O reitor corrupto e principal defensor das cotas para negros nas universidades foi derrubado pela mobilização. Este movimento na UnB tem um significado e importância nacional.
Por Inácio de Oliveira
A ocupação da reitoria da UnB, que resultou na queda do reitor Timothy Mulholland, prova que a mobilização é a única ferramenta para defender a universidade pública. A defenestração do reitor corrupto, seu vice e sua equipe é uma vitória parcial dos estudantes, mas que não encerra toda a pauta, sequer seus mais importantes objetivos: eleições paritárias, estatuinte que enfrente a paulatina privatização da universidade brasileira – efetuada, principalmente, pelo sistema de criação de “fundações” – e o fim do REUNI.
É preciso que haja, a partir da própria UNE, UEEs, DCEs, CAs e DAs, um aprofundamento do debate a respeito do assunto e das oscilações pequeno-burguesas diante da possibilidade de uma radicalização da luta. A continuidade do movimento poderá levar a vitórias que ampliem as conquistas, situando-as em um nível que demonstre que a principal causa da corrupção na Universidade pública brasileira é a tentativa do capital de privatizá-la. Isso aponta a necessidade de uma estratégia que possa avançar no movimento da comunidade universitária como um todo.
A utilização de “fundações” pelas universidades é apenas a ponta do “iceberg”. O corte de verbas para o ensino e de materiais de laboratório, os baixos salários e a decorrente falta de professores, as péssimas condições de alojamento estudantil são conseqüências dessa política de governança mundial da educação que tem no imperialismo seu tutor. O ensino público sofre incessante ataque do Estado burguês, o qual se intensificou a partir do Governo Collor e acelerou-se com FHC.
A ocupação da reitoria da UnB tornou clara a crise no interior da burguesia, que se organizou para derrubar Thimonti Mulholand e, agora, prepara-se para derrubar o Reitor da Unifesp, Ulysses Fagundes Neto. Nesse contexto, imprensa burguesa joga o papel de auxiliar dos grandes interesses da oligarquia e do capital internacional, manipulando a informação a favor da desmobilização do movimento estudantil para amaciar os ânimos contra as mazelas do capital e do Ministério da Educação.
Nitidamente, o movimento estudantil encontra-se em um ascenso, tal como não se via desde 1968. São inúmeras as reitorias de universidades públicas ocupadas em menos de um ano; mas os estudantes independentes têm sido o verdadeiro motor das ocupações, principalmente na UnB, demonstrando que uma nova camada de ativistas está realizando uma importante experiência política, com impulsão suficiente para levar até o fim uma luta conseqüente pelo atendimento das reivindicações.