Zé Dirceu e os Onzes de Setembro

No Brasil setembro é conhecido como o mês da primavera, mas no cenário político mundial representou o primeiro dia de longos invernos na história da humanidade, especialmente o trágico dia 11 de setembro: o assassinato de Allende com o bombardeio do Palácio de la Moneda no golpe militar chileno em 1973 e o atentado terrorista às torres gêmeas do WTC, em NY, no ano de 2001.

No Brasil setembro é conhecido como o mês da primavera, mas no cenário político mundial representou o primeiro dia de longos invernos na história da humanidade, especialmente o trágico dia 11 de setembro: o assassinato de Allende com o bombardeio do Palácio de la Moneda no golpe militar chileno em 1973 e o atentado terrorista às torres gêmeas do WTC, em NY, no ano de 2001.

No dia 12, Zé Dirceu, em seu blog, revisitou os fatos, buscando elucida-los politicamente como aquele que testemunhou a ambos, em uma análise tão inconsistente quanto tentar explicar as privatizações do governo Dilma através da derivação semântica “concessões”.
Ler artigo do Zé em: (http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=16293&Itemid=2)

No subtítulo Zé afirma que “o tempo trouxe a dimensão das duas tragédias” e na sequencia afirma que temos a “exata noção de quão alto preço os dois onze de setembro cobram da humanidade” explicando que as consequências no Chile foram a implantação da sangrenta ditadura de Pinochet e nos EUA foi a justificativa para o recrudescimento externo, que levou às guerras do Afeganistão e Iraque, sem mencionar o “Ato Patriota” que removia direitos constitucionais civis historicamente conquistados pelo povo americano, restringindo as liberdades individuais em nome da “segurança nacional”, ou o faz muito vagamente citando a inauguração de “uma época de violação sistemática dos direitos humanos”.

O texto é breve e não tira as conclusões necessárias de dimensão que o tempo trouxe às tragédias ou qual a exata noção do seu preço, porque analisa suas consequências mais diretas sem deter-se sobre suas causas. O mesmo velho discurso que todo revolucionário autêntico precisou combater, desde Marx até hoje.

A dimensão da primeira tragédia é que a burguesia não é confiável e prefere governar por si mesma a colaborar com o acólito mais leal, principalmente quando este conta com largo apoio popular e poderia utilizá-lo (em curso forçado e em determinada situação especial) para mobilização das massas na direção de transformações sociais que poderiam ir além do que gostaria.

A dimensão da segunda tragédia é que todo imperialismo, quando pode, recrudesce diante de agressões, intensifica seu terrorismo de Estado, principalmente desde que o sistema em sua fase de decadência utiliza parte de suas unidades produtivas na produção de armas e de todo tipo de equipamento bélico, um dos mais lucrativos negócios da época moderna. Mas Zé se recusa a fazer uma crítica ao capitalismo e à crise econômica mundial atual como uma de suas mais profundas crises, preferindo manter o discurso de que o problema são as “políticas neoliberais”, como se pudesse desenvolver um bom capitalismo nacional em um só país ao mesmo tempo em que o sistema desmorona as economias do mundo como se fossem castelos de cartas, como se as guerras não fossem a realização da economia por outros meios na época da barbárie.

Talvez o Zé não tire as consequências da militarização do imperialismo americano porque seria incoerente para ele continuar apoiando o bárbaro e inadmissível comando brasileiro das tropas da MINUSTAH no Haiti, defendidas pelo seu companheiro Genoíno no 4º Congresso do PT, como um “papel civilizatório”, exatamente a expressão que todo imperialista usa para justificar a ocupação com tropas de outra nação soberana.

Zé não se arrisca a criticar a recusa de Allende a mobilizar o povo chileno para defender-se do golpe em 73, se recusa a qualificar a política de conciliação das Frentes Populares como um erro, isso o obrigaria a refletir para onde a conciliação de classes, por ele defendida, está conduzindo o Brasil contemporâneo.

Nós da Esquerda Marxista, não temos dúvida que a tarefa hoje é a ruptura com todos os partidos burgueses, primeira medida que permitiria ao PT governar apoiado na CUT e MST, para trazer as tropas brasileiras de volta ao país e aplicar aqui políticas no interesse da classe trabalhadora, ao invés de exigir que ela pague a conta da crise que não criou. Só com independência de classe e apoiado nas massas mobilizadas o PT poderá dar um giro à esquerda para reverter todas as contrarreformas e medidas pró-capital financeiro, enfrentar a burguesia nativa e o imperialismo para acabar de vez com os 11 de setembro.