Unidade para varrer Temer e suas contrarreformas

Editorial do jornal Foice&Martelo 94, de 7 de setembro de 2016.

No dia 31 de agosto, Michel Temer fez o seu primeiro pronunciamento na TV. Nesse discurso, ele destacou as “garantias” para os investidores e, ao mesmo tempo, os ataques que quer fazer aos direitos dos trabalhadores. Os principais trechos:

“Nossa missão é mostrar a empresários e investidores de todo o mundo nossa disposição para proporcionar bons negócios que vão trazer empregos ao Brasil. Temos que garantir aos investidores estabilidade política e segurança jurídica.
 
Para garantir os atuais e gerar novos empregos, temos que modernizar a legislação trabalhista. A livre negociação é um avanço nessas relações.”
 
Assim, em alto e bom som, Temer anunciou a sua disposição de dar “terra livre” a todo empresário que queira investir e ter lucros, inclusive flexibilizando os direitos trabalhistas. Brutal, o pronunciamento deixa claro que hoje a previdência não é deficitária, mas as reformas são “necessárias”:
 
“Para garantir o pagamento das aposentadorias, teremos que reformar a Previdência Social. Sem reforma, em poucos anos o governo não terá como pagar aos aposentados. O nosso objetivo é garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes, sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens.”
 
Ou seja, hoje, o sistema pode pagar e por que não poderia daqui há alguns anos? A reforma pretendida, com a fixação de idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres em 65 anos, com o fim da aposentadoria especial de professores e com o rebaixamento do piso salarial para abaixo de um salário mínimo mostra o seu alvo: os trabalhadores, jovens e velhos, que verão seu dinheiro drenado para o pagamento dos juros da dívida interna e externa e para o lucro dos bancos. Mas, Temer tem condições de entregar aos “investidores” o que ele promete?
 
A fraqueza de Temer
 
Na primeira reunião Ministerial Temer deu uma bronca em ministros e articuladores políticos por permitirem que o Senado mantivesse os direitos políticos de Dilma, com o voto da maioria do PMDB. A irritação de Temer mostra o que é sabido mas que a imprensa tenta esconder: a divisão entre os representantes da burguesia que não sabem como se comportar agora que estão com o pote de ouro (o governo federal) nas mãos. Cada um corre para garantir “o seu” e nada está garantido.
 
Nem o projeto de “ajuste fiscal” (na verdade, de cortes na saúde e educação) e muito menos qualquer reforma. Para conseguir isso, eles dependem da boa vontade do “outro lado”, ou seja da passividade dos trabalhadores. Conseguirão?
A repressão feita em São Paulo mostra que o seu caminho é difícil. Aumentou a repressão, aumentou a presença nos atos. 
 
Dilma, Lula e o PT
 
Sim, o PT está indo ladeira abaixo, mas ainda dirige a maioria dos sindicatos. Se ele não conseguiu mobilizar a sua base para defender Dilma, será que está disposto a mobilizar para defender os direitos dos trabalhadores?
 
A CUT, na última reunião de sua direção, teve uma divisão sobre “negociar” ou não a reforma da previdência com o governo. Após o impeachment, a central aceitou sentar com o presidente da câmara para discutir os “projetos” em andamento na casa. Ou seja, a direção da CUT, enquanto joga para a plateia que está lutando contra o governo, abre negociações com o mesmo ao invés de organizar a luta. 
 
Lula, por sua vez, propõe uma “Frente Ampla” que tenha mais um burguês (Ciro Gomes) como o candidato nas próximas eleições. Sobre o combate às “reformas” de Temer, nenhuma palavra.
 
A Esquerda Marxista levanta que o ponto de unidade de todos os trabalhadores e jovens é a luta contra o governo Temer, este Congresso e suas “reformas” que pretendem destruir os direitos dos trabalhadores. A juventude que sai às ruas, a greve dos bancários, mostram que o povo está disposto a lutar. É necessário a unidade para combater Temer e este congresso reacionário e barrar seus ataques. 
 
Para ajudar nesse combate, convidamos os jovens e trabalhadores a conhecerem nossa organização e a se juntarem a nós.