Luta de Classes, Corrente Marxista Venezuelana, 02 de julho de 2012
Nesta quinta feira, dia 30, às 9 horas da manhã o presidente Chávez se dirigiu ao povo venezuelano em cadeia nacional para informar sobre seu estado de saúde e explicou que foi operado em Cuba para extirpar um tumor cancerígeno. Esta noticia coloca um novo cenário para a revolução e para a luta de classes na Venezuela onde é ainda mais necessário que o povo trabalhador tome as rédeas e garanta a continuidade da revolução.
Na curta mensagem que leu o presidente ele falou sobre seu estado de saúde e deixou claro que segue à cabeça do governo venezuelano, mas que deve seguir o tratamento e as instruções se sua equipe médica. Isso acaba com as falsas matrizes de opinião que a mídia privada pretendia criar sobre o assunto. As lorotas sobre o vazio de poder não vieram apenas da Venezuela, mas também de vários meios de comunicação de todo mundo como El País da Espanha, da BBC da Inglaterra. Formam parte de um cerco midiático internacional contra a revolução bolivariana, com o objetivo de debilitá-la diante das eleições presidenciais de 2012.
Do mesmo modo que fez quando do levantamento cívico e militar de 4 de fevereiro de 1992, o presidente Chávez veio a público e falou diretamente ao povo venezuelano. Chávez admitiu que o “erro fundamental” foi o excesso, as pressões e o ritmo que o processo lhe impôs nos últimos anos. Segundo seu anuncio, o tratamento médico vai requerer um tempo razoável para sua total recuperação, e ainda que não deixe suas funções como presidente, sua equipe de governo sustentará grande parte das responsabilidades que tem como presidente.
Este acontecimento, tão importante e decisivo para a revolução, se dá em um momento no qual a luta de classes chegou a um ponto onde as contradições entre a oligarquia e a classe operária são mais irreconciliáveis que nunca. Enquanto o povo revolucionário está exigindo radicalizar a revolução, cumprir com a grande Missão Moradia, meter para fora os corruptos e burocratas do estado, a burguesia e o imperialismo centram suas atenções na sabotagem econômica, na manipulação da mídia, nas sanções contra a PDVSA e em seus planos desestabilizadores de sempre.
Agora claramente se sente o vazio, o certo é que nenhuma figura no governo goza sequer da metade da popularidade de Chávez entre as massas. Todo este problema mostra que não é possível basear a revolução em um só homem. O próprio Chávez disse isso mais de uma vez e tem tentado criar um partido de massa, o PSUV, que poderia jogar um papel para além das batalhas eleitorais. Porém, desgraçadamente, este partido foi sequestrado em muitos estados pela burocracia que não está interessada na verdadeira formação de quadros revolucionários.
A ausência de Chávez dá espaço para que a direita tente se apoiar nos setores reformistas e nos que tentam estabelecer pontes para frear o rumo da revolução, frear as expropriações e o controle operário. A oposição sabe que Chávez é o único dirigente da revolução que pode dar uma verdadeira liderança e unificar as fileiras do movimento bolivariano. Também estão perfeitamente conscientes de que o presidente, até agora, está cem vezes à esquerda de todos os dirigentes intermediários de seu movimento. Com qualquer um destes últimos à cabeça da revolução, seria muito mais fácil negociar para desviar ou dividir o movimento, e depois derrotá-lo de uma vez por todas.
Diante deste panorama a seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional, agrupada em torno do Jornal Luta de Classes, chama a todos os setores revolucionários à unidade em torno de um programa que garanta o triunfo da revolução socialista:
A palabra de ordem central debe ser: Vigilancia revolucionaria! Organizar as bases para garantir que se cumpram as ordens e diretrizes do presidente Chávez pelo: Controle Operário, todo o poder para o povo, nenhuma reconciliação com a direita, luta contra o burocratismo e a corrupção.
1. De acordo com esta bandeira, há que estender o Controle Operário para todas as instituições e empresas do estado. Abrir os livros de contabilidade e abolir a desigualdade salarial entre os altos funcionários e os trabalhadores de base.
2. Construir os conselhos de trabalhadores e trabalhadoras em todos os espaços e vinculá-los em nível estadual e nacional com representantes eleitos e mandatos revogáveis em cada instância, como indica o Encontro Nacional celebrado em maio na Cidade Guayana pelo Controle Operário. Esta bandeira não é uma utopia, mas sim uma possibilidade concreta.
3. Para cumprir com a Missão Moradia e construir dois milhões de casas, é necessário um verdadeiro plano socialista sob a direção dos trabalhadores do cimento, do ferro e de todos os materiais da construção. Urge a nacionalização dos bancos e o monopólio estatal do comercio exterior para planificar a economia nacional.
4. Unidade entre os setores revolucionários do PSUV para resgatar a democracia dentro do partido e construir uma direção capaz de transformar em realidade o programa socialista estabelecido no livro vermelho, que dentre outras coisas coloca a nacionalização dos monopólios e dos latifúndios.
Neste sentido o presidente Chávez lançou um chamado ao povo revolucionário, a seus “aguerridos trabalhadores” para tomarem as rédeas da revolução: “de todo meu coração lhes digo que querer hoje lhes falar de uma nova escalada para trás não tem nada que ver comigo e sim com vocês povo patriota, povo bom”.
Camaradas, o tempo é curto! A contrarrevolução está preparando uma nova ofensiva! Se não atuarmos decisivamente para derrotar a oligarquia, esta terminará por derrotar a todos nós!