Vélez caiu, entra Abraham: temos um inimigo ainda pior!

Depois das trapalhadas de Vélez no Ministério da Educação, o mesmo caiu. Bolsonaro o demitiu na segunda (08/04) e tomou posse Abraham Weintraub, que estava na Casa Civil. O que podemos dizer é que a saída de Vélez e essa substituição é ainda pior para a juventude e a classe trabalhadora!

Abraham é mestre em administração na área de finanças pela  Fundação Getúlio Vargas (FGV). Além disso trabalhou no Banco Votorantim por 18 anos e também foi sócio na Quest Investimentos. Podemos ver toda a sua experiência para comandar o Ministério da Educação…

Suas posições são de ataque à juventude e aos trabalhadores!

Como um bom representante do mercado financeiro, fato notável em sua trajetória acadêmica e profissional, o novo Ministro da Educação segue a mesma agenda de Paulo Guedes, o que significa o projeto ultraliberal e reacionário de privatizações, ataques e cortes. É também um Olavete, o que significa que temos, mais uma vez, gente que não tem nenhum compromisso com a ciência, com o método científico, mas que está comprometido com obscurantismo religioso, a repressão e o combate às organizações, a livre expressão, manifestação e organização. E o fará através da promoção do projeto Escola Sem Partido, militarização das escolas e combate ao ‘marxismo cultural’.

Entre suas posições está a desvinculação dos gastos da União, o que significa retirar a obrigatoriedade de investimentos na educação e saúde, uma das conquistas empurrada pelos trabalhadores na Constituição de 1988. Pelo seu compromisso com a agenda ultraliberal, está de acordo com os planos de privatização do ensino público, através do falido sistema de Vouchers para a Educação e da educação à distância para o ensino fundamental.

Em uma entrevista gravada no Youtube com Abraham, ele afirma:

“Prender e deixar na cadeia é o que mais dá resultado. A gente vai precisar de uma estratégia eficiente de viabilizar o aumento da prisão, do nível de encarceramento no Brasil. Prender e deixar na cadeia mesmo. Reduzir bastante o custo do encarceramento. (…) Acabar com progressão de pena, saída temporária, reduzir a maioridade para 16 anos, principalmente para crimes hediondos. Reformular o Estatuto do Desarmamento. (…) Retirar da Constituição qualquer relativização de propriedade privada. (…)”

Fica claro aqui seu compromisso com a repressão da juventude e a defesa da redução da maioridade penal. E para quem tem dúvidas dos interesses que ele vem para defender na educação, vale a pena reproduzir:

‘‘Retirar da Constituição qualquer relativização de propriedade privada. (…)”

Quem pensa que ele não tem projeto para a educação, está muito enganado. Seu projeto é exatamente esse: defender os interesses da propriedade privada na educação. E não será um problema para ele não ter experiência com a educação para executar tudo o que for necessário para atender aqueles interesses.

Como sócio de um fundo de investimentos, Abraham sabe bem como especular para atender aos interesses do capital financeiro, sabe bem como fazer isso e  veio para aplicar seus conhecimentos para fazer da educação pública e gratuita um mercado mais amplo para os Tubarões do Ensino e para todo tipo de parasita do capital financeiro.

Outro ponto fundamental do seu projeto para a educação é o obscurantismo, a parcialidade do ensino e a repressão. Para os Olavetes, o centro é o combate ao ‘Marxismo Cultural’ que entendem como a dominação ‘‘comunista’’ nas escolas e na política. Olavo de Carvalho é ex-astrólogo, portanto, pode-se imaginar o tipo de pessoas que estão alinhadas à ele, seu conhecimento sobre a ciência e o compromisso com ela.

Pregam uma ciência somente aparentemente neutra para todos os que querem discutir os problemas reais da vida, encará-los com serenidade e resolvê-los e, ao mesmo tempo, uma a ausência dela. É por isso que ganha espaço no Ministério da Educação, o combate a disciplinas como filosofia e sociologia e sua substituição pela educação moral e cívica; a educação familiar e fundamentalismo religioso. Como também ficou evidente no discurso racista do novo ministro de que os jovens do nordeste não devem estudar sociologia. Nós queremos que todos os jovens tenham acesso a sociologia, em todos os cantos do país! E que também também acesso a português, matemática, saibam falam outras línguas e tenham acesso a todo conhecimento que a humanidade acumulou!

Mas o que Bolsonaro e seu governo querem é afastar a juventude da política, da discussão e do debate. Querem formar uma massa de jovens que não reflitam sobre seus ataques.

No entanto, que chamam de marxismo não é nem de perto a ciência revolucionária do proletariado na sua luta pelo poder e todos os seus esforços para fazer a juventude se confundir e não enfrentá-los serão facilmente superados, pois somente as ideias revolucionárias que o marxismo representa podem oferecer uma saída para o beco  que eles representam!

O papel das entidades estudantis é mobilizar pela base para derrubar esse governo e esse ministro!

Vélez caiu pela divisão entre as duas facções presentes no governo (militares e olavetes), pela sua própria incapacidade de comandar e também pela falta de audiência de suas propostas entre a maioria dos estudantes e educadores. Devemos aproveitar essas fragilidades para organizar a luta para derrubar esse novo ministro e todo o governo Bolsonaro! É por isso que devemos resgatar essas entidades de volta para os estudantes, para os interesses dos estudantes, que terão de enfrentar um inimigo muito pior, do tipo que trás resultados para os interesses que ele representa e que, certamente, são antagônicos aos aos nossos.

Fora Abraham!

Fora Bolsonaro!

Em defesa da educação pública, gratuita e para todos!