Esquerda Marxista
Segue declaração da Esquerda Marxista contra a coligação do PT com o PSD de Kassab. A batalha de todos os petistas contra essa infame coligação deve ser urgente. Há que ligar esta batalha ao combate contra todas as alianças com a burguesia.
Para as eleições municipais desse ano na cidade de São Paulo está em construção uma aliança entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Social Democrático (PSD), do atual prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab.
Nós, da Esquerda Marxista, corrente do PT, somos contra essa aliança e batalharemos até o fim junto aos milhares de petistas que compartilham dessa posição para que essa coligação não se concretize.
Nosso combate há anos tem sido pela ruptura da coalizão do PT com os partidos burgueses (PMDB, PSB, PTB, PR, PP…), essas alianças impedem que as mais sentidas reivindicações populares sejam verdadeiramente atendidas, contaminam nosso governo com as práticas corruptas tradicionais nos partidos de direita e desmobilizam a militância como ficou evidente no episódio em que a Direção Nacional do PT impôs um apoio à Roseana Sarney na campanha ao governo do Estado do Maranhão em 2010, ou quando impôs apoio a Garotinho para o governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1998. Militância de cabeça erguida, organizada e mobilizada necessita do partido comprometido com a classe trabalhadora e presente nas lutas diárias por melhorias nas condições de vida da maioria da população.
Todos sabem que o PSD não tem nada de novo. É uma nova agremiação formada em sua maior parte por políticos da pior estirpe provenientes dos quadros do DEM e PSDB. Kassab, que além de prefeito de São Paulo é presidente nacional do PSD, tem sua vida política ligada ao que existe de mais conservador. Foi presidente estadual do DEM, secretário do planejamento da prefeitura de São Paulo durante o mandato de Celso Pitta (discípulo de Paulo Maluf) e entrou no governo municipal como vice de José Serra.
Sua gestão tem sido marcada pelo enfrentamento aos movimentos sociais, pela nomeação de coronéis da reserva da PM para as subprefeituras, desvalorização dos serviços e servidores públicos, denúncias de corrupção, aumentos abusivos da passagem de ônibus, tendo como ação polêmica mais recente a “limpeza” feita na região da Luz para favorecer a especulação imobiliária, reprimindo e criminalizando os usuários de crack presentes no local ao invés de aplicar uma política verdadeira de combate ao tráfico e de ajuda médica e psicológica aos dependentes para superarem o vício. Ou seja, é um político indigno de receber qualquer elogio de um militante petista, é o contrário da essência e existência do PT.
Coberto de razão está o setorial de habitação do PT-SP que decidiu declarar Kassab “inimigo número 1 dos movimentos de habitação e dos sem-teto em São Paulo” e “recomendar ao PT em todas as suas instâncias que não realize nenhum tipo de aliança com este prefeito”. O próprio Encontro das Macro-Regiões do PT-SP, realizado em Sumaré (Jun/2011), reafirmou o caráter de oposição ao governo Kassab. Nesse encontro, uma verdadeira batalha foi travada pelos delegados, dentre eles os militantes da Esquerda Marxista, para vetar qualquer aliança com o PSD. A questão polarizou de tal forma o plenário que, após manobras, a mesa teve que fazer um acordo para contornar a divisão criada, decidindo por prosseguir posteriormente o debate sobre a questão.
Agora, sem que tenha sido realizado nenhum debate interno, Lula e Zé Dirceu lançam pela imprensa a proposta. Não podemos aceitar isso: uma aliança dessas é contraditória com a luta de militantes e vereadores petistas que, desde o início, estão em oposição ao governo de Kassab. É uma contradição com a história do partido! Se isso for levado à frente, os militantes se sentirão desmoralizados e os tradicionais eleitores do PT, que certamente estão descontentes com a atual gestão, ficarão desorientados!
Portanto, mesmo se olharmos unicamente do ponto de vista eleitoral, essa aliança em nada contribui para a vitória do PT. Já tivemos um exemplo claro disso nas eleições presidenciais de 2010, quando o PT perdeu 2 milhões de votos em relação à votação de 2006, mesmo acrescentando a aliança com o PMDB, o maior partido burguês do país.
Para vencer esta eleição é preciso ter Kassab e o PSD longe de nossa campanha.
O ex-presidente Lula pediu para o PT de São Paulo “discutir com tranqüilidade” uma aliança com o PSD. José Dirceu em seu Blog escreveu que a proposta impactou o PT “Primeiro, porque vem com o aval e o apoio entusiasta do presidente Lula. Segundo, porque apoio não se recusa. E, para vencer, precisamos de aliados e de mais de 50% de votos no primeiro, ou no segundo turno”.
Para nós, apenas cogitar essa aliança como possível é uma afronta a toda a história de lutas do partido por sua independência frente à burguesia!
Organizar o combate: por uma Plenária de base anti-coligação com Kassab
Não são poucos os militantes e dirigentes petistas que prontamente reagiram contra a aliança PT/PSD.
Gegê, fundador do partido e histórico dirigente do movimento popular afirmou: “Não admito acordo com esse prefeito e seu partido. Sou membro-fundador do PT e, caso isso ocorra, vou rasgar minha carteirinha e desfazer minha filiação. Não posso aceitar acordos espúrios da direção do partido sem consultar a base. Vamos perder a eleição sem o apoio dele? Não importa. Prefiro perder conscientemente a ganhar e não governar. O PT já perdeu muito de seu projeto original por conta desse tipo de acordo”.
Raimundo do Setorial Habitação do PT de SP e dirigente da CMP disse: “A atual administração tem como finalidade beneficiar o setor imobiliário, e não contribuir para uma política habitacional voltada à população de baixa renda. É quase impossível imaginar que as lideranças vão subir no mesmo palanque com o Kassab. A origem do Kassab é o malufismo. E depois ele se aproximou do Serra”.
Frederico Soares de Lima, do Diretório Zonal do PT de Ermelino Matarazzo declarou: “Estamos em uma guerra declarada com o Kassab. Eles querem mudar a legislação do conselho pra que eles possam ter mais autonomia em cima. É um governo centralizador, autoritário, que não respeita a participação das pessoas, o controle social”.
A companheira Juliana Cardoso, vereadora do partido, tinha e tem razão quando disse: “a militância está com garra para sair pra rua. Os dirigentes devem tomar cuidado para não quebrar isso”.
Se uma Plenária contra a coligação com o PSD for convocada, esta certamente armará a base do partido para derrotar essa aliança. A Esquerda Marxista se somará prontamente aos companheiros nesse combate. Os dirigentes e vereadores que se posicionaram contra essa infame aliança têm legitimidade e reconhecimento para dirigirem esta luta!
O PT tem de tudo para vencer essa eleição e retomar a prefeitura da cidade de São Paulo, mas é preciso afastar as alianças com partidos burgueses e construir uma campanha militante, de luta e socialista!
Somos socialistas! Somos PT! Contra Kassab e o PSD!
Esquerda Marxista
30/01/2012