

Revolução e contrarrevolução uma vez mais se colocam no Egito e cada vez mais, ao contrário do que defende o Tamarod, se coloca a necessidade de que os trabalhadores ergam seu próprio partido. Eles estão mobilizados e em greve, abre-se a via para a auto-organização e a construção dos comitês revolucionários.

De longe não podemos afirmar se estão ocorrendo ou não divisões nos meios militares. De qualquer forma a Irmandade Muçulmana reúne 1 milhão de pessoas e o povo nas ruas agrupa hoje mais de 30 milhões. Uma intervenção militar contra as massas abriria uma guerra civil e um cenário tremendamente tempestuoso que poderia contaminar todo o médio oriente.

Os EUA sabem disso. Obama declarou ser favorável à que Morsi buscasse uma saída para a situação. No entanto setores islamitas consideram que Morsi beneficiou apenas os seus amigos da Irmandade. Acumulou-se um grandioso descontentamento entre as massas. Como muitos dos grandes oficiais do exército estão na testa de várias empresas, é provável que amplos setores entre os trabalhadores nutram por eles profundo ódio. Isso também é possível ocorrer entre a soldadesca e as baixas patentes.

O cenário ainda está bastante confuso diante das poucas informações seguras que agora dispomos. Mas certamente se prepara um salto grandioso na situação revolucionária no Egito. Isso terá implicações mundiais.