Venezuela: ganhamos a maioria na Assembleia Nacional, mas a direita se fortalece

Trechos do manifesto da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional sobre as eleições parlamentares na Venezuela em 26 de setembro.

Após os resultados eleitorais do referendo sobre a emenda constitucional em 2009, o Professor Vladimir Acosta dizia de forma acertada que “os resultados demonstram que existem dois corredores, um deles está em segundo lugar, mas se fortalecendo e alcançando o primeiro, enquanto o primeiro está cada vez mais exausto”. O que vemos é exatamente isso: o quadro geral dos votos para a Assembleia Nacional, de acordo com as cifras totais, diz que o PSUV teve 5.422.040 votos, enquanto a direita 5.320.174 votos. O que vemos é que a direita está no encalço das forças revolucionárias. Os deputados do PSUV são no total 98, enquanto a direita fez 65 deputados e o PPT 2.

É verdade que não há candidato entre a burguesia que possa estar a altura de Chavez, mas se compararmos esta eleição com a da emenda constitucional há um ano e meio atrás, os votos a favor da revolução foram 6.310.482 (54,85%), enquanto a direita obteve 5.193.839 (45,14%), com uma participação total de 70,32% dos eleitores, a diferença é que nessa eleição, o comparecimento às urnas foi de 66,45%.

A política reformista é a culpada do avanço da direita

O que mais chama a atenção é a derrota do PSUV em redutos importantes, incluindo o estado de Anzoátegui, onde a oposição ganhou 5 deputados, enquanto o PSUV levou apenas 1. A razão para essa derrota não é difícil de encontrar: em todas as lutas dos trabalhadores nesse Estado, incluindo as ocupações de fábricas (Mitsubishi, Vivex, Macusa), o govenador Tarek W. Saab do PSUV, ficou ao lado dos patrões. Não é difícil entender por que a classe trabalhadora de Anzoátegui não aderiu com entusiasmo ao apelo de votar no PSUV nesta eleição.

Vimos algo semelhante em outros lugares, isso de forma alguma demonstra uma baixa consciência política do povo, muito pelo contrário: as massas estão punindo a política reformista que não serve para satisfazer suas necessidades básicas. Estão cansadas de palavras vazias e discursos. Querem ação e medidas práticas para mudar o país e destruir a hegemonia econômica da oligarquia.

Reconciliação nacional?

A burguesia e sua mídia dizem que o radicalismo do presidente deve ser detido, que as expropriações vão acabar com a propriedade privada de todos, que é preciso combater as tentativas de introduzir o comunismo cubano, etc No entanto, dentro das próprias fileiras do PSUV e em alguns ministérios, existem também pessoas que vão fazer tudo o que for possível para influenciar Chávez a deter a marcha para o socialismo.

A burguesia fala em “construção de pontes de diálogo no país”, “reconciliação nacional” e “respeito a um parlamento plural.”

Na verdade, a idéia de “reconciliação” significa que a maioria psuvista deve submeter-se à minoria direitista! Segundo eles, o Parlamento deve legislar com mais “moderação”, ou seja, deve submeter-se aos seus desejos. Incrivelmente eles chamam isso de “democracia”, “pluralismo” e “respeito”. Mas todo revolucionário conhece o caminho destes “democratas” que há apenas oito anos tentaram um sangrento golpe contra o povo e o presidente Chávez.

Como frear o avanço da direita?

O partido deve tirar as conclusões corretas a fim de elevar o nível político da militância do PSUV. Dizer que tivemos uma grande vitória é completamente errado. Ganhamos uma maioria simples na Assembleia, mas a direita aumentou sua participação na votação.

O que vemos é o oposto do que dizem o reformistas, o problema é que a revolução ainda não foi concluída. O verdadeiro problema é que as medidas revolucionárias não são rápidas o suficiente, e isso leva ao esgotamento do chavismo.

Precisamos de uma direção revolucionária que responda às necessidades, aspirações e a consciência revolucionária de nosso povo. Uma direção que utilize essa força e vontade das massas por mudança e leve adiante a construção do socialismo, uma direção que acompanham o companheiro Hugo Chávez na sua luta para desmantelar o Estado burguês e derrubar o capitalismo. Uma direção que não hesite em levar a revolução até o fim.

Os deputados da direita só poderão tomar posse em janeiro, os deputados do PSUV deveriam aprovar agora uma lei que dê poderes ao companheiro Chávez de nacionalizar os setores chaves da economia. Isso geraria um grande entusiasmo na classe trabalhadora e no povo em geral.

Nenhum pacto e diálogo com a direita!
Radicalização da revolução!
Por uma Venezuela Socialista!

http://luchadeclases.org.ve/

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